A Milly estava convencida de que o Luís Graça lhe queria fotografar a passarinha. Mal sabia que ele gosta é de contra-picados.
09 julho 2005
08 julho 2005
o corsário
A praia já começa a não ser aprazível. Com a chegada do calor, chegam também os veraneantes, irritantes. É o café, o de sempre, afinal, o da esplanada à beira-rio que me acolhe. É aqui que me sento, sempre com os mesmos óculos escuros, e é aqui que espero o minuto seguinte.
A noite passada dormi com um homem que encontrei à beira-rio, sentado em frente a um copo vazio. Era um corsário, disse-me. Desconhecido para ele próprio, disse-me. Falou-me do mar e do seu navio. Das mulheres, sereias, putas, princesas, sempre a mesma mulher em todos os portos, em todos os corpos, em todos os copos quebrados em todas as viagens. Quebrado ele próprio, disse-me. Quebrados estamos todos, disse-lhe. Dormi com um corsário de areia nos dedos e sal nas palavras, e sal na pele, e sal no sexo, na pele, no sexo. Enlaçou-me o corpo, salgado de dor, os seus membros prolongamentos dos meus, o seu prazer eco do meu. Amou-me o corpo com a violência dos solitários, dos homens tornados bestas de inquietação. Amou-me sem preconceitos, sem barreiras. Deixei-me amar nessa cama tão desconhecida quanto ele. Tão desconhecida quanto eu. Deixei-me amar por todas as noites que entretanto esqueci, pelas noites futuras em que não me reconhecerei. Disse-me e disse-lhe o que nos fez falta saber, nesta linguagem universal que é o sexo imediato, disponível, sem amor, sem conhecimento do outro ou de nós próprios, sem palavras. O sexo dos homens, das mulheres de sal e areia, dos corpos que se sentem, que se mentem, na entrega imediata, breve, breve, breve, prazer breve, vida breve, vida tão breve. Todavia tão forte e reconfortante. São assim os piratas, disse-me. São assim os homens, disse-lhe. São assim as mulheres, disse-me. E outra vez me enlaçou, e outra vez o devorei, faminta de sal, agora sedenta, agora morta de sede e cansaço satisfeito, comprazido. E a sua pele curtida de tantos amores vividos, adiados, afogados, em cada porto, em cada corpo, de novo despertou a brutalidade da terra que sou, da água que sou, do fogo que sou. Gosto do teu amor, disse-me na sua voz gasta de tanto repetir as mesmas mentiras, as mesmas máscaras da verdade desconhecida, perdida e achada, nos portos passados, sempre perdidos e achados. Um porto é um grilhão, disse-lhe, mais do que um abrigo. Um porto cega-nos, ensurdece-nos. Não, disse-me, um porto dá-nos tréguas, ilude-nos. Conforta-nos essa ilusão. É a verdade que nunca nos conforta. Disse-lhe que não sei, que nunca a conheci, nunca a encontrei. Disse-me que sim, que a encontrei, apenas não a reconheci, nunca me foi apresentada. Deu-me o exemplo do orgasmo como a mais inequívoca das verdades. E eu lembrei todas as histórias (...) de orgasmos mentidos, de orgasmos mentidos por favor, por pena, por vergonha de não serem verdadeiros, mas calei o argumento quando me lembrei que são, de facto, o melhor exemplo da verdade. Qualquer verdade, o corpo não mente, a pele arrepia-se se temos frio, os beijos não são beijos se não se quiserem dar. Ou receber. E nós damos os melhores beijos do mundo, não é verdade? Verdade, verdadinha. E o prazer não se mente. Só se deixa iludir quem está demasiado preocupado com o seu próprio prazer. O que se procura em tantos corpos?, perguntei, de olhos fechados. Procuramos a fuga, respondeu-me. De que foges tu? De que foges agora? Fujo das tuas perguntas, fujo da verdade que é o amor possível, fujo da própria fuga. Mas um pirata não é um homem corajoso, valente? Um pirata é um homem com cara de mau. Um pirata é um homem que em tudo encontra refúgio, até na própria verdade. Então, faz-me amor outra vez, a mim que temo todas as verdades e todas as mentiras, faz-me amor tu, que tens o sexo descomunal, bronzeado, agreste e agressivo, tu que fugirás na próxima mudança de maré, faz-me amor a mim, que fugirei antes daquela hora mágica em que o sol nos obriga a ver as verdadeiras cores das nossas próprias limitações.
