Era um belo rapaz, de olhos negros profundos, corpo atlético e elegante, cabelos negros de azeviche.
A noiva, Marta, era também uma belíssima mulher que aconchegava o corpo sinuoso ao Pedro como que ambos antevendo com impaciência o momento em que enfim sós dariam largas ao seu amor.
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Dois meses passados, a Marta confidenciou à mãe que ainda não tinha acontecido nada.
A mãe nem queria acreditar. Sabia que o Pedro sempre fora um rapaz muito caseiro, nunca tinha ido a discotecas, nunca tinha namorado com mais ninguém senão com a sua filha.
Mas, que diabo, ao fim de dois meses de casado ainda não ter feito amor com a mulher era demais!
«Cuidado com o cão» Casota de cão em barro pintado, com surpresa Caldas da Rainha Colecção de arte erótica «a funda São» |
- Olha lá Pedro, tu não gostas da Marta?
- Eu amo-a mais que tudo na vida!
- E o que é que lhe tens feito durante estes dois meses de casados?
- Eu trato-a bem, chamo-lhe meu amor, ajudo-a a arrumar a casa...
- Está bem, está bem...mas objectivamente o que é que lhe tens feito a ela pessoalmente?
- Eu dou-lhe muitos beijos, compro-lhe chocolates, levo-a a passear, vamos jantar a restaurantes românticos, durmo abraçado a ela, encho-a de carinhos.. .
- E o resto, homem? E o resto?
- Qual resto? Não estou a perceber...
- Oh homem, o casamento não é só isso. O homem e a mulher têm de fazer outras coisas muito mais importantes. Tu já viste os cães na rua, como eles fazem?
- Os cães? Sim, acho que sei o que eles fazem...
- Então faz isso com a tua mulher Pedro! Que raio, faz como os cães, homem!
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Uma semana depois a mãe perguntou à Marta:
- Então, filha, como vão as coisas, agora, depois da conversa que o teu pai teve com o Pedro?
- Oh mãe, está tudo na mesma. Nada...
- Na mesma? Será possível?
A Marta, acrescentou:
- Bem, exactamente na mesma, não se pode dizer...
Ele agora põe-se por cima de mim, rosna-me e lambe-me toda antes de se virar para o lado e adormecer...
Rui Felício
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