Haiku - pequeno poema minimalista de origem japonesa
Mergulho no mar
Como mergulhas no meu corpo,
Sedento de mim.
(18.08.2005)
LXVIII - espera
Bruno Hass
Deitada na cama,
Aguardo tua chegada
Despida de mim.
(14.08.2005)
LXII - chegada
Desabaste em mim
Como furacão de prazer.
Sereno, partiste.
(24.07.05)
LXI - reinvenções
Queria beijar-te,
Reinventar teus desejos,
Incendiar-te sempre.
(23.07.2005)
Jacky
Amorizade
23 novembro 2005
22 novembro 2005
O Café do Charlie - por LolaViola
O conto Café, do Charlie, fez sucesso e originou várias propostas de finais possíveis.
A LolaViola propõe-nos mais este:
A noite fora longa e fria. Nem os cobertores tirados do roupeiro antigo de mogno, tristemente encostado ao espelho que já não reflectia o brilho das manhãs de outrora, lhe aqueceram a alma e o corpo.
A manhã tornara-se a obrigação rotineira de sair de dentro de si, da sua casa, do seu silêncio.
A rua era o prolongamento dos seus dias. Uma fina camada de gelo cobria de branco a cidade, tornando os seus olhos ainda mais claros e vazios de cinzento azulado.
Escondendo o seu frágil corpo ainda jovem e ainda e sempre virgem de sonhos de paixões inventadas, no eterno casaco de fazenda, com que cobria os desejos por descobrir, aventurou-se na aventura do dia.
Frio. E ela desejava tanto a decomposição deste branco de gelo nas cores que nunca tinha visto, mas que sabia existirem todas no arco-íris sobre o qual já adivinhara notícias.
Sabia que teria de andar um pouco mais até chegar à estação de metro que todos os dias a engolia no seu poder feito de cimento, de ruído de máquinas assustadoras e de esculturas do mestre Cutileiro que lhe povoavam os sonhos.
Sabia que seria devorada uma vez mais pela multidão anónima das suas manhãs de todos os dias.
Sabia que o seu dia seria igual a tantos outros, apenas povoado pelo cheiro a café que dominava os seus sentidos e o seu corpo debaixo do avental branco que lhe tapava o desejo.
Talvez hoje o seu cliente especial aparecesse no café. Talvez lhe pedisse um café e ela perguntaria como sempre, com açúcar, e ele diria que sim, com açúcar e ela desejaria gritar-lhe que os dias avançam, que os relógios não param, que o seu corpo definhava todas as noites debaixo dos lençóis, que acordava em susto imaginando um corpo macio de homem junto do seu.
Talvez hoje tivesse coragem. Talvez esta noite se ouvisse por toda a cidade o diálogo que trazia na cabeça, na alma, na pele, nas coxas, trémulas de frio, de solidão.
- Sabes o que é a sedução?
- Sei de ti.
- Sabes como me seduziste?
- Sei de mim. Encontrei-te e apenas me procurava a mim.
- Eu procurava a magia e encontrei um homem. Estás aí?
(Estou. Estou contigo e comigo enquanto sentirmos o aroma de uma chávena de café em sorrisos. Estou contigo e comigo nas noites em que as tuas lágrimas ensoparem o meu sofá. Estarei contigo depois de conhecer cada centímetro da tua pele, depois de te abraçar, depois de te fazer gemer de prazer, depois de eu morrer no teu sexo para renascer no teu olhar)
LolaViola
A LolaViola propõe-nos mais este:
A noite fora longa e fria. Nem os cobertores tirados do roupeiro antigo de mogno, tristemente encostado ao espelho que já não reflectia o brilho das manhãs de outrora, lhe aqueceram a alma e o corpo.
A manhã tornara-se a obrigação rotineira de sair de dentro de si, da sua casa, do seu silêncio.
A rua era o prolongamento dos seus dias. Uma fina camada de gelo cobria de branco a cidade, tornando os seus olhos ainda mais claros e vazios de cinzento azulado.
Escondendo o seu frágil corpo ainda jovem e ainda e sempre virgem de sonhos de paixões inventadas, no eterno casaco de fazenda, com que cobria os desejos por descobrir, aventurou-se na aventura do dia.
Frio. E ela desejava tanto a decomposição deste branco de gelo nas cores que nunca tinha visto, mas que sabia existirem todas no arco-íris sobre o qual já adivinhara notícias.
Sabia que teria de andar um pouco mais até chegar à estação de metro que todos os dias a engolia no seu poder feito de cimento, de ruído de máquinas assustadoras e de esculturas do mestre Cutileiro que lhe povoavam os sonhos.
Sabia que seria devorada uma vez mais pela multidão anónima das suas manhãs de todos os dias.