E ele fez-me amor, e eu fiz-lhe amor e, se não mentimos, tão pouco trocámos verdades, porque não conhecíamos, afinal, nenhuma das duas. O amor que se faz, sem compromisso, este amor que se chama sexo, este amor banalizado que se procura como fonte de água fresca, deixa-nos como? Não respondas. Quero apenas sentir-te. Sentir o teu corpo pesado sobre o meu, sentir o teu sexo descomunal, já to disseram essas mulheres sereias, putas, princesas com quem dormiste nesses portos perdidos e achados?, senti-lo ganhar vida por mim, para mim. Essa que é uma força da natureza, incontornável, que é, afinal, a mais pura das verdades, que está à minha frente, que entra agora em mim, que me viola, que me violenta, que me acalenta, esse sexo — descomunal, já to disseram?— que me rasga a solidão, que me mente em cada espasmo, essa saliva que me enche a boca de sal, que me traz sal à vida, que me acorda, de repente, como quem nos abre a janela do quarto ao meio dia e nos deitámos cheios de álcool e de solidão quatro horas antes, e abrimos os olhos para uma realidade desconhecida, desconexa, desconcertante e desconcertada. Assim é a tua língua na minha, no meu sexo, assim é o teu sexo — descomunal — no meu, na minha boca, violento, brutal, violento, violento. Brutal. Brutal como o sol nos olhos ressacados, como a verdade, como a mentira.
A noite passada dormi com um homem que encontrei à beira-rio, sentado em frente a um copo vazio. Era um corsário, disse-me. Desconhecido para ele próprio, disse-me. Falou-me do mar e do seu navio. Das mulheres, sereias, putas, princesas, sempre a mesma mulher em todos os portos, em todos os corpos, em todos os copos quebrados em todas as viagens. Quebrado ele próprio, disse-me. Quebrados estamos todos, disse-lhe. Dormi com um corsário de areia nos dedos e sal nas palavras, e sal na pele, e sal no sexo, na pele, no sexo. Enlaçou-me o corpo, salgado de dor, os seus membros prolongamentos dos meus, o seu prazer eco do meu. Amou-me o corpo com a violência dos solitários, dos homens tornados bestas de inquietação. Amou-me sem preconceitos, sem barreiras. Deixei-me amar nessa cama tão desconhecida quanto ele. Tão desconhecida quanto eu. Deixei-me amar por todas as noites que entretanto esqueci, pelas noites futuras em que não me reconhecerei. Disse-me e disse-lhe o que nos fez falta saber, nesta linguagem universal que é o sexo imediato, disponível, sem amor, sem conhecimento do outro ou de nós próprios, sem palavras. O sexo dos homens, das mulheres de sal e areia, dos corpos que se sentem, que se mentem, na entrega imediata, breve, breve, breve, prazer breve, vida breve, vida tão breve. Todavia tão forte e reconfortante. São assim os piratas, disse-me. São assim os homens, disse-lhe. São assim as mulheres, disse-me. E outra vez me enlaçou, e outra vez o devorei, faminta de sal, agora sedenta, agora morta de sede e cansaço satisfeito, comprazido. E a sua pele curtida de tantos amores vividos, adiados, afogados, em cada porto, em cada corpo, de novo despertou a brutalidade da terra que sou, da água que sou, do fogo que sou. Gosto do teu amor, disse-me na sua voz gasta de tanto repetir as mesmas mentiras, as mesmas máscaras da verdade desconhecida, perdida e achada, nos portos passados, sempre perdidos e achados. Um porto é um grilhão, disse-lhe, mais do que um abrigo. Um porto cega-nos, ensurdece-nos. Não, disse-me, um porto dá-nos