24 agosto 2005

Diário do Garfanho - 102

A Question of Lust

A prima da noiva a falar-me, a rir-se, a troçar e eu a sorrir como um parvinho e um gongo na cabeça que ia da meditação contemplativa "Que lábios, meu Deus. Que boca" ao mais puro deboche "Chupa, gulosa. Chupa."
E eu sorria. Sorria para me manter calado e não deixar sair nenhuma enormidade ou alarvidade - não que fossem mentira, não seriam com toda a certeza, não tenho imaginação suficiente para dizer o que quer que fosse que não quisesse fazer com aquele corpo, aquela boca, aqueles olhos e aquela voz. "Chupa, gulosa. Chupa."
E os olhos? Que olhos!
E de repente lembrei-me:
- "Oooh... Sim. Sim" disse a virgem cedendo às investidas do namorado, "Desgraça-me." E o gajo puxou de uma tesoura e vazou-lhe um olho.
E ela ficou a olhar para mim, suspensa, olhando o vazio, surpreendida e, quando eu antevia o desastre, o porta-aviões ao fundo, foi ali que ganhei a noite.

Garfiar, só me apetece (e a vocês?)

Green Mad Eyes


Vens de mansinho
com os quatro membros no chão
os pés arrastam-se no caminho deixando rasto
Os cabelos e os seios caídos
Rondas-me o corpo como que a delinear o teu território
Fixas-me os olhos
Frente a frente permanecemos até que tu, a predadora, avanças
num impulso rápido
sinto as tuas mãos nos meus ombros
os corpos tombam, envolvem-se numa luta de sensualidade.
Sou a tua presa.
Inferior, sinto-me objecto nas tuas mãos. Nas tuas garras.
A tua língua e os teus dentes são donos do meu corpo.
A luta termina quando ambos temos na boca o sangue daquela batalha desigual.

Foto: Tankred Tanik

Férias Húmidas


A Gotinha regressou hoje de férias
(imagem via CreamysNetwork)

23 agosto 2005

O PRAZER DA ESCRITA



Escreve-se com tinta e com a mão
Cartas e poesia, densa ou curta
Nas teclas, no papel e com tesão
Ao marido e amante, à mulher ou puta.

Com o corpo, palavras e prazer
Na boca, no sexo e com a língua
Frases de penetrar e foder
De carícia, sussurro e míngua.

Na escrita lê-se o verso e o fervor
Dos seios, da vulva, da noite e do luar
Na cama derrama-se saliva e suor
Exclama-se e declamo o verbo amar.

(um humilde contributo para a poesia rural alentejana)
__________________
Não há melhor homenagem que o OrCa oder também:

E assim se escreve num corpo...

e o traço leve e doce leva o jeito
de ajeitar a leveza mais segura
que segura com a pena contra o peito
já tremente a doce fímbria da ranhura

e que doces as palavras manuscritas
com as mãos secretas nesse corpo lavras
devassando as colinas mais proscritas
em que afundas fundos vales que nele gravas

e as palavras graves breves que lhe fazes
onde sulcas a tremura do prazer
lhe desperta na pele desejos capazes
de fazer a tua mão assim tremer

"No escurinho do cinema..."



Entrou já o filme tinha começado. A sala estava cheia. Sentou-se no local escolhido. Mais ou menos a meio da fila.
Gostava de cinemas cheios. Escolhia sempre filmes em dias de estreia.
Pousou mala e casaco no colo.
Concentrou-se no ecrã.

Sentiu algo a roçar nas meias de nylon. Olhou para o lado. O rosto masculino, desconhecido, olhava fixamente em frente.
- Um rosto simpático - pensou.
A perna do parceiro de fila parou quando ela o olhou. Recuou.

Ela nada disse.

Passados uns minutos, ele mais ousado e encorajado pelo consentimento implícito no silêncio, encostou descaradamente a perna à dela.
Viu quando ele se baixou como se fosse apanhar algo que caíra. Primeiro sentiu o toque no tornozelo. Os dedos tocaram-na ao de leve.
Ao levantar-se a boca dele deixou um beijo na perna, perto da orla da saia. Com os dentes levantou-a ligeiramente.

Ela nada disse.

Ele insinuou a mão por debaixo da mala e do casaco. Pousou-a no colo dela.
Em convite, ela entreabriu as pernas.
A mão deslizou por baixo da saia…

Ela nada disse.