Sabia que o seu dia seria igual a tantos outros, apenas povoado pelo cheiro a café que dominava os seus sentidos e o seu corpo debaixo do avental branco que lhe tapava o desejo.
Talvez hoje o seu cliente especial aparecesse no café. Talvez lhe pedisse um café e ela perguntaria como sempre, com açúcar, e ele diria que sim, com açúcar e ela desejaria gritar-lhe que os dias avançam, que os relógios não param, que o seu corpo definhava todas as noites debaixo dos lençóis, que acordava em susto imaginando um corpo macio de homem junto do seu.
Talvez hoje tivesse coragem. Talvez esta noite se ouvisse por toda a cidade o diálogo que trazia na cabeça, na alma, na pele, nas coxas, trémulas de frio, de solidão.
- Sabes o que é a sedução?
- Sei de ti.
- Sabes como me seduziste?
- Sei de mim. Encontrei-te e apenas me procurava a mim.
- Eu procurava a magia e encontrei um homem. Estás aí?
(Estou. Estou contigo e comigo enquanto sentirmos o aroma de uma chávena de café em sorrisos. Estou contigo e comigo nas noites em que as tuas lágrimas ensoparem o meu sofá. Estarei contigo depois de conhecer cada centímetro da tua pele, depois de te abraçar, depois de te fazer gemer de prazer, depois de eu morrer no teu sexo para renascer no teu olhar)
LolaViola
21 novembro 2005
Garfiar - Salmo 158
"Ó velhinho, então isto nunca mais acaba?"
A vida de divorciado sexualmente activo não é fácil. Entre mudar de mão e dispendiosas percas de tempo, o divorciado mantém uma média de sexual intercourses (sempre quis escrever isto) pouco diferente da vida de casado.
A vox populi diz o contrário e a malta pensa que o divorciado pro-militarista (marcha tudo) é um verdadeiro garanhão lançando a semente contra a borracha a todo o momento.
Nada mais falso, digo eu. Entre saídas totalmente patéticas, puras perdas de tempo, investimentos vultuosos em cartas furadas, moças casamenteiras, complicadas, estranhas e taradas (que, felizmente, também as há), o solteiro médio lança o barro e cola-o à parede só de vez em quando, e, dessas ocasiões, só muito raramente sente que o sémen saiu justificadamente.
Quanto ao mito, se pensar que sou eu que sou totó (pode muito bem dar-se o caso), fico sem explicação para a afluência desmedida, financeiramente ruinosa e, quase sempre, sexualmente frustrante de homens aos bares de strip, às casas de alterne e aos lupanares. É certo que muitos são casados (que, normalmente, são como a fama do vinho do Porto, vêm de longe), mas os divorciados (mais à vontade e, portanto, de mais perto) são como os mexilhões na costa da Galiza, muitos, agarrados e só saem se os tirarem de lá. É certo que também os há solteiros, imberbes e borbulhentos, mas esses, os últimos românticos, ainda acreditam no amor e só lá vão para dar descanso à grande amiga, Palmita de la Mano.
Ora (voltamos aos divorciados, esses cães sem dono), se os colegas de estado civil se safassem como se julga, não tinham tempo, dinheiro, paciência, vagar e pujança para depois, nos tempos livres, andarem como loucos a correr a noite a pagantes. Estavam a descansar ou, pelo menos, não estavam lá.
Há, no entanto, uma questão económica subjacente a tudo isto, que condiciona as nossas escolhas e nos conduz irremediavelmente para o que se compra em detrimento do que se paga ("não há almoços grátis", lembram-se?). Na verdade, se o divorciado seguir uma postura comedida, uma presença com tino, um balanço com calma, uma integração com recato e muita cabeça fria, sai mais barato comprar e seguir do que pagar, entreter e, talvez, ter.
É duro?
É o que há.
Elas queixam-se? Nós também.
de Garfiar, só me apetece
A vox populi diz o contrário e a malta pensa que o divorciado pro-militarista (marcha tudo) é um verdadeiro garanhão lançando a semente contra a borracha a todo o momento.
Nada mais falso, digo eu. Entre saídas totalmente patéticas, puras perdas de tempo, investimentos vultuosos em cartas furadas, moças casamenteiras, complicadas, estranhas e taradas (que, felizmente, também as há), o solteiro médio lança o barro e cola-o à parede só de vez em quando, e, dessas ocasiões, só muito raramente sente que o sémen saiu justificadamente.
Quanto ao mito, se pensar que sou eu que sou totó (pode muito bem dar-se o caso), fico sem explicação para a afluência desmedida, financeiramente ruinosa e, quase sempre, sexualmente frustrante de homens aos bares de strip, às casas de alterne e aos lupanares. É certo que muitos são casados (que, normalmente, são como a fama do vinho do Porto, vêm de longe), mas os divorciados (mais à vontade e, portanto, de mais perto) são como os mexilhões na costa da Galiza, muitos, agarrados e só saem se os tirarem de lá. É certo que também os há solteiros, imberbes e borbulhentos, mas esses, os últimos românticos, ainda acreditam no amor e só lá vão para dar descanso à grande amiga, Palmita de la Mano.