tréguas, ilude-nos. Conforta-nos essa ilusão. É a verdade que nunca nos conforta. Disse-lhe que não sei, que nunca a conheci, nunca a encontrei. Disse-me que sim, que a encontrei, apenas não a reconheci, nunca me foi apresentada. Deu-me o exemplo do orgasmo como a mais inequívoca das verdades. E eu lembrei todas as histórias (...) de orgasmos mentidos, de orgasmos mentidos por favor, por pena, por vergonha de não serem verdadeiros, mas calei o argumento quando me lembrei que são, de facto, o melhor exemplo da verdade. Qualquer verdade, o corpo não mente, a pele arrepia-se se temos frio, os beijos não são beijos se não se quiserem dar. Ou receber. E nós damos os melhores beijos do mundo, não é verdade? Verdade, verdadinha. E o prazer não se mente. Só se deixa iludir quem está demasiado preocupado com o seu próprio prazer. O que se procura em tantos corpos?, perguntei, de olhos fechados. Procuramos a fuga, respondeu-me. De que foges tu? De que foges agora? Fujo das tuas perguntas, fujo da verdade que é o amor possível, fujo da própria fuga. Mas um pirata não é um homem corajoso, valente? Um pirata é um homem com cara de mau. Um pirata é um homem que em tudo encontra refúgio, até na própria verdade. Então, faz-me amor outra vez, a mim que temo todas as verdades e todas as mentiras, faz-me amor tu, que tens o sexo descomunal, bronzeado, agreste e agressivo, tu que fugirás na próxima mudança de maré, faz-me amor a mim, que fugirei antes daquela hora mágica em que o sol nos obriga a ver as verdadeiras cores das nossas próprias limitações.
E ele fez-me amor, e eu fiz-lhe amor e, se não mentimos, tão pouco trocámos verdades, porque não conhecíamos, afinal, nenhuma das duas. O amor que se faz, sem compromisso, este amor que se chama sexo, este amor banalizado que se procura como fonte de água fresca, deixa-nos como? Não respondas. Quero apenas sentir-te. Sentir o teu corpo pesado sobre o meu, sentir o teu sexo descomunal, já to disseram essas mulheres sereias, putas, princesas com quem dormiste nesses portos perdidos e achados?, senti-lo ganhar vida por mim, para mim. Essa que é uma força da natureza, incontornável, que é, afinal, a mais pura das verdades, que está à minha frente, que entra agora em mim, que me viola, que me violenta, que me acalenta, esse sexo — descomunal, já to disseram?— que me rasga a solidão, que me mente em cada espasmo, essa saliva que me enche a boca de sal, que me traz sal à vida, que me acorda, de repente, como quem nos abre a janela do quarto ao meio dia e nos deitámos cheios de álcool e de solidão quatro horas antes, e abrimos os olhos para uma realidade desconhecida, desconexa, desconcertante e desconcertada. Assim é a tua língua na minha, no meu sexo, assim é o teu sexo — descomunal — no meu, na minha boca, violento, brutal, violento, violento. Brutal. Brutal como o sol nos olhos ressacados, como a verdade, como a mentira.
Moça camponesa prova o sabor do trigo selvagem - por Nikonman
Um esclarecimento sobre o 'hectare': a poesia rural vai, muitas vezes, buscar vocabulário à planície e ao campo. Daí que seja natural a alusão a um palmo de terra.
Mais um exemplo de poesia rural (onde se fode a métrica, mas se mantém intacta a rural ética):
A cona parece um hectare
Tuas mamas puras São
Os teus pintelhos são grilos
Que me enchem de tesão.
Oh, mulher rural e agrária
Que salivas o meu orgasmo
Pareces uma linda espiga
Entesas até o marasmo.
