24 fevereiro 2005
No arame
Equilibro-te na minha boca,
Percorro-te,
E num equilíbrio precário
Tentas não cair e não te esvair
Na minha boca
Em prazer.
Prendo-te com saliva
Quando contrais o corpo,
Quando arquejante vacilas
Quase no limite,
Para que não caias
Para que não te esvaias
Para te manter, assim,
No prazer suspenso.
Mas quando te sorvo e quando te mordo
Quando estico o arame
Que é a minha boca
Que caminha em ti,
Perdes o equilíbrio e num grito rouco
Cais nas minhas mãos,
Rede que construí
Rede que teci
Para aparar a queda e te segurar
Para te guardar e reter em mim.
Video do massacre
O João Mãos de Tesoura não pode ouvir falar de guerras porque pensa logo em equipamento bem limpo.
E adverte: "Porque temos de ser didácticos, meninas não tentem isto lá em casa".
Pelos vistos, os meninos podem tentar...
A Titas manifestou a sua extrema indignação e diz que isto não é erotismo nem pornografia: é bestialidade. Eu, pessoalmente, não vejo o que isto possa ter de bestial .
E adverte: "Porque temos de ser didácticos, meninas não tentem isto lá em casa".
Pelos vistos, os meninos podem tentar...
A Titas manifestou a sua extrema indignação e diz que isto não é erotismo nem pornografia: é bestialidade. Eu, pessoalmente, não vejo o que isto possa ter de bestial .
Diário do Garfanho - 62
6 de Janeiro de 197O
Dizia-me o meu ex-cunhado, essa besta, que, às vezes, os engates de última hora são os melhores.
– Não há expectativas - justificava ele. – Já estamos tão acelerados ou acabados que o que vier morre! É na rua, é no carro, é na paragem do autocarro... É onde calhar. – O energúmeno riu-se. – Um gajo às vezes parece um animal.
– Às vezes?!
Mas a mim isso nunca aconteceu: nunca tive um engate à pressão que corresse bem e último ainda me está atravessado – e só à força de Guronsan é que me safei (e mal).
Na verdade, quando a noite (e o álcool) já vão adiantados e a nossa percepção, sentido crítico e amor próprio já não estão a níveis normais (nem sequer anormais, nem sequer animais - não há e pronto: nem percepção, nem sentido crítico, nem amor próprio) a mim tudo corre pelo pior.
Sem mais:
Na minha casa. Eu levanto-me com ele plastificado, com dores nos maxilares, língua áspera, cãibras nos dedos e pintelhos na garganta (podia amaciar o discurso mas o episódio não merece). A tipa esparramada na minha cama diz-me que se tem de ir embora,
– Já é muito cedo. – Era uma badalhoca com instrução e usava as palavras certas, afinal eram nove e meia da manhã.
Eu vou desplastificá-lo, lavar-me, bochechar, gargarejar, lavar os dentes e preparar-me para voltar à cama para começar a sofrer à cabeceira do fígado e da vesícula. Quando volto, a tipa está a acabar de se vestir, sorri beatificamente (ao menos isso!) e procura qualquer coisa debaixo da cama:
– Viste os meus sapatos?
– Não te lavas? – Perguntei, sem pensar. Ia pedir desculpa, mas não cheguei e ainda bem.
– Porquê?! – O ar e o tom eram os mais naturais do mundo. – O preservativo estava sujo?
introduzido pelo membro Garfanho (desplastificado)
– Não há expectativas - justificava ele. – Já estamos tão acelerados ou acabados que o que vier morre! É na rua, é no carro, é na paragem do autocarro... É onde calhar. – O energúmeno riu-se. – Um gajo às vezes parece um animal.
– Às vezes?!
Mas a mim isso nunca aconteceu: nunca tive um engate à pressão que corresse bem e último ainda me está atravessado – e só à força de Guronsan é que me safei (e mal).
Na verdade, quando a noite (e o álcool) já vão adiantados e a nossa percepção, sentido crítico e amor próprio já não estão a níveis normais (nem sequer anormais, nem sequer animais - não há e pronto: nem percepção, nem sentido crítico, nem amor próprio) a mim tudo corre pelo pior.
Sem mais:
Na minha casa. Eu levanto-me com ele plastificado, com dores nos maxilares, língua áspera, cãibras nos dedos e pintelhos na garganta (podia amaciar o discurso mas o episódio não merece). A tipa esparramada na minha cama diz-me que se tem de ir embora,
– Já é muito cedo. – Era uma badalhoca com instrução e usava as palavras certas, afinal eram nove e meia da manhã.
Eu vou desplastificá-lo, lavar-me, bochechar, gargarejar, lavar os dentes e preparar-me para voltar à cama para começar a sofrer à cabeceira do fígado e da vesícula. Quando volto, a tipa está a acabar de se vestir, sorri beatificamente (ao menos isso!) e procura qualquer coisa debaixo da cama:
– Viste os meus sapatos?
– Não te lavas? – Perguntei, sem pensar. Ia pedir desculpa, mas não cheguei e ainda bem.
– Porquê?! – O ar e o tom eram os mais naturais do mundo. – O preservativo estava sujo?
introduzido pelo membro Garfanho (desplastificado)
23 fevereiro 2005
Ainda mais histórias da tropa
O Jorge Costa fez uma rica tropa:
"Um dia diz o sacana do Mesquita à Suja,
que estava por fora do portão das viaturas:
- Ó Suja, faz-me um broche! - era de madrugada,
íamos os dois numa ronda qualquer e
calhou de passarmos ao portão das viaturas.
E responde-lhe a «companheira de folguedos
de toda a companhia»:
- Isso não, alferes, porque senão
os soldados não me querem dar beijos!
