Guardei-as, meu encanto, quase a medo,
E quando a noite espreita o pôr-do-sol.
Eu vou falar com elas em segredo…
E falo-lhes d’amores e de ilusões,
Choro e rio com elas, mansamente…
Pouco a pouco o perfume do outrora
Flutua em volta delas, docemente…
Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga,
Uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m’embriaga
O espelho de prata cinzelada,
A doce oferta que eu amava tanto,
Que reflectia outrora tantos risos,
E agora reflecte apenas pranto.
Florbela Espanca
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
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Uma por dia tira a azia