No teu torso eu me monto
Vou-te ao cu, pois sim, vou
Em tuas coxas me venho
E não digas que o gato miou.
Nakonaman (para as amigas)
07 julho 2005
Apeteces-me
Apeteces-me
Queria trincar-te
Morder-te
Saborear-te.
Apeteces-me
Na ponta dos dedos
Nas coxas em brasa
Na palma das mãos.
Apeteces-me
Oh sabor conhecido
A fruto proibido
Que trago na boca.
Apeteces-me
Oh cheiro a pecado
Que tenho no corpo
Que guardo nas mãos.
Armamentalho
Serei só eu que vejo nas armas
uma representação fálica*?!
*traduzindo para português, "uma exibição do caralho"
Barrigada 2 - O regresso das gajas
Aline Andreoli e Fabiane Dias
Aline Andreoli e Fabiane Dias 2
Aline Andreoli e Fabiane Dias 3
Aline Andreoli e Fabiane Dias 4
Aline Andreoli e Fabiane Dias 5
Carine Celestino e Daniela Muzzi
Carine Celestino e Daniela Muzzi 2
Carine Celestino e Daniela Muzzi 3
Carine Celestino e Daniela Muzzi 4
Carine Celestino e Daniela Muzzi 5
As gémeas Marina e Melissa
As gémeas Marina e Melissa 2
As gémeas Marina e Melissa 3
As gémeas Marina e Melissa 4
Fernanda Shiel e Priscila Breda
Fernanda Shiel e Priscila Breda 2
Fernanda Shiel e Priscila Breda 3
Fernanda Shiel e Priscila Breda 4
Kamila Alves e Elisa Silva
Kamila Alves e Elisa Silva 2
Kamila Alves e Elisa Silva 3
Kamila Alves e Elisa Silva 4
Andréa do Vale e Sandy Paloni
Andréa do Vale e Sandy Paloni 2
Andréa do Vale e Sandy Paloni 3
Andréa do Vale e Sandy Paloni 4
Graice Fernanda e Patricia Guedes
Graice Fernanda e Patricia Guedes 2
Graice Fernanda e Patricia Guedes 3
Graice Fernanda e Patricia Guedes 4
Andrea Martins & Fernanda Fortunatti
Andrea Martins & Fernanda Fortunatti 2
Andrea Martins & Fernanda Fortunatti 3
Andrea Martins & Fernanda Fortunatti 4
Valeria Souza e Ana Lia
Valeria Souza e Ana Lia 2
Valeria Souza e Ana Lia 3
Valeria Souza e Ana Lia 4
Samara Filakoski e Ana Carolina
Samara Filakoski e Ana Carolina 2
Samara Filakoski e Ana Carolina 3
Samara Filakoski e Ana Carolina 4
Diana Locatelli
Thaís Moreno
Bianca Martioli
Patricia Guedes
Nanny Queiroz
Vanessa Kiazy
Rachel Barcellos
Tamara Alves
Erika Blanco
Mirella Liz
Rossane Bom
Daiane Ferreira
Carol de Moraes
Angela Barros
Gracieli Venturoti
Aline Andreoli e Fabiane Dias 2
Aline Andreoli e Fabiane Dias 3
Aline Andreoli e Fabiane Dias 4
Aline Andreoli e Fabiane Dias 5
Carine Celestino e Daniela Muzzi
Carine Celestino e Daniela Muzzi 2
Carine Celestino e Daniela Muzzi 3
Carine Celestino e Daniela Muzzi 4
Carine Celestino e Daniela Muzzi 5
As gémeas Marina e Melissa
As gémeas Marina e Melissa 2
As gémeas Marina e Melissa 3
As gémeas Marina e Melissa 4
Fernanda Shiel e Priscila Breda
Fernanda Shiel e Priscila Breda 2
Fernanda Shiel e Priscila Breda 3
Fernanda Shiel e Priscila Breda 4
Kamila Alves e Elisa Silva
Kamila Alves e Elisa Silva 2
Kamila Alves e Elisa Silva 3
Kamila Alves e Elisa Silva 4
Andréa do Vale e Sandy Paloni
Andréa do Vale e Sandy Paloni 2
Andréa do Vale e Sandy Paloni 3
Andréa do Vale e Sandy Paloni 4
Graice Fernanda e Patricia Guedes
Graice Fernanda e Patricia Guedes 2
