05 janeiro 2005
Refúgio
Afasto todos os outros pensamentos
Excepto o da tua mão
Percorrendo o meu corpo
Apaziguando-o
Pacificando-me
Adormeço assim fechada no gesto
Entre as tuas mãos
Encandescente
O OrCa ode-a como já há algum tempo não a odia (mas uma vez por mês sempre é melhor que uma vez por ano).
Com as minhas homenagens à Encandescente:
Deixa-me ser
Por momentos
A mão em pensamento que o teu sonho evoca
Deixa-me percorrer-te o corpo nessa urgência
Em que eu imagino o que essa mão toca
Deixa-me ser teu
Intensa
Ardentemente
Com essa intensidade
De gritar quase louca
Por ser a minha mão em ânsias reticente
Que muito docemente o teu sonho invoca.
OrCa
O chouriço do talho
Sempre que ia ao talho, Manela, digo-te eu, que pedisse eu o que pedisse, bifes, costeletas de borrego, lombo para assar, recebia sempre um brinde . Ele era um chouriço, uma farinheira e até uma espetada.
Esse facto, associado ao sorriso fixo e de orelha a orelha do homem do talho, levou-me a concluir que o negócio dele era mesmo carne. Não a do talho, mas a minha.
E lá acabámos na cama. Quando ele se despiu, ai Manela, se eu tivesse tomates tinham-me caído ali mesmo. O pénis dele era enorme, tão grande que só pensei que queria ter ali uma máquina fotográfica para depois te mostrar e não supores que eu estava a mentir. Mas nessa falta, lá fui engolindo o meu espanto por aquele coiso que até de diâmetro só me fazia lembrar um vulcão.
A perspectiva de fazer este cozido nas furnas afigurava-se um grande problema e tão maior quanto ele se erguia como a tromba do elefante do Jardim Zoológico, para recolher as moedinhas. Mas as coisas lá encaixaram e fomos repetindo, como na canção das Doce, às várias horas da manhã.
Até que o vulcão explodiu e me abalou as estruturas todas. Lembrei-me das Doce e especialmente da Laura, quando me vi nas urgências do Santa Maria rodeada de senhoras que aguardavam que os seus lulus perdessem o efeito de vácuo e uma parafernália de rostos esperava cuidados básicos que permitissem a saída de garrafas, chapéus de chuva desdobráveis, busca-pólos e até, imagina tu Manela, facas de cabo de madeira redondo.
Esse facto, associado ao sorriso fixo e de orelha a orelha do homem do talho, levou-me a concluir que o negócio dele era mesmo carne. Não a do talho, mas a minha.
E lá acabámos na cama. Quando ele se despiu, ai Manela, se eu tivesse tomates tinham-me caído ali mesmo. O pénis dele era enorme, tão grande que só pensei que queria ter ali uma máquina fotográfica para depois te mostrar e não supores que eu estava a mentir. Mas nessa falta, lá fui engolindo o meu espanto por aquele coiso que até de diâmetro só me fazia lembrar um vulcão.
A perspectiva de fazer este cozido nas furnas afigurava-se um grande problema e tão maior quanto ele se erguia como a tromba do elefante do Jardim Zoológico, para recolher as moedinhas. Mas as coisas lá encaixaram e fomos repetindo, como na canção das Doce, às várias horas da manhã.
Até que o vulcão explodiu e me abalou as estruturas todas. Lembrei-me das Doce e especialmente da Laura, quando me vi nas urgências do Santa Maria rodeada de senhoras que aguardavam que os seus lulus perdessem o efeito de vácuo e uma parafernália de rostos esperava cuidados básicos que permitissem a saída de garrafas, chapéus de chuva desdobráveis, busca-pólos e até, imagina tu Manela, facas de cabo de madeira redondo.
04 janeiro 2005
Odes no brejo - Lábios de mar
Cada poro do teu corpo
Semáforo dos meus desejos
Cobri-lo-ia de beijos
Inefável criatura
Em teus lábios tocaria
Ao de leve a comissura
Desse mosto de teu ser
A saber de ti o gosto
Como eu gosto!...
