05 janeiro 2005

O chouriço do talho

Sempre que ia ao talho, Manela, digo-te eu, que pedisse eu o que pedisse, bifes, costeletas de borrego, lombo para assar, recebia sempre um brinde . Ele era um chouriço, uma farinheira e até uma espetada.

Esse facto, associado ao sorriso fixo e de orelha a orelha do homem do talho, levou-me a concluir que o negócio dele era mesmo carne. Não a do talho, mas a minha.

E lá acabámos na cama. Quando ele se despiu, ai Manela, se eu tivesse tomates tinham-me caído ali mesmo. O pénis dele era enorme, tão grande que só pensei que queria ter ali uma máquina fotográfica para depois te mostrar e não supores que eu estava a mentir. Mas nessa falta, lá fui engolindo o meu espanto por aquele coiso que até de diâmetro só me fazia lembrar um vulcão.

A perspectiva de fazer este cozido nas furnas afigurava-se um grande problema e tão maior quanto ele se erguia como a tromba do elefante do Jardim Zoológico, para recolher as moedinhas. Mas as coisas lá encaixaram e fomos repetindo, como na canção das Doce, às várias horas da manhã.

Até que o vulcão explodiu e me abalou as estruturas todas. Lembrei-me das Doce e especialmente da Laura, quando me vi nas urgências do Santa Maria rodeada de senhoras que aguardavam que os seus lulus perdessem o efeito de vácuo e uma parafernália de rostos esperava cuidados básicos que permitissem a saída de garrafas, chapéus de chuva desdobráveis, busca-pólos e até, imagina tu Manela, facas de cabo de madeira redondo.

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