Ela fechou os olhos. Concentrou-se na mão entre as pernas.
Nada nela indicava o prazer que sentia. Imóvel.
Invisíveis mão e prazer. No escuro, imagens, sons.
Suspirou. Fechou as pernas.
Ele retirou a mão. Endireitou-se na cadeira.
Olhou-a. Sorriu confiante.

Ela gritou.
Levantou-se. Atingiu-o com a mala repetidamente.
Ele olhava-a atónito.
- Tarado. Parvalhão. Não me toque. Anormal. Pervertido.

Quando tentou justificar a inocência com o consentimento da vítima, que chorava agora copiosamente perante o ultraje a que tinha sido sujeita, começou a ser insultado e empurrado pelos outros espectadores indignados.
Além de ter tentado abusar da senhora, diziam, ainda a difamava.
Teve de ser levado da sala sob protecção dos seguranças.

A vítima, mais calma e rodeada da simpatia geral, assistiu ao resto do filme.

Foto: Ilona Wellmann

São Rosas - A lenda vista pelo Papo-Seco

ra uma vez o Rei D. Dinis que vivia com a Rainha Santa Isabel no Castelo de Leiria. A Rainha tinha mandado fazer a igreja de Nossa Senhora da Penha, lá no Castelo onde moravam, na qual trabalhavam muitos alvanéis. Santa Isabel dava muitas esmolas aos pobres , o que às vezes contrariava o Rei, tanto mais que as esmolas da sua mulher eram grandes e repetitivas.
Um dia, levava a Rainha, numa abada do seu manto, grande quantidade de moedas para distribuir, quando lhe apareceu, de surpresa, seu marido e Rei , que conhecendo a Rainha e calculando o que ela levava no manto, lhe perguntou:
- Que levais aí, Senhora?
Ao que a Rainha Santa lhe responde:
- Rosas, Senhor!
O Rei, que era Rei mas achava que não era parvo , vociferou na sua voz fininha e diferente (tipo Carrilhão a gritar com a Bárbara):
- São RosasMas É o Caralho!
E a Santa Rainha, abrindo o manto em que levava as moedas , deixou-as cair já transformadas em lindas rosas, frescas e viçosas. O Rei seguiu o seu caminho, sorrindo contente e a Rainha ficou mais contente ainda .

Papo-Seco - blog Uma Sandes de Atum

Seven - "Será por isso que chamavam ao D. Dinis «o lavrador»?!..."

Teste de concentra São


A Lamatadora pede para te concentrares nos olhos...

22 agosto 2005

Apito do Amor, por moStrenGo adamastoR

Se houvesse dúvidas, o debate clarificou-se logo de início, na blogosfera - o tamanho importa. Os blogues de homens garantem tê-lo comprido, os blogues de mulheres avisam que há que ser comprido e grosso. Isso do tamanho não ser tudo, é um mito sem nexo. Grande e grosso. Pela minha parte, obrigado.

Mas outro dos debates que desde cedo se percebeu é que, para além de grande e grosso, convinha ser um Jude Law, para seduzir as autoras de blogues. Ele era o galã preferido dos mesmos blogues femininos que hastearam essa bandeira do tamanho e inundava postas e postas de fotografias em close-up e meros Ai, Ai!, ou até sem qualquer título e justificação. Afinal, os blogues de gajos fazem o mesmo com a Mónica 'faz-me um' Bellucci e a Angelina Jolie.

Jude Law [Podes calcar para Aproximar, mas não amplia grande coisa] Jude Law [Podes calcar para Aproximar, mas não amplia grande coisa]

Ora, a questão que se coloca agora é a seguinte: como vão os blogues femininos contornar este... pequeno detalhe?!

Aconselho a debater, desde já, a importância das cócegas. As carícias, a contemplação [esta, da cintura para cima, porque aqueles boxers...]. Mas também a contenção do riso. Sim, a seriedade é muito importante numa relação. Por favor, não desatem às gargalhadas... ou a chorar de vergonha. Lembrem-se que na China por exemplo, Jude até seria considerado um rapaz dentro da média. Há que tecer elogios à chamada cópula assistida [para que haja, ao menos, uma qualquer espécie de penetração]. Mas volto a lembrar a importância do carinho.

Fica aqui lançado o debate sobre Jude Law - o eleito...zito.


O João Costa estava lá

Recebido pelo grupo de mensagens da funda São.
E tu, já recebes estas mensagens?

21 agosto 2005

Video de mulher-objecto


Chicken of the Sea

O Plano - por Charlie

É lindo, este desenho, Noé? O original - «White Wine» - faz parte da minha colecção particular

Abriu a porta do frigorífico e procurou uma cerveja.
Não estava na porta, como de costume, pois aí estavam duas garrafas de vinho verde.
Talvez ela as tivesse posto noutro sítio para poder guardar o vinho.
Deu algumas voltas por entre as iguarias, e foi então que encontrou o envelope por detrás das verduras, dentro de um saco de plástico.
Achou estranho e uma curiosidade intrincante fê-lo retirar o achado e abrir o conteúdo.
Com cuidado limpou o plástico da humidade e retirou a carta de dentro.
O que ele leu fê-lo agarrar-se á porta do frigorífico e empalidecer:
"Meu amor, não vejo a hora de me juntar a ti para sempre.
Esta noite põe o nosso plano em acção.
Não te esqueças de que o vinho verde da garrafa com a marca no rótulo foi a
que eu preparei com o veneno. Abre as duas garrafas, põe a boa dentro do frigorífico, assim como os camarões. Ele deverá beber antes de ti. Tu deverás fazer uma cara esquisita e dizer que o vinho tem bocadinhos de cortiça da rolha. Enquanto ele bebe, tu irás deitar o vinho fora. Depois irás buscar os camarões. Sem que ele note, enche o teu copo da outra garrafa que estará dentro do frigorífico e bebe um golo.
Deverão sentar-se à mesa e fazer o jantar romântico. O efeito é rápido e em 3 minutos ele sucumbirá de paragem respiratória. Assim que estiver tudo completo, telefona-me. Não tenhas medo. Tudo irá correr como planeamos.
Amo-te.
António"

Arrumou tudo como estava e esperou que ela chegasse.
Beijaram-se. Ela disse que tinha preparado um jantar romântico e ele sorriu para ela com cara de satisfação. Sentou-se à mesa e ela serviu-lhe o copo. Depois encheu o dela e fizeram um brinde ao amor. Ele bebeu-o quase de enfiada, deixando apenas um dedo no fundo.
- Está bom, bem fresquinho - disse.
Ela, entretanto pôs o copo à boca mas depois recuou :
- Amor, tem bocadinhos de cortiça.
Foi ao lava-loiças e deitou-o fora. Depois, calmamente, passou o copo por água e, sem que ele notasse, abriu o frigorífico e encheu o copo da outra garrafa que estava aberta lá dentro, como tinha planeado. Tirou os camarões que estavam a refrescar e serviu-os na travessa que pôs no centro da mesa.
Sentando-se bebeu meio copo e fez uma cara de satisfação olhando para ele.
Ele estava divertido. Comeu dois ou três camarões, serviu-se de mais um pouco do vinho e ofereceu-se para encher o copo à esposa. Arrepiou-se quando ele fez o líquido borbulhar no seu cálice.
Ela sentia como o tempo parecia ter congelado. Eram só três minutos...
E que suores que sentia, e que aflição...
Custava a respirar.
- Amor,- disse ele - quem é o António?
Ela não deu resposta. Olhava para ele com um olhar vidrado e os lábios azulados.
- Quando estiveres com ele, diz-lhe que pelo que vi leva mais de três minutos a fazer o efeito prometido.
E dizendo isto preparou o carregador da pistola. Tirou o telemóvel à esposa em agonia, procurou na agenda e marcou um SMS para o endereço "ANT.":
- Não posso falar, missão cumprida, manda sms. Vem ter a casa, estou à espera. Amo-te - e carregou na tecla enviar.
Esperou pela resposta. Com satisfação viu a confirmação na volta em resposta.
Aproximou-se dela, que lhe esticava as mãos em pedido de auxilio e disse-lhe com um sorriso sarcástico enquanto descascava mais um camarão:
- Sim, troquei os rótulos das garrafas, mas em breve irás conseguir o que tinham planeado. Irão estar juntos para sempre...

Charlie

Férias Húmidas - 4


(via CreamysNetwork)

20 agosto 2005

Tão estranho, censurarem este panfleto...

Scrubbers, uma empresa de lavagem de carros de Luton, no Reino Unido, resolveu distribuir panfletos promocionais com o slogan "The best hand job in town" (qualquer coisa como "a melhor punheta da cidade").
Por que motivo terá a Britain's Advertising Standards Authority censurado este panfleto? Até os nomes dos vários serviços prestados eram angelicamente inocentes, como "In n Out", "Polish Off", "The Quickie", The Full Monty" e "Personal Service".
A notícia está aqui.
O panfleto, em tamanho grande, está aqui.