24 fevereiro 2020

«A almofada» - Mário Lima

Entram no armazém. Por todo lado, artigos de toda a forma e feitio ocupam o espaço. Num saco, ela levava um edredão e uma almofada. Duas seriam demais. No meio daquela confusão, vão criando um espaço íntimo.

Estendem o edredão, e vão colocando pequenas velas tealights nos locais superiores para darem um ar romântico ao local. Apagam a luz do armazém e, à luz das velas, deitados, dão lugar ao amor. A roupa aos poucos vai deixando de existir, desnudam-se os corpos. O amor é total. A luz mortiça das velas incendeia-lhes a paixão. Tudo vale no amor.

Gotículas de suor caem do corpo dele sobre o dela. Encostada à parede, ele percorre cada curva do seu corpo e, ali, sente-a estremecer de volúpia, como querendo que aquele momento não tivesse fim.

Voltam a deitar-se no edredão e continuam o jogo do amor.

Não sabem a quantidade de vezes que atingem o clímax, nunca parecem saciados

O calor era imenso, a almofada já molhada de tanto suor, estava ali a mais. Ela pega nela e atira-a para cima dos artigos armazenados.

Abraçados, extenuados, descansam de tanta luxúria. Quase que adormecem, mas um cheiro a queimado começa a fazer-se sentir. Olham para o lugar para onde ela tinha atirado a almofada. Estava a começar a arder. Sorriram por tão insólita situação. A almofada tinha caído junto a uma das velas.

Apagaram o pequeno incêndio, voltaram a deitar-se e adormeceram profundamente.

Mário Lima
Blog Sons no silêncio
Blog O sonhador


Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia