A minha cama é de linho. Explico melhor. Gosto de dormir em lençóis de linho, dão-me conforto, trazem-me ao sono os sonhos que desejo. Herdados ou oferecidos, tenho-os também com monograma, gravados com letras desusadas. São meus, parece ser a mensagem que transmitem. Alguns têm já anos e corpos a mais. Naquela noite ela estava excessivamente possessiva. As suas pernas entrelaçaram-me ainda o meu torso não havia tocado a cama. Agarrou-se a mim como se fosse a sua presa, devorando-me em sofreguidão inconsciente. As suas mãos cravaram-se-me nas costas violentamente, deixando no linho marcas de sangue. Do meu e do seu corpo. Não a culpei pela decisão de me desfazer daquele tecido condenado a uma mancha eterna. Levou com ela os restos de uma noite e de um lençol e evitei que regressasse ao leito onde me havia marcado e deixado a sua marca. Há dias, ao passar numa das ruas da cidade, vejo-a a sair de um restaurante, trajando um top justo em linho e com um monograma meu conhecido.
Não vi vestígios de sangue, mas o olhar que me lançou menstruava malícia.
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Uma por dia tira a azia