Graice Fernanda e Patricia Guedes 3
Graice Fernanda e Patricia Guedes 4
Andrea Martins & Fernanda Fortunatti
Andrea Martins & Fernanda Fortunatti 2
Andrea Martins & Fernanda Fortunatti 3
Andrea Martins & Fernanda Fortunatti 4
Valeria Souza e Ana Lia
Valeria Souza e Ana Lia 2
Valeria Souza e Ana Lia 3
Valeria Souza e Ana Lia 4
Samara Filakoski e Ana Carolina
Samara Filakoski e Ana Carolina 2
Samara Filakoski e Ana Carolina 3
Samara Filakoski e Ana Carolina 4
Diana Locatelli
Thaís Moreno
Bianca Martioli
Patricia Guedes
Nanny Queiroz
Vanessa Kiazy
Rachel Barcellos
Tamara Alves
Erika Blanco
Mirella Liz
Rossane Bom
Daiane Ferreira
Carol de Moraes
Angela Barros
Gracieli Venturoti
06 julho 2005
Tão simples, meu amor
"Tão simples, meu amor.
Nem poemas subtilmente eróticos, nem metáforas em chamas barrocas, nem olhares de paixão lânguida e doce.
Tão simples, meu amor.
Nem cartas românticas escritas nas minhas coxas, nem bilhetes perfumados desenhados nos meus lábios.
Tão simples, meu amor.
Nem vinhos aromáticos bebidos na concha do meu sexo de seda, nem sorrisos de encanto sussurrados na minha boca de beijos, nem barcas de sonho cavalgadas nos meus rins em tons de azul.
Tão simples, meu amor.
Apenas o teu corpo na minha cama. Apenas tesão e espasmos solitários. Apenas a língua, apenas a pele, apenas o grito sufocado.
Apenas suor lambido a sal.
Apenas o orgasmo final.
Apenas as tuas asas de anjo esta noite."
LolaViola, Julho 2004
O OrCa, sempre que gosta, ode também:
à LolaViola, com chapelada
por vezes basta ter assim o corpo à flor da pele
fazer dele o tom e o som da vida toda
dá-lo todo sem perguntas
nem demoras
nem perturbadas ansiedades a desoras
como se fosse de mar só
todo o desejo
e num beijo se encerrasse a vida toda
por vezes basta ter assim o corpo à flor da pele
e dele fazer-se um mar só de desejo
Nem poemas subtilmente eróticos, nem metáforas em chamas barrocas, nem olhares de paixão lânguida e doce.
Tão simples, meu amor.
Nem cartas românticas escritas nas minhas coxas, nem bilhetes perfumados desenhados nos meus lábios.
Tão simples, meu amor.
Nem vinhos aromáticos bebidos na concha do meu sexo de seda, nem sorrisos de encanto sussurrados na minha boca de beijos, nem barcas de sonho cavalgadas nos meus rins em tons de azul.
Tão simples, meu amor.
Apenas o teu corpo na minha cama. Apenas tesão e espasmos solitários. Apenas a língua, apenas a pele, apenas o grito sufocado.
Apenas suor lambido a sal.
Apenas o orgasmo final.
Apenas as tuas asas de anjo esta noite."
LolaViola, Julho 2004
O OrCa, sempre que gosta, ode também:
à LolaViola, com chapelada
por vezes basta ter assim o corpo à flor da pele
fazer dele o tom e o som da vida toda
dá-lo todo sem perguntas
nem demoras
nem perturbadas ansiedades a desoras
como se fosse de mar só
todo o desejo
e num beijo se encerrasse a vida toda
por vezes basta ter assim o corpo à flor da pele
e dele fazer-se um mar só de desejo
Diário do Garfanho - 95
The Soft Parade
– Putas – diz o meu cunhado, essa besta.