E que desgosto
Os outros lábios não ter
Por te não ter minha a gosto
Nem ter de ti o sabor
De te saber maresia
Ah
Se eu pudesse eu iria
Pela rua do teu corpo
Pelas ondas do teu mar
Deixa-me ser o veleiro
Fazer do teu corpo o porto
Onde aporte o meu penar.
Semáforo dos meus desejos
Cobri-lo-ia de beijos
Inefável criatura
Em teus lábios tocaria
Ao de leve a comissura
Desse mosto de teu ser
A saber de ti o gosto
Como eu gosto!...
E que desgosto
Os outros lábios não ter
Por te não ter minha a gosto
Nem ter de ti o sabor
De te saber maresia
Ah
Se eu pudesse eu iria
Pela rua do teu corpo
Pelas ondas do teu mar
Deixa-me ser o veleiro
Fazer do teu corpo o porto
Onde aporte o meu penar.
Cisterna da Gotinha
Tongue Joy: Vibração oral garantida!!
Masturbação: pela paz...... por uma boa causa...
Peluche: para o vibrador... fica quentinho, protegido das poeiras e até serve para decorar a prateleira do móvel da sala aonde recebem os sogros...
CameraMan: em busca de imagens mais interessantes!
Vídeo: para quem tem saudades do Verão.
Meninas: por ordem alfabética... ainda procurei por lá a São Rosas mas o nome mais parecido que encontrei foi a Roseleena Blair que é a menina deitada na praia na foto ali ao lado... mas a São Rosas é bem mais bonita!!!
Masturbação: pela paz...... por uma boa causa...
Peluche: para o vibrador... fica quentinho, protegido das poeiras e até serve para decorar a prateleira do móvel da sala aonde recebem os sogros...
CameraMan: em busca de imagens mais interessantes!
Vídeo: para quem tem saudades do Verão.
Meninas: por ordem alfabética... ainda procurei por lá a São Rosas mas o nome mais parecido que encontrei foi a Roseleena Blair que é a menina deitada na praia na foto ali ao lado... mas a São Rosas é bem mais bonita!!!
Bujões, ralos, fossas e outros alvéolos
O João Mãos de Tesoura fez uma observação e pediu a nossa opinião:
"Porque será que todas as mulheres - solteiras, casadas, divorciadas, viúvas - dizem sempre «Vem-me aonde ninguém me veio ...»? Esta é porventura a maior mentira da humanidade. Concordas?"
Caro João Pirilau Esfarrapadinho, sinceramente eu prefiro sem cordas. Com cordas fico aterrorizada... e sou bem capaz de fazer chichi na cama.... e isso não é nada erótico... a não ser para os adeptos e praticantes de chuva dourada... o que não é o meu caso, que prefiro bem mais o linguado na brasa (hmmm...) à dourada...
Mas leiamos ambos o que diz a nossa cumunidade:
Zapa - A minha ex-namorada disse o mesmo e depois foi sempre a bombar...
Pintelho - Epá... depende das mulheres. Eu só acredito se forem virgens, e se souber que são mesmo virgens, porque a do "sou virgem" é provavelmente a 2ª maior mentira;
Mergulhador - Mentira por Mentira prefiro a célebre "Deixa meter só a cabecinha...";
Tiko Woods - Pior, mas mesmo muito pior é quando dizem :"Ai, aí não! Só o meu marido";
Alguém - Pior, mas mesmo muito pior, é quando eles dizem: "É a 1ª vez que traio a minha mulher!";
Não Vou Por Aí - Segundo o dicionário, veio, mecânicamente falando, é um eixo de metal que serve para transmitir o movimento das máquinas. Será que ela... era ele?!
O resto da malta diz que isto é mentira... que nunca se diz. Pode nunca se dizer, mas que às vezes se ouve, ouve
"Porque será que todas as mulheres - solteiras, casadas, divorciadas, viúvas - dizem sempre «Vem-me aonde ninguém me veio ...»? Esta é porventura a maior mentira da humanidade. Concordas?"
