30 abril 2017

«depósito» - bagaço amarelo

É quase pornográfico, isto que eu vou dizer, mas em certa medida um bar é como um banco. Num banco depositamos o nosso dinheiro, num bar depositamos a nossa vida. E agora que disse isto, sem dúvida que um bar é muito mais importante do que um banco qualquer.
E então decobri o meu banco preferido pouco tempo depois de chegar a este país. Chama-se Elite e fica numa esquina esquecida dum bairro em Mladost. É frequentado maioritariamente por pessoas de idade avançada que nunca souberam parar de beber, basicamente porque também nunca souberam como parar de viver. Esse é um dos problemas da vida, disse-me uma vez um velhote a tentar manter-se em pé com a ajuda do balcão. O que fazer da vida quando a idade no corpo fugiu à juventude da alma? E riu-se. Depois brindou comigo e calou-se, como se o silêncio fosse quem o melhor podia compreender naquele momento. E então pus-lhe a mão no ombro, porque também eu o compreendia.
O primeiro depósito que fiz foi sobre a saudade, essa palavra tão portuguesa e tão minha. A dona abriu conta em meu nome e ouviu-me a falar sobre a minha filha, a minha mãe e alguns amigos. Como é que vai pagar? Perguntou-me ela. Bebendo um uísque, respondi. E pagámos a meias, com um copo de Bushmills cada um.
Talvez seja difícil explicar a fininha lâminha de dor que corta continuamente a alma de quem decidiu emigrar, mas isso não é importante. Também há coisas boas, tão boas que não precisamos de juros pelos depósitos que vamos fazendo aqui e ali. Uma delas chama-se descoberta. Partimos do zero e vamo-nos descobrindo a nós mesmos à medida que fazemos novos amigos. É como se tivéssemos feito um reset à vida e nascido de novo. Podemos caminhar na avenida mais movimentada da cidade sem sermos reconhecidos por ninguém, parar para procurar a Lua entre o topo dos edifícios e inspirar fundo para absorver tudo duma vez. É o tempo à nossa disposição. Totalmente.
E então sentei-me sozinho na esplanada do banco. Do outro lado da rua, alguns homens bêbados urinavam entre os contentores do lixo, observados pelos velhos e grandes edifícios que ameaçavam ruir a qualquer momento. Um homem caiu no meio da rua e corri para o ajudar a levantar-se. Com a ajuda de mais alguns transeuntes, sentei-o numa cadeira. Quando voltei ao meu lugar a S. encostou a cabeça no meu ombro. Perdi o contacto visual com ela, mas sentia os seus cabelos longos a beijar-me o queixo.
Não lhe disse nada. Tal como numa bebedeira, o silêncio era quem melhor me podia compreender. É assim que se vive, depositando os dias num ou noutro copo até alguém encostar a cabeça no nosso ombro. Tão fácil... e eu nunca o tinha percebido.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«O Google Street View das mulheres»

Postalinho ora ponha aqui, ora ponha aqui a sua mãozinha


Vê lá se fazes uma chuva dourada a ti próprio


Ah... Sábado de manhã e já estou levantado! Ai não, é só o meu Pacheco. Lá vou ter eu de mijar a fazer o pino outra vez.

Patife
@FF_Patife no Twitter

29 abril 2017

Postalinho marítimo 3

"«Varina», desenho a lápis sobre papel de João Carlos Celestino Gomes, 1941, no Museu Erótico... digo, Marítimo de Ílhavo."
Paulo M.





«Infidelidades» - por Rui Felício

«As guerras do esperma - infidelidade,
conflitos sexuais e outras batalhas na cama»
Ensaio de Robin Baker, Colecção Outras Obras,
Editora Veja, Lisboa, 1ª edição, 1996
Colecção de arte erótica «a funda São»
O João estava cheio de remorsos! Tinha traído a sua mulher, Sandra e, arrependido, tinha que lhe contar e pedir perdão pelo momento de loucura que o tinha levado a dar o passo em falso.
Ia ser difícil. Andava há uns dias a ganhar coragem para lhe confessar a traição com a vizinha de cima.
Finalmente decidiu-se. Entrou, cabisbaixo na cozinha onde ela preparava o jantar e disse-lhe:
- Meu amor tenho de te confessar uma coisa. Dormi uma vez com a Isabel, nossa vizinha.
- E eu também ando há tempos para te confessar uma coisa, João! Ao longo da minha vida fui para a cama com 20 homens, contando contigo, disse-lhe a Sandra.
O João atalhou de imediato dizendo-lhe que não queria saber do passado dela. Que lhe importava ter sido o vigésimo homem da sua vida, se ela era o amor da vida dele?
A Sandra, esclareceu-o:
- Não, João! Tu foste o 19º... o vigésimo foi o Filipe, marido da nossa amiga Dulce...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Um sábado qualquer... - «Cães e Gatos – Constrangimentos»



Um sábado qualquer...

28 abril 2017

«Autocorrect»

"Autocorreção" mostra uma troca de SMS entre dois rapazes universitários. Usa o recurso de autocorreção em smartphones para destacar a diferença entre o que dizemos e o que queremos dizer quando falamos de estupro.

Gesso mole


Luís Gaspar lê «Folhas de Rosa» de Florbela Espanca

Todas as prendas que me deste, um dia,
Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol.
Eu vou falar com elas em segredo…

E falo-lhes d’amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente…
Pouco a pouco o perfume do outrora
Flutua em volta delas, docemente…

Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m’embriaga

O espelho de prata cinzelada,
A doce oferta que eu amava tanto,
Que reflectia outrora tantos risos,
E agora reflecte apenas pranto.

Florbela Espanca
Florbela Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 — Matosinhos, 8 de Dezembro de 1930), batizada como Flor Bela de Alma da Conceição Espanca, é uma conhecida e popular poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas trinta e seis anos, foi tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotismo, feminilidade e panteísmo.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

#vozes - Ruim

Diário de um esquizofrénico com múltiplas personalidades:
"Terça-feira, dia 3 de Janeiro. Conhecemos uma rapariga no café. Chama-se Susana. Loira, alta e super divertida. Sentimo-nos nós mesmos com ela. Combinámos outro café..."
"Quinta-feira, dia 5 de Janeiro. Alguém anda a escrever no meu diário! Perguntei a todos e ninguém se acusou. Tenho de investigar isto..."
"Sexta-feira, dia 6 de Janeiro. Uma vaca qualquer anda a enviar-nos mensagens e não é para nenhum de nós. Das duas uma: ou um de nós anda a pular a cerca sem os outros saberem ou esta gaja é maluca! Se é para um, é para todos, f#da-se!"
"Domingo, dia 8 de Janeiro. Conheci um rapaz no café. Chama-se Carlos e parece gostar de raparigas loiras e altas. Sinto-me eu mesma perto dele. Enviei-lhe uma mensagem para agendarmos outro café, mas ele ainda não respondeu!"
"Segunda, dia 9 de Janeiro. Respondi à mensagem da gaja a ver o que ela quer e enviou-me uma mensagem exactamente igual. Se é para aturar malucos, não contem connosco. Preferimos estar sozinhos uns com os outros!"

Ruim
no facebook

27 abril 2017

Postalinho marítimo 2

"«Ondina», estátua em gesso patinado de João Carlos Celestino Gomes, no Museu Erótico... digo, Marítimo de Ílhavo."
Paulo M.






«Bawdy Barrack-Room Ballads»

Disco (LP) em vinil da Hallmark (Grã-Bretanha, 1971) com música de caserna malandreca.
Junta-se a muita e diversa música na minha colecção.
Faixas: 1 The Good Ship Venus; 2 Rim Ram Roo; 3 A German Officer; 4 The Ball Of Kirriemuir; 5 My Bonnie; 6 They Say That The Army; 7 In Mobile; 8 Mademoiselle From Armentieres; 9 Roll Me Over; 10 There Was An Old Sergeant; 11 The Quatermaster´s Stores; 12 Tell Us Another One










A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

«Aline – Frango assado» - Adão Iturrusgarai


25 abril 2017

Avante, camaradas!


Mulheres despem-se em protesto contra proibição de fazer "topless"

A luta continua!

Sharkinho
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«Projeto Mulheres» - Carol Rossetti - 87

O livro «Mulheres - retratos de respeito, amor-próprio, direitos e dignidade», de Carol Rossetti, está em venda em Portugal, editado pela Saída de Emergência.







