Certo dia, uma apareceu-me à porta de casa pelas oito da noite, supostamente “pronta para jantar”. Diz que combinámos há um mês. Como sou daquele tipo de gajo que não se lembra de quem comeu ontem, não estranhei muito o facto de não me lembrar de ter combinado um jantar com esta magana. Não costumo ter por hábito marcar jantares com tanto tempo de antecedência, por isso ainda indaguei: "Tens a certeza que foi para hoje que marcámos? Não estava propriamente a contar com isto hoje...”. Mas ela responde toda empertigada e com uma convicção inaudita: “Tenho, sim! Além disso, já estou aprontada, perfumada e estou com fome. Se não te lembras, agora vais ter de enfiar o barrete.” Pensei em responder-lhe: "Oh filha, mais depressa vou ter de te enfiar o barrote", mas guardei o trocadilho para mais tarde e saímos para jantar. “Onde me vais levar?", pergunta cheia de entusiasmo e esperança de ir a um restaurante digno do seu aprumo visual. Dado que não marquei restaurante, mais depressa a levava para a cama. Mas esta é daquelas que não dá a chona sem ter uma refeição no bucho primeiro. Imagino-a a desabafar com as amigas: “Abri as pernas sim, mas foi depois de um jantar no Palácio Chiado. O que é que eu podia fazer?”. Se não considerasse a prostituição uma espécie de fazer batota no jogo da sedução, saía-me mais barato. Mas jogo com respeito e sem atalhos fáceis nesta maravilhosa aventura da sedução, primando pela arte da caça. Contudo, caço-as mas é pura caça recreativa. Não quero ficar com elas e levá-las para casa. Nem tão pouco exibir a sua pachacha por cima da lareira, como troféu de caça. Depois de caçadas, liberto-as e solto-as de volta para o seu habitat natural de dengosice idealista. E trato-as muito bem. Quando não me pedem que as trate mal. Agora se há coisa que o Patife não faz, é fazer das tipas coração.
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Uma por dia tira a azia