03 novembro 2022

«Do entardecer» - António F. de Pina



Há crepúsculos inexplicáveis que se abrem
Aromatizando os dedos doces da lua cheia
Numa envolvência quase natural quase dor
Empalidecendo as artérias vivas da noite.

Não basta o matinal despontar de um sorriso
Não basta o olhar imperativo da ternura.
Há que plantar lírios e delírios no crepúsculo
Onde a nudez pura se assoma quase poema
Em todos os horizontes onde o Sol é plano
E a lua é nova e a noite é cega quando acesa.

Quero-te de corpo inteiro de um só trago
Em todos os jardins onde se inicia a Primavera
Para que se tornem tão reais como nós somos.

© todos os direitos reservados

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia