A boca em movimento estala, ucha e rebenta a pressa da outra. Os lábios trinam, saltam e desmaiam, intempestivamente. A língua contra a língua, feroz, prenha de águas ágeis desafiando toda uma liberdade que nada respeita e tudo fermenta. E estoiram-se as bocas em cada perpasso; o alamar de um céu jamais saciado, e quanto mais ágil é a sede mais corresponde o destino à forma agressiva e violenta do desejo.
Luísa Demétrio Raposo
**Egon Shiele
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