14 agosto 2019

Postalinho do Caminho de Assis - 5

"Supermercado da... Itália."
Lurdes e Antonino



Havemos de fornicar juntos

Esta noite acordei com um pesadelo tenebroso. O José Luís Peixoto estava a editar os meus textos. Garanto-vos que acordei com urticária psicossomática e uma camada de nervos tão grande que a insónia se prolongou manhã adentro. Para me entreter durante a insónia, comecei a pensar que se o Bocage e o José Luís Peixoto fossem um só, haviam de ter escrito textículos de profunda sensibilidade que se tornariam numa epopeia de exaltação nacional envolta numa carapaça estilística mais dura que o meu bacamarte. E se o Bocage e o José Luís Peixoto fossem um só, teriam escrito coisinhas lindas assim:

Havemos de fornicar juntos.

Normalmente, toda a gente está demasiado preocupada em colocar a sua barra na "cliente seguinte", estão ansiosos, nervosos, têm medo que aquele que está à frente lhes leve os pares de mamas, têm medo de encontrar um vestígio daquele que foi primeiro. Enquanto não lhes arrancam as cuecas e espetam a sua estaca, não descansam. Depois, não descansam também, inventam outras maneiras de distrair-se com quem pode vir a seguir a eles. É por isso que poucos chegam a aperceber-se de que a verdadeira imagem do amor acontece num momento muito delicado, naqueles segundos em que um está a pôr a lentrisca em riste para fora e o outro se está a preparar para alojá-la na senisga.

As canções e os poemas ignoram isto. Elevam campos, abraços, o pôr do sol, falésias, jardins, estrelas no céu, a magia de ver os aviões, trastes de guitarras, mas esse momento específico, com ela de cuecas no meio das pernas a tremelicar, tal a sofreguidão de o meter, que antecede o momento de arrombar pela primeira vez a pachacha de uma mulher é ignorado ostensivamente por todos os cantores e poetas românticos do mundo. Bem sei que há a crueza das palmadas que se seguem, há o barulho infernal de quem está a levar uma bem dada, gemidos histéricos, ai-ai-ai Patife, que me arrebentas as bordas da chona, há o barulho dos meus taurinos tomates a embater nas nádegas, arranhões e apertos, todo um manancial de ordinarice que passa pela cabeça e que apetece fazer a seguir, a noção de que depois seremos dois estranhos que não voltarão a tocar-se. Mas tudo isso, à volta, num plano secundário, só deveria servir para elevar mais ainda a grandeza daquele momento.

É muito fácil confundir o banal com o precioso quando surgem simultâneos e quase sobrepostos. Essa é uma das mil razões que confirma a necessidade da experiência. Foder é muito diferente de ver foder. Pelos olhos passam-nos as fodas que escolhemos uma a uma e os instantes futuros que tememos que se sucedessem com essa escolha: quando a seguir ela estiver a tentar ligar sofregamente vezes sem conta, a perguntar por que não saímos novamente, a querer saber qual foi o problema-parecia-estar-tudo-bem, é que pinámos uma vez e agora parece que temos logo de tomar o pequeno-almoço, pôr roupa suja na máquina, lavar os dentes juntos, refletidos pelo mesmo espelho, em vez de estarem com a boca cheia da minha generosa meita, a comunicar por palavras de sílabas imperfeitas, como se tivessem ficado com uma deficiência na fala depois de ter o meu Pacheco na boca.

As canções e os poemas ignoram tanto acerca de pinar. Como se explica, por exemplo, que não falem da quantidade de quecas que devemos dar? Não há explicação. Amor também é pinar por aí afora, sem freios nem espartilhos sociais, é brincar com a arbitrariedade e aprender com as pinadas menos boas. Talvez seja uma queca épica, talvez seja uma desgraça, não importa. Mamas são mamas e não haverá televisão alguma que me distraia daquilo. Se me virarem o rabo também serve.

Havemos de fornicar juntos, esse era o nosso sonho. E quando era assim estava tudo bem. Há alguns anos, depois de perder um sonho assim, precisamente porque fornicámos, pensaria que me restava continuar a fornicar por aí. Agora, neste tempo, acredito que me resta fornicar ainda mais.

Patife
@FF_Patife no Twitter

13 agosto 2019

«Acceptance Street» (Rua da Aceitação)



Mulher-tartaruga

Mulher deitada com carapaça de tartaruga, em porcelana não vidrada e com vestígios de pintura. Levantando a carapaça, vê-se o rabiosque.
Da mesma série da mulher-caracol (APS1660) para a sexão de Mecanismos e Segredos da minha colecção.






A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook.

11 agosto 2019

O fundo Baú - 28

O baú que deu início à colecção de
arte erótica «a funda São»






Em 20 de Abril de 2004, foram publicados os primeiros postalinhos, de muitas centenas que as visitas e os visitos do blog me têm enviado de todo o mundo.

Será que alguém fura as orelhas para pôr pilhas?!... Ou os vibradores têm orelhas?!... Estou mais confusa que o Matrix...
Na Madeira há qualidade no atendimento ao turista.

Cá está alguém que fura as orelhas, não para pôr pilhas, mas sim para segurar as mamas!
Na Madeira não há complexos colonialistas.

Ex-voto 32


10 agosto 2019

«Desafinações» - Fernando Gomes

Quando o violoncelo foi à viola, armou-se o baile. Em menos de um tempo, as coisas ficaram com fusas. A flauta levou na corneta, o trompete levou nos cornes, o oboé levou nas trompas, foram aos fagotes à tuba, o sax alto foi-se abaixo e o clarinete fez um cromatismo craniano. A batuta ainda tentou acertar o compasso, mas foi corrida a toque de caixa e gritos de filha da pauta. A marimba, como é seu timbre, não deu a mínima para o desconcerto final.

Fernando Gomes

Emanuelle

Jogo de 1986 da Intercol com 54 cartas de transformação (os símbolos dos naipes integram-se no desenho erótico de cada carta) com arte de Patrick Cuenot.
Inclui instruções e uma carta especial ás de espadas.
Mais um jogo de cartas para a minha colecção.











A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook.

09 agosto 2019

Sabes o que é "Bestial"?

O DiciOrdinário ilusTarado explica:

Bestial - expressão de regozijo de quem faz sexo com animais.


Faz a tua encomenda aqui.
Se quiseres, basta mencionares no formulário e posso enviar-te o DiciOrdinário com uma dedicatória.


Postalinho de Ançã... e não são bolos!

"Pega lá fotos de azulejos no rodapé de uma capela lateral na igreja de Ançã.
Não são nada beatos e a razão deve-se ao facto de, diz-se, estes azulejos terem sido retirados do palácio de S. Marcos. Estão bem escondidos detrás dos bancos."
Lurdes Antonina