– Outra vez – sussurro eu, a lembrar-me da história do Oliveira e do Picoto.
– Outra vez? – surpreende-se ele.
– Não, não é nada. – Quando um gajo pensa que o cabrão não liga é que ele ouve. – Devem ser outras.
– Outras?! – o homem ficou ainda mais confuso.
– Mas o que é que tu tens andando a fazer?
– Ah! Não é nada disso. – Tenho de acabar a conversa, senão tenho de contar a história toda. – Não é nada comigo.
– Humm...
O meu cunhado, essa besta, não ficou muito convencido mas já estava noutra. Noutras.
– Onde estão? – Pergunto eu, procurando identificá-las.
– Ali – responde ele e acena com a cabeça na direcção de uma mesa à sua esquerda. Não tenta ser discreto. Duas gajas.
– Como é que sabes?
– Conheço-as – responde ele com toda a naturalidade. É assim, um gajo vir ao café com o ex-cunhado, essa besta, é sempre uma surpresa. Não dizem que o conhecimento é poder, pois, o meu cunhado deve ser poderoso. Ele fica sério, muito sério e diz-me: – Já estive com elas. Com as duas.
– Não as cumprimentas? – pergunto eu armado aos cucos.
– Já lhes fiz sinal – diz ele. – Estão acompanhadas. 'Tás a ver aquele gajo ao balcão?
Eu olho e aceno que sim.
– Anda a comê-las – anuncia ele.
Devo ter feito cara de parvo ou qualquer coisa parecida, o que lhe provocou uma gargalhada.
– Não literalmente... – travou a gargalhada. – É pá! 'Tás a ver aquele avião, que entrou agora? Que "ganda" avião.
Eu olho e reconheço o avião, mas hesito em revelar ao meu cunhado a verdade, depois das outras putas, agora dizer-lhe que conheço aquele avião que acabou de entrar, vai-me obrigar a grandes explicações...
– A gaja 'tá a olhar para ti – diz ele, espantado. – 'Tá mesmo. Aquele avião 'tá a olhar para ti.
Sorrio e faço um ligeiro aceno de cabeça para o avião, que também me reconheceu. Os cumprimentos são simples e normais, visivelmente feitos apenas por uma questão de cortesia e educação, mas estas são palavras que o meu cunhado não conhece.
– Porra – o homem está doido. – Vocês conhecem-se! A gaja cumprimentou-te. [Logo] A gaja 'tá caídinha!
O meu cunhado emborca a imperial e fixa-se em mim. Põe o copo vazio na mesa mas esquece-se de o largar. Está a pensar a mil à hora, a dois mil, a três mil... Eu agarro na minha imperial e levo-a lentamente à boca, preciso de uns momentos para pensar, vem aí um interrogatório. Volto a pousar o copo, sem beber, tenho de fazer coincidir a primeira pergunta com o exacto momento em que começar a beber. Tenho de ganhar o máximo de tempo. Todos os segundos são importantes. Ele continua a estudar o avião, esquecido das outras senhoras menos sérias. ("Menos sérias" é uma forma de expressão que eu não as conheço de lado nenhum e não tenho nada que fazer juízos de valor a partir da sua ocupação; se assim fosse, o que poderiam elas dizer de mim?)
– Mas, afinal, conheces as gajas de onde? – Arrisco, pode ser que ele passe à frente.
– Nããã... – ele arrasta o "ã" ainda a processar informção. Uma parte obscura do seu cérebro deve ter pensado "não me enganas" e deu inicio à hostilidades. – Isso dizes-me tu: primeiro, estas putas são outras e a coisa fica por aí; agora entra um avião do caralho que só faltou vir deitar-se debaixo de ti e perguntas-me tu, tu!, de onde é que eu conheço as gajas? Pensas que eu sou tontinho ou quê?
– Quê.
– Quê o quê?
– Penso que és quê.
– Deixa-te de gracinhas e explica-te, mas é.
É agora. Agarro na imperial e encosto o copo ao lábio inferior. Olho para o avião, Augusto qualquer coisa, que me devolve o olhar. Pior. Olho para o pretenso canibal que não sai do balcão, arrependido por ter escolhido as duas putas e não o avião que estava na outra mesa. O canibal também olha para mim, invejoso, parece pensar no que terei eu para o avião me estar ostensivamente a galar. Pior. Olho para as gajas, que trocam segredinhos e risinhos, pareço ser o objecto de ambos, reparam que eu estou a olhar para elas e sorriem-me, sorrisos atrevidos e insinuantes. Pior. Acabo por olhar para o meu cunhado, que parece ter percebido tudo o que descrevi, está confuso e furiosamente ignorante. Quer respostas. Respostas. Já.
– A gaja 'tá-te a comer. Literalmente.
– Parece – concordo.
– Parece?! – O meu impávido assentimento irrita-o. – Foda-se! Ou te explicas ou... – o avião voltou a sorrir-me e ele engasga-se em seco, tosse e só agora larga o copo. Faz sinal para pedir outra imperial.
– Não peças mais nada.
– Ele baixa o braço e olha-me. À espera, a pedir, a implorar explicações.
– Vamos embora, que eu depois explico-te.
– ‘Tás a brincar – balbucia. – Sozinhos?
– Sim, eu depois explico-te.
Garfanho in Garfiar, só me apetece
– Putas – diz o meu cunhado, essa besta.
– Outra vez – sussurro eu, a lembrar-me da história do Oliveira e do Picoto.
– Outra vez? – surpreende-se ele.
– Não, não é nada. – Quando um gajo pensa que o cabrão não liga é que ele ouve. – Devem ser outras.
– Outras?! – o homem ficou ainda mais confuso.
– Mas o que é que tu tens andando a fazer?
– Ah! Não é nada disso. – Tenho de acabar a conversa, senão tenho de contar a história toda. – Não é nada comigo.
– Humm...
O meu cunhado, essa besta, não ficou muito convencido mas já estava noutra. Noutras.
– Onde estão? – Pergunto eu, procurando identificá-las.
– Ali – responde ele e acena com a cabeça na direcção de uma mesa à sua esquerda. Não tenta ser discreto. Duas gajas.
– Como é que sabes?
– Conheço-as – responde ele com toda a naturalidade. É assim, um gajo vir ao café com o ex-cunhado, essa besta, é sempre uma surpresa. Não dizem que o conhecimento é poder, pois, o meu cunhado deve ser poderoso. Ele fica sério, muito sério e diz-me: – Já estive com elas. Com as duas.
– Não as cumprimentas? – pergunto eu armado aos cucos.
– Já lhes fiz sinal – diz ele. – Estão acompanhadas. 'Tás a ver aquele gajo ao balcão?
Eu olho e aceno que sim.
– Anda a comê-las – anuncia ele.
Devo ter feito cara de parvo ou qualquer coisa parecida, o que lhe provocou uma gargalhada.
– Não literalmente... – travou a gargalhada. – É pá! 'Tás a ver aquele avião, que entrou agora? Que "ganda" avião.
Eu olho e reconheço o avião, mas hesito em revelar ao meu cunhado a verdade, depois das outras putas, agora dizer-lhe que conheço aquele avião que acabou de entrar, vai-me obrigar a grandes explicações...
– A gaja 'tá a olhar para ti – diz ele, espantado. – 'Tá mesmo. Aquele avião 'tá a olhar para ti.
Sorrio e faço um ligeiro aceno de cabeça para o avião, que também me reconheceu. Os cumprimentos são simples e normais, visivelmente feitos apenas por uma questão de cortesia e educação, mas estas são palavras que o meu cunhado não conhece.
– Porra – o homem está doido. – Vocês conhecem-se! A gaja cumprimentou-te. [Logo] A gaja 'tá caídinha!
O meu cunhado emborca a imperial e fixa-se em mim. Põe o copo vazio na mesa mas esquece-se de o largar. Está a pensar a mil à hora, a dois mil, a três mil... Eu agarro na minha imperial e levo-a lentamente à boca, preciso de uns momentos para pensar, vem aí um interrogatório. Volto a pousar o copo, sem beber, tenho de fazer coincidir a primeira pergunta com o exacto momento em que começar a beber. Tenho de ganhar o máximo de tempo. Todos os segundos são importantes. Ele continua a estudar o avião, esquecido das outras senhoras menos sérias. ("Menos sérias" é uma forma de expressão que eu não as conheço de lado nenhum e não tenho nada que fazer juízos de valor a partir da sua ocupação; se assim fosse, o que poderiam elas dizer de mim?)
– Mas, afinal, conheces as gajas de onde? – Arrisco, pode ser que ele passe à frente.
– Nããã... – ele arrasta o "ã" ainda a processar informção. Uma parte obscura do seu cérebro deve ter pensado "não me enganas" e deu inicio à hostilidades. – Isso dizes-me tu: primeiro, estas putas são outras e a coisa fica por aí; agora entra um avião do caralho que só faltou vir deitar-se debaixo de ti e perguntas-me tu, tu!, de onde é que eu conheço as gajas? Pensas que eu sou tontinho ou quê?
– Quê.
– Quê o quê?
– Penso que és quê.
– Deixa-te de gracinhas e explica-te, mas é.
É agora. Agarro na imperial e encosto o copo ao lábio inferior. Olho para o avião, Augusto qualquer coisa, que me devolve o olhar. Pior. Olho para o pretenso canibal que não sai do balcão, arrependido por ter escolhido as duas putas e não o avião que estava na outra mesa. O canibal também olha para mim, invejoso, parece pensar no que terei eu para o avião me estar ostensivamente a galar. Pior. Olho para as gajas, que trocam segredinhos e risinhos, pareço ser o objecto de ambos, reparam que eu estou a olhar para elas e sorriem-me, sorrisos atrevidos e insinuantes. Pior. Acabo por olhar para o meu cunhado, que parece ter percebido tudo o que descrevi, está confuso e furiosamente ignorante. Quer respostas. Respostas. Já.
– A gaja 'tá-te a comer. Literalmente.
– Parece – concordo.
– Parece?! – O meu impávido assentimento irrita-o. – Foda-se! Ou te explicas ou... – o avião voltou a sorrir-me e ele engasga-se em seco, tosse e só agora larga o copo. Faz sinal para pedir outra imperial.
– Não peças mais nada.
– Ele baixa o braço e olha-me. À espera, a pedir, a implorar explicações.
– Vamos embora, que eu depois explico-te.
– ‘Tás a brincar – balbucia. – Sozinhos?
– Sim, eu depois explico-te.
Garfanho in Garfiar, só me apetece
05 julho 2005
Cisterna da Gotinha
The Toilet: podem descobrir como é a posição Missionário mas ao contrário.
Bush: é um cara-de-cu!
Britney ensina algumas técnicas.
Os elefantes também gostam de bananas...
O calor aperta: e já apetece ir para a praia...
Bush: é um cara-de-cu!
Britney ensina algumas técnicas.
Os elefantes também gostam de bananas...
O calor aperta: e já apetece ir para a praia...
O rescaldinho do Salão Erótico de Lisboa - 2 - por Fernando
De referir que, apesar de não ter ganho a corrida, o grande herói foi um alentejano de Elvas, ciclista amador, que no derradeiro momento não resistiu e baixou as cuecas expelindo toda a sua masculinidade no palco, enquanto esfregava delirante o orgulhoso membro, para gáudio das centenas que o aplaudiam freneticamente.
Viva o Alentejo! Viva Portugal!"
Fernando
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