16 março 2005

Dedo na boca

Ele apareceu-me logo de manhãzinha a tocar à campainha, mal tinha eu acabado de me levantar e de ligar o esquentador, ainda com um olho aberto e outro fechado.

Abri-lhe a porta de t-shirt e amparada nas minhas pantufas felpudinhas. Sentei-me na aba do sofá grande para receber a sua comunicação de que se tinha esquecido de comprar os bilhetes. É sempre a mesma coisa, pensei. Por mútuo acordo, aquela tarefa tinha ficado para ele mas como a saída não era inteiramente do seu agrado, claro que apareceram mil e uma coisas que remeteram aquela para o cu de judas do esquecimento. Amuei, pois claro que amuei. E não sei se por frio, se para calar um chorrilho de frases desagradáveis logo para começar o dia, meti o indicador direito na boca.

Reparei então que ele me olhava com o sorriso atrevido de um menino que acaba de descobrir a cor das cuecas da professora. Vai daí, chupei intensamente a polpa do dedo e retirei-o da boca com o estalido de um beijo. Ele veio direito a mim, beijou profundamente a minha língua a saber a papéis de música e arrastou-me para a casa de banho, balançando-se contra mim, frente ao espelho do lavatório, de modo que tirei a t-shirt, despi-o enquanto ele se descalçava e puxei-o colado às minhas costas para debaixo do duche quente.

E os bilhetes, São!?... Pois eram para o Sporting-Benfica, um clássico que o clube dele não disputava na sua amada catedralzinha mas na casa-de-banho, como ele me costuma dizer.

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Umbigos Levi's

Já meteu a pata na poça!...


(tapada por F. Monteiro)
e censurada por um Sapo!

Música, maestro!

Enquanto
o OrCa
não nos oferece o
Hino Oficial da Funda São,
põe som na máquina
e aprecia este rap:
Big Ass Titties

Merchandáizingue


Oferta da Xilla... hmmm...

15 março 2005

Segredos

Foto: Nana Sousa Dias

Vou murmurar-te ao ouvido
O que farei com o teu corpo
Estendido numa cama à minha mercê.
Dir-te-ei como te beijarei os lábios
Como te morderei a língua
Como te lamberei o pescoço
E descerei no teu corpo
Até chegar às tuas coxas.
Contar-te-ei num suspiro
Como te afastarei as pernas
E as tocarei por dentro
E me aproximarei devagar
Do teu sexo que me aguarda.
Desejarás então acelerar o tempo
Para que chegue depressa o momento
Que a minha voz te segreda
Que a minha voz te sussurra.

Ponto T




Naquele preciso tempo
Em que és um mar picado
Brisa sobre uma duna plácida
E arco-íris de pele marejado

Nessa hora de assombramento
Em que decantas ternuras
E de portas escancaradas
És o meu castelo de aventuras

Naquele exacto momento
Em que és tela de notas cálidas
Concerto de fibras exaltado
E corpo em grito desatado

A esse tempo, a essa hora certa
Em que moras num gozo suspenso
E rediges um desejo imenso
Que o meu corpo revê
Eu chamo o teu ponto T.
(Sigo a tua indicação, São, e aí vai a ressaca)


doll2.JPG

A mim, o que me deixa mesmo fodida, é encontrar no meu caminho, o mesmo será dizer entre as minhas pernas, que aí se fazem todos os meus caminhos, fulanos que, dizendo-se muito liberais e abertos e dispostos a tudo e com a mania de que as mulheres é que se recusam a certas práticas, na hora da verdade se acobardam, se enojam, se retraem.
Parece estar tudo muito bem até ao momento em que certas ideias surgem. Parece que, para esses fulanos, variar é uma vez um por cima, outra vez outro. Ora, puta que os pariu, que quando me aparecem à frente a vontade que tenho é picá-los ainda mais e propôr-lhes que comam a minha merda (é que esses, normalmente, pertencem ao grupo dos que gosta de me foder o cu e ver-me fazer-lhes um broche logo de seguida, mas são incapazes de me beijar a boca a seguir).
É remédio santo para os pôr logo noutro caminho, aquele que leva para longe da minha porta e da minha cona, que é a mesma coisa.
O preconceito, mesmo nos que se vangloriam de ser muito abertos a experimentações, leva-os a traçar limites onde começa o que lhes é desconhecido. Nem toda a gente tem de gostar de tudo, obviamente. Eu própria, enfim, deve haver coisas de que não gosto (só não me lembro agora). E isso não quer dizer que sejamos preconceituosos. Mas, por exemplo, recusar um minete porque se está com o período, não me parece muito inteligente. Não tem de se enfiar o queixo numa poça de sangue, basta que a língua se passeie pelo clítoris e aí não há sangue. O mesmo vale para as meninas.
Afinal, qual é a efectiva diferença entre sangue menstrual na boca dele e esperma na boca dela?

Meninas, apresento-vos o Ron Jeremy em...


"O Pianista dos 11 Dedos"

Som ao máximo (mas aviso que desafina)!

Diário do Garfanho - 47

30

Pequeno extracto de uma conversa entre o Oliveira, o radar sexual, como bem lhe chamou a Patrícia no jantar de Natal, e o Azevedo, um dos derrotados da vida, como diz o Chefe ainda que sem nunca os nomear.
– Olha p'àquilo! Que gaja tão boa!
– Boa?! – rosnou o Azevedo. – Boa, porquê? – ladrou o Azevedo. – Não tem dores de cabeça como as outras? – ganiu o Azevedo.

Garfanho

Homem prevenido nunca chateia o barbeiro!


(corte sugerido por Lamatadora)

14 março 2005

DesAmandoa em ti

Só mais uma…
Desarmazena-me de ti, amêndoa-me com a boca
Procura-me!
Entre, dentre e por mim, dentro
EncontrAmaMendoa.
Afaga-a com os beijos doces que se mesclam com o meu derreter.
De te ter.
(prazer que armazeno com a saudade)
Mais uma, só contigo
na minha amêndoa
amando-a.
(saudade despida do teu doce...)

FiscalizaSão

Oh Manela tu sabes que eu gosto de correr riscos e me excita o facto de contrariar o proibido, como se isso fosse a minha missão divina na terra. Por isso, quando caminhavámos pela Avenida da República fora, ao cair da tarde e demos de caras com as obras de reconstrução de um prédio, sem os funcionários dos baldes de cimento e das medições, olhámos um para o outro com uma cumplicidade adolescente, averiguámos ao redor a escassez de transeuntes e escapulimos para dentro através da rede verde.

Aquilo era húmido e obscuro mas sentia perfeitamente o cheiro da excitação dele. Desabámos na boca um do outro como se as nossas línguas pudessem penetrar o outro pelo esófago numa acidez de maçãs. Os dedos dele trespassaram a minha saia na pressa de tocar os meus lábios orvalhados enquanto eu lutava com cinto, botões e fecho éclair para agarrar aquele músculo que crescia nas minhas mãos. Encostada à parede recém-cimentada sentia-me pregada numa cruz, elevada às nuvens por um pedaço de carne que endurecia em mim com a ajuda de umas apertadelas ritmadas e um duelo de línguas.

Mas, como num filme, Manela, estando nós a acabar de nos compôr, ponta de camisola aqui, ponta acolá, aparece-nos um energúmeno, fardado de forma que ninguém rejeitaria identificar como polícia e nos pediu identificações, mirou e remirou tudinho de alto a baixo, para o puxar a ele à parte e lhe sussurrar «Ouça lá, você não a podia ter levado para uma pensão?»