05 agosto 2014

«mulher,» - Susana Duarte

dançarás, mulher, uma dança
feita de corpos desejantes,
metáforas dançantes
e feitiçaria.

dançarás, mulher,
sobre os escombros da paixão,
corpos-metáfora
da solidão.

dançarás, feiticeira,
onde os corpos são nada,
e o nada são luzes
ou gárgulas de rocha
levantadas sobre os corpos.

dançarás, mulher,
a dança luzente de estarmos

sós.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Lote de 26 isqueiros

Isqueiros da minha colecção... para manter a chama acesa...

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04 agosto 2014

Cofidis - «Os homens só pensam em sexo»

«uma estátua de pedra» - bagaço amarelo

Lembro-me da caixa de fósforos em cima da toalha vermelha. Não parecia verdadeiramente uma caixa de fósforos. As superfícies ásperas ainda estavam intactas e ladeavam a reprodução de uma pintura naif. Era uma paisagem com um rio e algumas casas coloridas. Assim à primeira vista, podia tratar-se de um objecto de decoração e não de uma caixinha de fósforos.

- Que gira! - disse eu enquanto a observava com a ponta dos meus dedos.

Foi nesse dia que percebi que tinha uma espécie de sexto sentido relativamente a um aspecto muito particular dela. Ainda ia a subir a escada que dava para o terceiro andar onde ela vivia quando tive um calafrio. Cheguei a pensar voltar para trás e desaparecer, mas já tinha tocado à campainha para ela me abrir a porta do prédio. O intercomunicador do edifício tinha-se mantido mudo e o som da fechadura a soltar-se soou-me de uma forma particularmente agressiva. Ela estava com vontade de descarregar uma fúria qualquer em alguém.

- É apenas uma caixa de fósforos. Não tem nada de giro! - respondeu.

Mantive o silêncio. Sentei-me no sofá tentando não fazer ruído nem sequer com o a sola dos sapatos que pareciam querer irritar-me quando tocavam no flutuante da sala. Fiquei a vê-la do lado de fora da varanda, através do cortinado branco como se fosse uma sombra chinesa. Era tão bonita! Mesmo quando fumava cigarros nervosos e se transformava numa sombra era bonita.
Depois entrou e tornou a revelar as cores que lhe davam vida. O vestido vermelho e levemente decotado, o pescoço fino e frágil, o cabelo frisado da cor de mel e uma tatuagem em miniatura que vivia num dos seus braços como um insecto adormecido. Era uma mosca.

- Não trouxeste vinho? - Perguntou
- Pensei que tínhamos combinado jantar fora... - arrisquei.
- Mas não vamos. Não me apetece sair de casa e aqui sinto que não há espaço suficiente para os dois, muito sinceramente.

Levantei-me e dei-lhe um abraço a que ela não correspondeu. Foi a primeira vez na minha vida, aliás, que abracei uma estátua. Dura, de braços caídos e endurecidos, ficou assim enquanto desfiz o nó dos meus braços à volta dela e me afastei lentamente. Vesti o casaco e saí sem uma palavra. Foi nesse momento, graças ao cravo que estava preso ao bolso exterior daquela peça de roupa, que retomei a consciência que era a noite de 24 de Abril.
Foi nessa noite que conheci aquele que é ainda hoje um dos meus melhores amigos. Um homem de esquerda que me viu ao balcão de um bar a tentar afogar violentamente o meu dia num copo de uísque. Aproximou-se e deu-me um cravo novo, como que sugerindo que o meu estava amarrotado. E estava. Era o cravo e era eu, amarrotados pelo simples facto de me sentir apaixonado por uma estátua de pedra.
Contei-lhe a pequena história da minha noite. Às vezes é mais fácil despejar tudo num estranho do que num amigo de todos os dias. Existe a probabilidade de nunca mais o vermos e do nosso desabafo desaparecer com ele, da mesma forma que desaparece um vulto quando vira uma esquina no fundo duma rua. A coisa não durou muito tempo, mas terminou com o meu uísque bebido num só gole.

- Precisava de conseguir não me apaixonar. Era só isso! - pousei o copo.
- As pessoas que não se apaixonam não fazem revoluções. - respondeu.

Levantei os olhos para o mundo. A maior parte das pessoas ali presentes tinha um cravo vermelho reluzente ao peito. Reparei como todas tinham articulações. Os braços e as pernas mexiam-se ao som de músicas contemporâneas da revolução trocando abraços tão suaves quanto genuínos.
Tal como numa revolução, decidi pela primeira vez olhar para o futuro e deixar de Amar estátuas de pedra.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Quem fala merda...

... ouve merda.


Chupa, magrela.

Capinaremos.com

03 agosto 2014

Citizens! - «True Romance»


True Romance - Citizens! from WE ARE FROM L.A on Vimeo.

Postalinho com chaminé

"Esta chaminé, de uma casa em Moura (Alentejo), é um ONVI - Objecto Não Voador Identificado."
PM


Linda vai a noiva


A língua dele a bordar-me espirais num mamilo enquanto dedilhava o outro fazia-me gotejar e, procurar afincadamente apanhar-lhe o animal para o agitar, para lhe garrotear a glande em espasmos, até nas voltas desta dança de acasalamento o conseguir engolir, com o prévio cuidado de o lamber todinho até à linha mediana dos testículos. Ou para abreviarmos caminho senhor Doutor, sempre lhe digo que o homem sabia de preliminares e era bom todos os dias.

Ora acontece que depois de uma conversa com um amigo, tão adúltero e experiente na matéria como ele e, a bem dizer, oitenta por cento da população portuguesa mas, nisso o especialista é o senhor Doutor, não lhe pareceu aconselhável estar comigo não sendo eu casada porque, digo eu, ainda me poderia dar o desejo peregrino de querer ocupar o lugar da legítima para lhe limpar a casa enquanto ele vê os jogos de futebol no computador, para todos os dias lhe preparar a roupinha para o dia seguinte como se faz aos miúdos pequenos, para fingir docemente que não sabia que era encornada amiúde e não lhe pagar da mesma moeda e, para ganhar todas as partes chatas de uma relação.

É que senhor Doutor, com todo o respeito pelo Trio Odemira e por igrejas engalanadas e festas para inglês ver, quero mesmo é a si pedir encarecidamente que me revele qual é a probabilidade estatística de encontrar em Portugal homens com mais de uma vintena de neurónios e que, não obstante, conseguem satisfazer mulheres sexualmente.

Minha vida pós morte



Renan Lima
Dentro da Caveira

31 julho 2014

Desconhecidos despem-se reciprocamente

Lote de 5 medalhas/alfinetes da Idade Média (réplicas)

Amuletos eróticos de finais do séc. XIV - início do século XV. Estes emblemas representam falos e vaginas. Medalhas eróticas como estas parecem ter sido muito populares na Idade Média e, apesar de seu propósito não ser claro, o mais provável talvez tenha sido serem vistos como uma forma de amuleto da sorte. Desde os tempos primitivos acreditava-se que as imagens indecentes ou ridículas atraíam os olhos de espíritos malignos para si mesmas e, portanto, para longe da pessoa vulnerável, ou, talvez, no caso de uma medalha, para longe do utilizador. Os originais, a partir dos quais foram feitas estas réplicas, foram encontradas em Brugge, cidade da Bélgica. Feitas a partir de estanho sem chumbo.

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E para as feias?