Ora (voltamos aos divorciados, esses cães sem dono), se os colegas de estado civil se safassem como se julga, não tinham tempo, dinheiro, paciência, vagar e pujança para depois, nos tempos livres, andarem como loucos a correr a noite a pagantes. Estavam a descansar ou, pelo menos, não estavam lá.
Há, no entanto, uma questão económica subjacente a tudo isto, que condiciona as nossas escolhas e nos conduz irremediavelmente para o que se compra em detrimento do que se paga ("não há almoços grátis", lembram-se?). Na verdade, se o divorciado seguir uma postura comedida, uma presença com tino, um balanço com calma, uma integração com recato e muita cabeça fria, sai mais barato comprar e seguir do que pagar, entreter e, talvez, ter.
É duro?
É o que há.
Elas queixam-se? Nós também.
de Garfiar, só me apetece
Isto é que são umas jantes do caralho!
Viatura artilhada da Gotinha
Segundo o JF, "São jantes dum carro a jacto"
O Mano 69 aproveita para me oder:
"Nove pilas artilhadas
E estão todas viradas
Convergindo as danadas
Para o centro da deciSão"
E o Orca ode:
talvez jantar que é almoço
centrifuga sensações
num ai-jesus-que-não-posso
pois 'inda que nove sejam
bem apontadas ao centro
há-de ser certo que almejam
ter cabidela lá dentro
quatro tropeçam no perno
quatro lançam-se ao caminho
a última de danada
manda foder-se o carrinho...
20 novembro 2005
CISTERNA da Gotinha
Sarabande: pinturas hardcore.
Fechadura e vibrador disfarçado de telélé: duas sugestões impecáveis d´O Vilacondense.
Doctor Mercurious: galeria de fotografia para quem gosta de duetos...
Seraphim: arte BDSM.
Calendário 2006 com a Magda Gomes... alguém já tinha ouvido falar da menina??!
Ginástica sem equipamento adequado.
Fechadura e vibrador disfarçado de telélé: duas sugestões impecáveis d´O Vilacondense.
Doctor Mercurious: galeria de fotografia para quem gosta de duetos...
Seraphim: arte BDSM.
Calendário 2006 com a Magda Gomes... alguém já tinha ouvido falar da menina??!
Ginástica sem equipamento adequado.
Show eclético vaginal.
Nada... - por Charlie
Ele chegou-se ao pé dela, aproximando-se por trás como costumava fazer.
As mãos em cima dos ombros.
Fez a mesma pressão nos mesmos sítios habituais.
Seguindo uma rotina que ela conhecia como as rugas que as peças de roupa deixam na pele.
Seguiu com a mesma cadência.
Sem que ela sentisse a emoção duma surpresa.
Os mesmos gestos, os mesmo sorrisos.
Uma palavra diferente que fosse teria feito toda a diferença.
Um poema dito aos ouvidos e as mãos a passar lentamente por caminhos novos no seu corpo infinito de mulher.
Ela voltou-se para ele e pôs-lhe as mãos sobre os ombros e fechou os olhos.
Beijou-o, procurando nos lábios dele o encanto da paixão que vivera anos antes.
Em vão.
Nos lábios apenas um gosto a aromas perdidos, levados pelo instalar mortificador da rotina.
Ele baixou as mãos como fazia há tantos anos. Seguindo o mesmo percurso.
Ombros, axilas, cintura e finalmente o sexo. Sem uma única variante, uma única alteração na viagem mais maravilhosa que dois seres podem encetar.
Depois puxou-a mais para si.
Deitou-a no sofá e penetrou-a.
Uma vez e outra.
Com a mesma cadência de sempre.
Sem uma palavra.
Sem mais uma carícia que fosse.
Pelos olhos fechados duas lágrimas espreitaram.
Ele saiu dela e riu-se de rosto suado.
Ela de olhos fechados.
Molhados.
Vivendo a ruína dum sonho.
E ele a deitar-se de rosto risonho
No dia seguinte ele acordou gelado.
Não tinha ninguém ao lado.
A cama fria e abandonada
E uma carta na almofada.
Abriu-a:
Não dizia nada...
Charlie
As mãos em cima dos ombros.
Fez a mesma pressão nos mesmos sítios habituais.
Seguindo uma rotina que ela conhecia como as rugas que as peças de roupa deixam na pele.
Seguiu com a mesma cadência.
Sem que ela sentisse a emoção duma surpresa.
Os mesmos gestos, os mesmo sorrisos.
