12 março 2005

Já não se pode andar descansado de bicicleta...

"Tinham estado a fazer amor no carro. Depois, ela saíu e foi à mata verter.
Depois, já no carro, vestiu-se. Calças de ganga, uma camisa branca, mas não encontrava o soutien.
Arrancaram para a cidade. Passado algum tempo ela diz 'Olha!' avançando para a frente e colocando a mão na parte de trás da blusa.

- O soutien está aqui! - e riu-se.
- Põe-no!
- Estás parvo?! E os outros?
- Olha, é cedo, vão para a praia e se virem as tuas mamas ganham o dia!
Ela assim fez, e tirando a camisa pegou no soutien e... ele, apercebendo-se de um ciclista agricultor, na casa dos 60, vestido de preto e com boné, reduziu repentinamente ficando lado a lado. As janelas, essas, iam abertas por causa do bafo no carro!
O agricultor ciclista, atónito, olhou para eles, enquanto o condutor dizia:

- Isso é que vai ser pedalar atrás de nós!
És louco! - exclamou ela, rindo-se.
O agricultor ficou para trás a berrar e a ziguezaguear na bicicleta.

A última coisa que ouviram foi:
- Filho da... !"

João Mãos de Tesoura

Banalidades

foto: M_Perseval

Deito a cabeça no teu peito
Enrolada nos teus braços
E desfio com os dedos na tua pele
As banalidades que fizeram o meu dia
E tudo se torna importante
Porque nada é banal
Quando dito na tua pele
Desfiado no teu peito
Enrolada nos teus braços

Encandescente

Respode o OnanistÉlico:

E eu no peito teu me deleito
num abraçando - enrolo-me enquanto com
os dedos
desafio -
os dias inscritos na tua pele;
Banal calendário este que me importa...

11 março 2005

doll.JPG

Chegou ao pé de mim com cara de caso. Cara de caso numa mulher pode querer dizer muitas coisas, mas ela era pouco mais do que uma miúda. Tinha dezassete anos e pouco sabia dessas coisas de ser mulher. Foder era fazer amor. E fazer amor era o que lia nos livros. E aquele homem era ainda o príncipe encantado. Ou tinha sido, até àquele dia.
Ele pediu-lhe que vestisse uma saia. Aquela comprida, de gaze, amarela. O plano estava traçado, ele tirar-lhe-ia os três naquela manhã. Mas ela não sabia. Pensava que iam fazer amor e estavam em março.
Vestiu a saia amarela.
Subiram para o seu quarto. Estavam sozinhos em casa, os pais tinham saído para trabalhar. Ela faltou à escola.
Não pôde contar-me como tinha sido fazer amor pela primeira vez. Porque não o tinha feito. Tinha-se deitado, ele levantou-lhe a saia até à cintura e fodeu-a.
Ela não lhe viu o corpo nu. Ele não viu o seu, de rapariga virgem.
Não pôde contar-me como tinha sido fazer amor pela primeira vez e não soube dizer-me como era o caralho do homem que em cima dela, sem jeito, sem atenção, cheio de tusa e ânsia juvenis, se veio nela sem ela perceber nada.
Passariam alguns anos até saber o que era isso de ter um orgasmo.
Quando o descobriu, pôde finalmente enterrar a má memória.

Video publicitário


"O homem sonha... e a obra nasce..."
(adaptado a um cachorrito pela Gotinha)

Gustav Klimt - Papiers Erotiques

Se fores a Paris aconselho-te a não perderes a exposição «Gustav Klimt - Papiers Erotiques», até 30 de Maio no Musée Maillol da Fundação Dina Vierny.
Já aqui falámos sobre Gustav Klimt, mas se queres (re)ver a obra deste mestre (também) do erotismo, visita esta página.

10 março 2005

Coisas simples

Imagem: Xilla

Encandescente
Ilustração da Xilla

Dedicado aos Pseudo-Qualquer-Coisa

Este post da Xilla exemplifica com toda a fidelidade os pseudo-qualquer coisa que pululam lá pela minha chafarica com comentários sobre as imagens de mau gosto e sobre eu ser machista e sobre eu não ter dignidade e afins...

"Será que andam aqui? Estão fartos de cus, de gajas machistas, de boa disposição, de gente com cabeça limpa de preconceitos não é? Sentem falta de longos discursos sobre política, economia, notícias sobre a saúde do papa, do processo casa pia, do buraco do ozono, certo? Eu também não, por isso que se lixe a política, a economia, o papa, a casa pia, o ozono, e siga a estória do velho que do buraco fizera ofício."

Azares do Caralho
Cansado de engolir caralhos que não via
um velho que do cu fizera ofício
achou por muito bem mudar de vício
e dar também aos olhos alegria.

Assim pensando, ergueu-se o debochado
e frente ao espelho, careca e todo nu,
põe-se a rezar responsos pelo cu
e a soluçar: repousa, ó desgraçado.

Ei-lo que sai em busca de um amante.
A sorte está com ele: logo ali adiante
uma picha se oferece aos seus lábios trementes.

Mas... ó maldito azar! Fica em meio o trabalho
porque o outro lhe foge com o duro caralho
donde pende, asquerosa, a placa dos dentes."

Fernando Correia Pina

Homens despidos

Oh Jorge, afirmo-te e reafirmo-te que só me irritam solenemente os homens que não se despem. E claro que não estou a falar da roupinha que isso é a primeira coisa que todos realizam facilmente, para fazer saltar cá para fora aquele pedacinho de carne que lhes dá a segurança de serem homens e de terem alguma coisa na vida, como na publicidade da Volkswagen.

O difícil, Jorge, é despirem a máscara do sedutor, do charmoso, do filhinho atencioso, do pai empenhado ou do profissional de qualquer coisa e mostrarem o homem que são. É um ver se te avias a forma como contam todos os boatos que circulam no local de trabalho ou então, todas as peripécias que sofreram no trânsito caótico, mais a discussão com o vizinho do andar de baixo mas... se lhes perguntarmos directamente se gostam de ser acariciados nos testículos ou nas nádegas enquanto lhes fazem sexo oral, coram de orelha a orelha, sorriem para disfarçar os nervos e devolvem a pergunta «Então tu não sabes?!...», ao mesmo tempo que rezam a todos os santinhos para que se tenham safado desta.

E ainda te digo mais, Jorge que se a pergunta incidir sobre o seu agrado ou não em fazer sexo oral a uma mulher e qual a posição que preferem para isso, debitam um autêntico bailado verbal com expressões do género «Essa é muita gira!», «Passar o corredor a pano é um dever!»,«Nunca tive reclamações!».

Oh Jorge, bem sei que não há regra sem excepção mas passando em retrospectiva todos os homens que já conheci na minha vida, olha que não sei se ao todo conseguia ver três homens despidos.

Video da pesada

Nós semos as braboletas
De asitas brancas e fitinha azuli
Aboamos à bolta das lâmpadas
Queimimos as asitas
Nã podemos aboar.


(uma espécie de lenço dos namorados, à moda da Titas)

Letrinhas malandrecas do Webcedário


A genética vista pelo Webcedário

Comer, sim... mas com classe...

O homem é o único animal que consegue estabelecer
uma relação amigável com as vítimas
que pretende comer.
(diz o J. Longo)