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Cabeça de dragão e língua fálica

Peça em bronze proveniente da China, que terá servido como um dos pés de um móvel?
A peça tem incrustado, num dos topos (cabeça do dragão), um encaixe em madeira com orifícios de fixação. O outro extremo tem sinais de desgaste, dando a entender ter sido usada como pé de um móvel.
Agora... está na minha colecção.
















A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

24 abril 2017

Uniqlo - «Soutien sem armação de arame»


Uniqlo Wireless Bra from Droga5 Uniqlo SS17 on Vimeo.

Modernices!...

Crica para veres toda a história
Zurp!


2 páginas

(cricar em «next page»)

«Dicas sobre a profissão para a mulherada» - Cláudia de Marchi

Sabe, ainda hoje uma bela jovem que pretende ser acompanhante aqui me contatou. Vou lhes ser sincera, em que pese pareça rude, mas não curto qualquer mulher deste oficio que me procura. Acho péssimo a tal da cara de puta. Como eu sempre disse: putice a gente pratica entre quatro paredes e preferencialmente a dois! Não precisa ter escrito na testa, nas roupas, na postura, nas caras e bocas, no make, no biotipo, não!
Bem, adorei a ilustre desconhecida que me apresentou duvidas acerca das “situações de risco” da profissão, se existem, quando e como. Gente, ser mulher numa sociedade machista é uma situação de risco constante, mas, na profissão é só agir com maturidade, classe e apreço por si mesma. Ou seja, não pela grana: enfim, existirão homens convidando pra despedida de solteiro- um bando de macho louco pra encher a cara-, existirão festas em iates e lanchas no lago e por aí afora! Eu não vou. Paguem-me o quanto pagarem, eu não vou onde existem vários homens reunidos. Não vou nem em festas a trabalho. A exceção de bailes e jantares muitíssimo requintados acompanhando um cliente. Um único.
Quer me contratar? ALUGUE UM QUARTO DE HOTEL. Me leve a um BOM MOTEL. Venha até o meu ambiente. Eu não vou a local algum que não sejam esses, logo, corro menos riscos do que corria quando era professora e saia à noite com amigas, bebia e conversava com estranhos, por exemplo! Entenderam? Recato na sociedade (da sociedade) e devassidão na cama são OS CERNES DA SIMONE STEFFANI.
Riso frouxo, bom humor e etc.? Isso eu ainda tenho da “profe. Cláudia”, mas a discrição aumentou muito mais. Quando você não é prostituta de luxo, você não precisa se preocupar em “não parecer” uma, quando você é, TUDO O QUE VOCÊ DEVE FAZER É NÃO QUERER PARECER-SE COM UMA! Entendido!? A bela jovem entendeu. E concordou.
Sair? Shopping, restaurantes, cinema, bar com amigo do peito. Fora isso? Casa, livros e seriados! (Aliás, ontem ganhei do meu doce cliente um receptor de netflix para a TV! Espero que semana que vem eu instale!). Enfim, se desfaçam do estigma que acompanhante age como puta, sai com qualquer um e etc.. Talvez as outras, eu não. Mas eu tenho múltiplos orgasmos COM OS CLIENTES AFORTUNADOS QUE ATENDO, e as demais, será que têm também, ou fazem só pelo vil metal? Não vem ao caso, claro, a questão é que com cada cliente que me acha "chata", porque dispenso, elas lucram, mas eu não nutro nenhum arrependimento por isso e continuarei sendo assim, pois é assim que este trabalho me satisfaz, LITERALMENTE, e me faz feliz, muito feliz!
(Bah, hoje vieram tentar me colocar medo da atitude das meninas concorrentes, se acaso vocês me lerem, prezadas ilustres desconhecidas, leiam este post (print de post) abaixo! A gente não precisa competir mulherada, a gente não pode é aceitar essa cultura machista que nos faz rivalizar! “Tem pra todas” e sempre terá!



Simone Steffani - acompanhante de alto luxo!

Postalinho dos filósofos

"Os filósofos são danados para a brincadeira..."
Paulo M.


23 abril 2017

«conversa 2180» - bagaço amarelo





Ela - Eu, normalmente, prefiro sexo com a luz apagada. É um dos problemas que tenho com o meu marido...
Eu - E se for durante o dia?
Ela - Fecho a persiana.
Eu - Não percebo. Não queres que ele veja exactamente o quê?
Ela - Não o quero é ver a ele.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»