Uma palavra diferente que fosse teria feito toda a diferença.
Um poema dito aos ouvidos e as mãos a passar lentamente por caminhos novos no seu corpo infinito de mulher.
Ela voltou-se para ele e pôs-lhe as mãos sobre os ombros e fechou os olhos.
Beijou-o, procurando nos lábios dele o encanto da paixão que vivera anos antes.
Em vão.
Nos lábios apenas um gosto a aromas perdidos, levados pelo instalar mortificador da rotina.
Ele baixou as mãos como fazia há tantos anos. Seguindo o mesmo percurso.
Ombros, axilas, cintura e finalmente o sexo. Sem uma única variante, uma única alteração na viagem mais maravilhosa que dois seres podem encetar.
Depois puxou-a mais para si.
Deitou-a no sofá e penetrou-a.
Uma vez e outra.
Com a mesma cadência de sempre.
Sem uma palavra.
Sem mais uma carícia que fosse.
Pelos olhos fechados duas lágrimas espreitaram.
Ele saiu dela e riu-se de rosto suado.
Ela de olhos fechados.
Molhados.
Vivendo a ruína dum sonho.
E ele a deitar-se de rosto risonho
No dia seguinte ele acordou gelado.
Não tinha ninguém ao lado.
A cama fria e abandonada
E uma carta na almofada.
Abriu-a:
Não dizia nada...
Charlie
19 novembro 2005
Ostracizar - por Charlie
O Charlie foi acusado de ostracizar a Maria. Ao abrigo do direito de resposta, ele ode:
"Jamais seria capaz de tamanha desfaçatez.
Se há coisa que gosto é de uma bela ostra aberta.
Como a natureza fez.
Sem outro enfeite aromático que não seja um pingo citrino.
A atiçar o desejo de uma língua gostosa, que após a salivação inicial lhe toma todo o corpo em lances de interioridades abrindo, isso sim.
Vontades de sabor e continuar as aberturas...
E provando sempre mais e mais mar e limão
Sentir o conforto de num golpe de mão
Engolirmos com elas o gozo das funduras
Charlie"
A Maria abre a concha e mostra que sabe:
Das Ostras, já o sábio
dizia, e com razão:
- Mais vale uma ostra no lábio
do que uma casca na mão...
Por isso manda a sageza
abrir a casca sem medo
Deixar pingar a ostra é destreza!
Lamber o pingo... é o segredo...
O Charlie ode esta sabedora dos segredos da dita:
A mulher, esse Ser sensível
Dos saberes, nem se suspeita
Tem na ostra, a parte visivel.
Das funduras de que é feita
Todo elas em areias
em espumas e ondeares
Mergulhamos toda a vida
Não lhes terminamos os mares
Um eterno de sabores
Infinitos em gostosuras
Sonhos línguas e suores
traz a Ostra das funduras
E é tudo o que se quer
quando um pingo alí à mão
Nos traz sonhos de mulher
Mar e sal em gosto de limão
"Jamais seria capaz de tamanha desfaçatez.
Se há coisa que gosto é de uma bela ostra aberta.
Como a natureza fez.
Sem outro enfeite aromático que não seja um pingo citrino.
A atiçar o desejo de uma língua gostosa, que após a salivação inicial lhe toma todo o corpo em lances de interioridades abrindo, isso sim.
Vontades de sabor e continuar as aberturas...
E provando sempre mais e mais mar e limão
Sentir o conforto de num golpe de mão
Engolirmos com elas o gozo das funduras
Charlie"
A Maria abre a concha e mostra que sabe:
Das Ostras, já o sábio
dizia, e com razão:
- Mais vale uma ostra no lábio
do que uma casca na mão...
Por isso manda a sageza
abrir a casca sem medo
Deixar pingar a ostra é destreza!
Lamber o pingo... é o segredo...
O Charlie ode esta sabedora dos segredos da dita:
A mulher, esse Ser sensível
Dos saberes, nem se suspeita
Tem na ostra, a parte visivel.
Das funduras de que é feita
Todo elas em areias
em espumas e ondeares
Mergulhamos toda a vida
Não lhes terminamos os mares
Um eterno de sabores
Infinitos em gostosuras
Sonhos línguas e suores
traz a Ostra das funduras
E é tudo o que se quer
quando um pingo alí à mão
Nos traz sonhos de mulher
Mar e sal em gosto de limão
tocar
toca no teu corpo
ao som da minha voz
toca no teu sexo
ao ritmo do meu desejo
na cadência louca
das palavras loucas
que trocamos
que nos excitam
e se apoderam
dos nossos sentidos
toco no meu corpo
ao som da tua voz
toco no meu sexo
ao ritmo do teu desejo
até ao orgasmo
que ambos sentimos
Corpos e Almas
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