Caro João Pirilau Esfarrapadinho, sinceramente eu prefiro sem cordas. Com cordas fico aterrorizada... e sou bem capaz de fazer chichi na cama.... e isso não é nada erótico... a não ser para os adeptos e praticantes de chuva dourada... o que não é o meu caso, que prefiro bem mais o linguado na brasa (hmmm...) à dourada...
Mas leiamos ambos o que diz a nossa cumunidade:
Zapa - A minha ex-namorada disse o mesmo e depois foi sempre a bombar...
Pintelho - Epá... depende das mulheres. Eu só acredito se forem virgens, e se souber que são mesmo virgens, porque a do "sou virgem" é provavelmente a 2ª maior mentira;
Mergulhador - Mentira por Mentira prefiro a célebre "Deixa meter só a cabecinha...";
Tiko Woods - Pior, mas mesmo muito pior é quando dizem :"Ai, aí não! Só o meu marido";
Alguém - Pior, mas mesmo muito pior, é quando eles dizem: "É a 1ª vez que traio a minha mulher!";
Não Vou Por Aí - Segundo o dicionário, veio, mecânicamente falando, é um eixo de metal que serve para transmitir o movimento das máquinas. Será que ela... era ele?!
O resto da malta diz que isto é mentira... que nunca se diz. Pode nunca se dizer, mas que às vezes se ouve, ouve
Orgasmo co(r)po a co(r)po
Ávido
Ardente
Esculpindo bátegas de vida
Adejante
Fervendo
Ergue-se de corpo sôfrego
Desnudo
Sedento
E bebe de trago o êxtase
Liberto
Vertente
"Ferralho"
Nos findos idos de 2004.
Ardente
Esculpindo bátegas de vida
Adejante
Fervendo
Ergue-se de corpo sôfrego
Desnudo
Sedento
E bebe de trago o êxtase
Liberto
Vertente
"Ferralho"
Nos findos idos de 2004.
03 janeiro 2005
Sair e voltar a entrar
Ai Manela, a páginas tantas conheci por lá o João, um homem das informáticas, daqueles que vestem sempre calças de ganga e t-shirts como emblema da profissão e deixam crescer a barba, para poderem dedicar mais tempo aos seus computadorzinhos.
Chamava-me carinhosamente o seu portátilzinho, enfatizando a diferença do seu metro e noventa para o meu metro e meio. E não duvides de que eu era mesmo portátil ao seu colo.
Sempre que precisava de lhe falar, bastava enviar-lhe sms a dizer F1 para ele me telefonar e eu calorosamente atender com a frase «Helpdick, please!...».
Viajámos imenso juntos, conhecemos o Louvre e aqueles destinos turísticos do Brasil, para além dos inúmeros filmes, frente ao ecrã flat de 19 polegadas do seu computador. E além disto, Manela, o homem era danado para jogar, digamos que... de forma proporcional ao tamanho do seu joystick. Sempre que terminava o jogo até dizia «Acho que o sistema crashou. Segundo a minha intuição profissional, o melhor é sair e voltar a entrar».
Tudo decorria funcionalmente Manela, até eu descobrir que o homem não podia ver uma drive que não metesse logo o cêdê. O homem era multitasking!
Chamava-me carinhosamente o seu portátilzinho, enfatizando a diferença do seu metro e noventa para o meu metro e meio. E não duvides de que eu era mesmo portátil ao seu colo.
Sempre que precisava de lhe falar, bastava enviar-lhe sms a dizer F1 para ele me telefonar e eu calorosamente atender com a frase «Helpdick, please!...».
Viajámos imenso juntos, conhecemos o Louvre e aqueles destinos turísticos do Brasil, para além dos inúmeros filmes, frente ao ecrã flat de 19 polegadas do seu computador. E além disto, Manela, o homem era danado para jogar, digamos que... de forma proporcional ao tamanho do seu joystick. Sempre que terminava o jogo até dizia «Acho que o sistema crashou. Segundo a minha intuição profissional, o melhor é sair e voltar a entrar».
Tudo decorria funcionalmente Manela, até eu descobrir que o homem não podia ver uma drive que não metesse logo o cêdê. O homem era multitasking!
Os homens gostam é de mulheres carnudas
É isso mesmo! Queremos fartura: anca, lombo, coxa, rabada: rodízio completo. Mulher para a qual tu olhas e imaginas que vais demorar uns três dias para a comeres toda.
Estou a falar de recheio, de estofo: substância. Quem gosta de mulheres magricelas é costureiro... ou outra mulher.
Vejamos, por exemplo, a Fernanda Serrano: o mulherio acha o máximo "Ai, como ela é linda", "Ai, que corpo perfeito! Que inveja...".
Perfeito?! Onde é que está o rabo dela? Pega-se por onde? Põe-se de que lado? É bonita de rosto, vá lá. No entanto, como dizia Raul Cortez na propaganda do Natu Nobilis (sobre o facto de o whisky brasileiro ser importado, mas engarrafado no Brasil): "Mas... você não bebe a garrafa, ou bebe?"
Não quero dizer que essas magricelas, de perna fina e rabo mirrado, não são comestíveis. Claro que são! Na verdade, poucas fêmeas não o são. Mas é uma actividade pouco confortável, com aquele monte de ossos pontiagudos. Nunca se encontra uma posição ideal, parece que têm joelhos por tudo o que é lado. A melhor coisa de comer uma dessas Olívias Palito - que são exemplo de beleza para as mulheres - é a quantidade de borrachinhos que se te vão querer oferecer. E isso dá uma tendência inflacionista ao teu valor de mercado.
O facto é que as esturricadas não falam ao pau. O que faz com que a gente torça o pescoço na rua e que os nossos testículos trabalhem a toque de caixa é mulher com polpa.
Por isso, abaixo o regime! Viva a abundância!
Onde a abundância abunda, há alegria! Olha a bunda, olha!...
Estou a falar de recheio, de estofo: substância. Quem gosta de mulheres magricelas é costureiro... ou outra mulher.
Vejamos, por exemplo, a Fernanda Serrano: o mulherio acha o máximo "Ai, como ela é linda", "Ai, que corpo perfeito! Que inveja...".
Perfeito?! Onde é que está o rabo dela? Pega-se por onde? Põe-se de que lado? É bonita de rosto, vá lá. No entanto, como dizia Raul Cortez na propaganda do Natu Nobilis (sobre o facto de o whisky brasileiro ser importado, mas engarrafado no Brasil): "Mas... você não bebe a garrafa, ou bebe?"
Não quero dizer que essas magricelas, de perna fina e rabo mirrado, não são comestíveis. Claro que são! Na verdade, poucas fêmeas não o são. Mas é uma actividade pouco confortável, com aquele monte de ossos pontiagudos. Nunca se encontra uma posição ideal, parece que têm joelhos por tudo o que é lado. A melhor coisa de comer uma dessas Olívias Palito - que são exemplo de beleza para as mulheres - é a quantidade de borrachinhos que se te vão querer oferecer. E isso dá uma tendência inflacionista ao teu valor de mercado.
O facto é que as esturricadas não falam ao pau. O que faz com que a gente torça o pescoço na rua e que os nossos testículos trabalhem a toque de caixa é mulher com polpa.
Por isso, abaixo o regime! Viva a abundância!
Onde a abundância abunda, há alegria! Olha a bunda, olha!...
(adaptado do Português do Brasil - autor desconhecido!)
Lombriga do Amor, por AdamastoR
Não passa de um verme marinho, que vive em águas baixas e arenosas, mas inspirou um grupo de cientistas italianos a criar uma técnica de endoscopia mais confortável.
O Bioloch Ist, concebido na Scuola Superiore Sant' Anna, imita a locomoção ondulante do ragworm, para ir entrando - por si - no organismo, em vez de ser empurrado à força.
Num futuro próximo, o protótipo será motorizado e os cientistas acreditam que a endoscopia deixará de ser uma experiência traumática, para se tornar... num prazer.
Lembras-te do bom velho jogo do Pac-Man?
Pois tira aqui as saudades, nesta versão para adultos (e adultas, claro): XXX-Man
E, já agora, volta a treinar a cobra de bolsas
E, já agora, volta a treinar a cobra de bolsas
Chamamento
Dizendo-te,
Digo-te baixinho.
Como quem não fala
Como quem suspira
Como quem respira
Para ti palavras.
E mesmo que não oiças
Mesmo que não saibas
Que o suspiro é canto
Que para ti respiro
Que digo baixinho
Como se rezasse.
Sentirás o apelo
Que está no canto
Sentirás a voz
Que por ti contenho
Que por ti retenho
Num canto suspiro
Que chama por ti.
Foda-se - por Millôr Fernandes
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela diz.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! Então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! Então, foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição. Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão matemática. A Via Láctea tem estrelas comó caralho, o Sol é quente comó caralho, o universo é antigo comó caralho, eu gosto de cerveja comó caralho, entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto. Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida.
Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência. Solta logo um definitivo "Jorginho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!". O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou seu correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"? Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai levar no olho do teu cu!"?
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima. Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a conduzir bêbedo, sem documentos do carro, sem carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!
Millôr Fernandes
(enviado por Espakana)
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"? O "foda-se!" aumenta a minha auto-estima, torna-me uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Liberta-me.
"Não quer sair comigo?! Então, foda-se!"
"Vai querer mesmo decidir essa merda sozinho(a)?! Então, foda-se!"
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição. Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para dotar o nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade os nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo a fazer a sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.
"Comó caralho", por exemplo. Que expressão traduz melhor a ideia de muita quantidade que "comó caralho"?
"Comó caralho" tende para o infinito, é quase uma expressão matemática. A Via Láctea tem estrelas comó caralho, o Sol é quente comó caralho, o universo é antigo comó caralho, eu gosto de cerveja comó caralho, entendes?
No género do "comó caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "nem que te fodas!".
Nem o "Não, não e não!" e tampouco o nada eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, nem pensar!" o substituem.
O "nem que te fodas!" é irretorquível e liquida o assunto. Liberta-te, com a consciência tranquila, para outras actividades de maior interesse na tua vida.
Aquele filho pintelho de 17 anos atormenta-te pedindo o carro para ir surfar na praia? Não percas tempo nem paciência. Solta logo um definitivo "Jorginho, presta atenção, filho querido, nem que te fodas!". O impertinente aprende logo a lição e vai para o Centro Comercial encontrar-se com os amigos, sem qualquer problema, e tu fechas os olhos e voltas a curtir o CD (...)
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta que pariu!", ou seu correlativo "Pu-ta-que-o-pa-riu!", falado assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba.
Diante de uma notícia irritante, qualquer "puta-que-o-pariu!", dito assim, põe-te outra vez nos eixos.
Os teus neurónios têm o devido tempo e clima para se reorganizarem e encontrarem a atitude que te permitirá dar um merecido troco ou livares-te de maiores dores de cabeça.
E o que dizer do nosso famoso "vai levar no cu!"? E a sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai levar no olho do cu!"? Já imaginaste o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai levar no olho do teu cu!"?
Pronto, tu retomaste as rédeas da tua vida, a tua auto-estima. Desabotoas a camisa e sais à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu-se!". E a sua derivação, mais avassaladora ainda: "Já se fodeu!".
Conheces definição mais exacta, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusivé, que uma vez proferida insere o seu autor num providencial contexto interior de alerta e auto-defesa. Algo assim como quando estás a conduzir bêbedo, sem documentos do carro, sem carta de condução e ouves uma sirene de polícia atrás de ti a mandar-te parar. O que dizes? "Já me fodi!"
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!
Millôr Fernandes
(enviado por Espakana)
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