01 novembro 2022

Luís Gaspar lê «Tanto tempo sem nós», poema de Samuel Costa Velho


Deu tempo para lembrar tudo
enquanto o meu corpo embatia no chão.

Desde o primeiro olhar fresco que trocámos
até à ausência mútua,
revivi e desvivi, nesse instante.
Com os ossos a desistirem de resistir ao encontro
[com o chão suave que me abraçava
[e a dor/prazer/tu a começar a sentir-se.
Morri aos pedaços quando a queda acabou, quando
[todo eu me apaguei contra o teu peito.
[Deu tempo para um pensamento.

O amor ou a tua mão, pergunto-me com qual
[me abandonaste primeiro.

Samuel Costa Velho
Samuel Costa Velho nasceu em Lisboa, em 1984. Sempre viveu uma dualidade entre o rural, por influência familiar, e o urbano, por obrigações habitacionais. Durante anos oscilou entre esses dois espaços, chegando a viver no Minho. Também por aí se possa justificar a escolha do seu curso superior, Antropologia, uma tentativa de aprofundar o conhecimento do outro.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

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