Consciência... muita consciência.
E profissionalismo.
Assim... sim.
Assim eram os tempos."
A cadeira de baloiço
Sentaste-te naquela cadeira de baloiço que enfeitava a nossa sala há tanto tempo, virado para a televisão, manta à volta das pernas. Eu estava no sofá grande, pernas esticadas, cobertor por cima e aquecedor bem perto, tentando enganar o frio cortante do inverno. Tínhamos as mãos entrelaçadas como fazíamos nos tempos de namoro, quando todos os minutos eram poucos para nos tocarmos. Estava a dar um filme sem graça, daqueles de domingo à noite, mas que mantinha os olhos entretidos e o cérebro descansado.
Os teus dedos acariciavam os meus, e as nossas mãos moviam-se ao ritmo do balanço da cadeira. Os teus dedos desenharam o percurso até ao meu pulso, à volta dele, subiram pelo meu braço até ao cotovelo. Desviei os olhos da televisão para olhar o teu rosto que já conheço de cor, e encontrei nele o sorriso de menino maroto que sempre me encanta.
Tirei-te a manta das pernas, e apertei os músculos fortes que revestem as tuas coxas. Passeei a palma da minha mão aberta pelas tuas pernas, apertando de vez em quando, procurando uma abertura no teu pijama por onde pudesse tocar a tua pele. Agarraste-me a mão, fizeste-me levantar e puxaste-me para ti. Sentei-me ao teu colo, e deixei o teu tronco nu, beijando e saboreando cada centímetro de pele.
Balançámos nos braços um do outro como duas crianças que se aprendem, e adormecemos embalados e cheios de amor.
Os teus dedos acariciavam os meus, e as nossas mãos moviam-se ao ritmo do balanço da cadeira. Os teus dedos desenharam o percurso até ao meu pulso, à volta dele, subiram pelo meu braço até ao cotovelo. Desviei os olhos da televisão para olhar o teu rosto que já conheço de cor, e encontrei nele o sorriso de menino maroto que sempre me encanta.
Tirei-te a manta das pernas, e apertei os músculos fortes que revestem as tuas coxas. Passeei a palma da minha mão aberta pelas tuas pernas, apertando de vez em quando, procurando uma abertura no teu pijama por onde pudesse tocar a tua pele. Agarraste-me a mão, fizeste-me levantar e puxaste-me para ti. Sentei-me ao teu colo, e deixei o teu tronco nu, beijando e saboreando cada centímetro de pele.
Balançámos nos braços um do outro como duas crianças que se aprendem, e adormecemos embalados e cheios de amor.
22 fevereiro 2005
A espera
As mãos pousadas na mesa atrás de si.
Batia um pé impaciente, marcando o ritmo da espera.
Sabia que ele estava a chegar.
O corpo antecipava o acto de ver.
No corpo sentia a chegada. A certeza da chegada na ansiedade que sentia.
Encaminhou-se para a porta no momento exacto em que ele a abria.
Tirou-lhe a mala da mão.
Empurrando-o contra a porta, fechou-a.
Colou-se ao corpo dele. Com uma perna abriu as dele.
Com uma mão tocou-lhe o sexo por cima das calças, a outra prendia-o entre o corpo e a porta.
Sentiu o sexo dele expectante, ansioso também.
Ouviam os passos, as vozes que passavam do outro lado da porta.
Comprimiu as ancas contra as dele.
Apertou-lhe as nádegas, puxou-o para si.
Olhou-o:
-Despe-te. Tenho fome.
Santana
Dizem que o outro pega de empurrão
desejo em silêncio
esta noite perdi-me a pensar em ti
parecias-me tão perto que quase te sentia
e desejei-te
quis sentir as tuas mãos no meus seios sedosos
tensos de esperarem por ti
quis sentir os teus lábios roçarem os meus
levemente, como quem troca segredos
quis olhar nos teus olhos cor de céu
que brilham nos meus
quis tocar a tua pele macia
com os dedos percorrer o teu corpo
quis deitar-me ao teu lado
e em ti me envolver
quis o teu abraço
ao adormecer
ficou o desejo
calei as palavras
que tu sabes e sentes
Carnaval da Primavera na Eslovénia
Pelos vistos a malta da Eslovénia sabe divertir-se por estes dias.
(pelo nosso repórter Jotakapa, que fugiu da frente a tempo)
(pelo nosso repórter Jotakapa, que fugiu da frente a tempo)
21 fevereiro 2005
A palavra é minha quando escrevo
Nunca sou tão livre como quando escrevo
Quando pego nas palavras nascem-me asas
Crescem-me garras
E caminho em liberdade
Sem limites para os passos
Sem rumo nem direcção
E não há obstáculos, barreiras
Se não há caminhos não há fronteiras
Que me travem, que me barrem
Porque a palavra é minha quando escrevo.
Se a quero terna, sou amante
Se a quero arma, sou guerreira
Faço amor ou revolução.
Nunca sou tão livre como quando escrevo
Como quando abro as asas
Como quando cravo as garras.
O OrCa adora oder:
E a palavra sou eu
No argumento que faço
Voo livre até ao céu
Sou ave no teu regaço
Sou o beijo que te dou
Sou o aço que trespassa
O sentido de viver
Que em cada palavra passa
Mas nunca sobram palavras
No meu voo de miragens
Para te ter em palavras
Daquelas que quero ser
Sobra-me apenas o meu
Desejo de te entender
Na palavra em que te fazes
Que me transporta em viagens
De palavras de prazer.
Com a minha 'chapelada' à Encandescente, outra vez, pelo belíssimo e forte poema!
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