24 maio 2006

- Tou, Rosa, não vais acreditar.
Era já tarde, mal lhe reconheci a voz ao telefone, quanto mais imaginar o que teria para me contar.
- Onde andas tu?, ainda perguntei a ver se conseguia perceber no seu tom de voz qualquer pista para saber como lhe falar. Então ela contou.

Estou no cais. Vim aqui beber um copo, sabes como é quando não se tem vontade de ir para casa. Vim apanhar ar, fumar uns cigarros, beber uns copos, sabes que há horas em que uma pessoa parece que sufoca dentro de si mesma.
Quando me pareceu que estava suficientemente anestesiada para ir para casa e não lhe sentir o vazio, preparei-me para pagar e ir embora. Foi quando o vi entrar. Primeiro quase não o reconheci. Parecia um velho, magro, ferozmente bronzeado e, não vais acreditar, sem dentes.
Dirigiu-se a mim, algo inseguro e perguntou-me: Ainda te lembras de mim?
Curiosamente, Rosa, respondi-lhe sem qualquer emoção, que sim, que me lembrava. Mas sem qualquer emoção, repara. Como se ele não tivesse sido o quase-Vítor da minha vida, desculpa querida, falar-te do Vítor, mas é só para que te lembres do que este homem foi para mim. Já lá vão quantos? 10? 15 anos? E contudo...
Mas foi sem emoção que lhe respondi. Fria como o gelo. Afável tanto quanto o somos para o empregado do café ou da papelaria.
Ele sentou-se à minha frente. Começou por explicar porque não tinha dentes, não é patético, Rosa, que este homem assim me surja? E pensar que o guardava com memória amarga. Ressentimento talvez, porque foi o único homem com quem me enrolei mas com quem não fodi. Não chego a perceber porque não chegámos a foder, mas gosto de pensar que ele temia não se aguentar à bronca. Quer dizer, tu lembras-te de eu te contar como estivémos sempre lá quase, mas o gajo retraía-se.
No final percebi que me sentia de algum modo satisfeita com as agruras que me contava. Fui má, ressabiada, mas sei que ele merecia esta vingançazinha por me ter deixado à nora.

Que cabra, pensei eu, sem querer ver que poderia estar a contar-me uma parte da minha própria história. Teremos sempre esta necessidade de confirmar que os homens que deixámos para trás ainda não conseguiram ser felizes? Sem querer saber da resposta, apaguei o cigarro e carreguei no play para ver uma vez mais o "Disponível para amar".

Pontos de vista sobre a piça

A piça de qualquer 'home'
é difícil de compreender:
Fica alegre quando tem fome
e triste depois de comer.


Dina

O instrumento do 'home'
é bem fácil de entender:
Exulta quando tem fome
e faz sesta após comer


Gabriel


Quando se diz que uma piça
é difícil de entender
Chamem o gajo à liça
virem-lhe o cu... e mandem-no foder!


Viperino

Uma piça trabalhadora
tem direito a descanço
para logo em seguida
dar outras sem falhanço.


Avis(o)

O George Coast põe um ponto de ordem à piça (e já tínhamos saudades destas lucubrações de intelectual tripeiro):
"Bátão... bá lá... siga a rima... bátão.
(estou farto de ler a palabra piça)
Que gente mais mal criadinha ! (Se bem que nem todos aqui serão magros... pois então!)
Eu... conas e assins, ainda bai, agora piças é que não... não senhor... que eu sou do norte!
E piça aqui não se diz, não senhor, que é asneira. Caralho sim... que é coisa de macho... que é coisa do povo... que é coisa do caralho... agora piça, não. Não há razão para chamar piça ao caralho que se tem na mão!
Nunca o bom pobo do norte disse: «Aquela gaja é boa cumá piça». Não, aqui é de boa educação (pois então) dizer-se : «Aquela gaja é boa cumó caralho»
Se bem que nunca entendi lá esta merda muito bem! Boa cumó caralho?! Mas então?! Cumó caralho?!...
Ele... ele há qualquer coisa que me está a escapar...
(a língua do pobo por bezes é tramada)"

Mestres da BD erótica - por Serge



(crica nas imagens para as aumentar)
Hoje o Serge, do blog «Dessinées», apresenta-nos YSLAIRE (Hislaire Bernard), argumentista, desenhista e colorista belga, nascido em 1957. É autor de séries como «Le ciel au-dessus de Bruxelles», «Sambre» e «XXe Ciel.com».

Engano! - por Alcaide

Não era alta e tinha um ar trigueiro
Redonda sem ser forte mas bem feita
Pernas compridas uma cinta estreita
Forma perfeita era aquele traseiro

Olhava com ar lânguido e matreiro
Olhos pequenos que pintura ajeita
Boca escarlate onde uma língua espreita
Seios nunca vistos em mundo inteiro!

O sorriso traduzia altivez
Flor bem tratada num canteiro farto
Que embelezava a rua desta vez

Quero esta beleza!... P'ra ela parto!
Aquela voz de homem... que mal me fez!
"Filho! Sou travesti... vamos p'ro quarto?"

Alcaide

O Nelo não perdeu a oportunidade para oder uma «melher»:

"É já çabia cu Alcagoita
Era home cá dus méus.
Xprementou a coiza louca
E çubiu inté ós céus

Diz lá intam Melhér
Cumo curreu a funsão
Conta lá cumo quiseres
- Foram-tó trazeiro, não?"

O Alcaide ode ao abrigo do direito de resposta (restante):

"Estava descansado a trabalhar
E não dei pela entrada do rabeta
Que mansinho me volta a versejar
Se levei no cu como ele... a treta.
Só te digo: o travesti era teu par
Dele fugi depressa. Nem punheta!
Dá-me nojo e repulsa a relação
Entre homens. Nem pensar em pôr a mão!

Deves ter esse cu como um pandeiro
Infecções, hemorróidas, pouca vida...
Talvez sejas exemplo, paneleiro
Dessa promiscuidade que traz Sida
Extremo vício sem cuidado inteiro
E aos incautos criam perigo p'ra vida
Serviço público à funda é fazê-lo
Com camisinha... mas lá dentro o Nelo!"

23 maio 2006

A São e Eu na Praia




Mirror Image

La Maleta Roja - o conceito de Tuppersex em Portugal

Quero dois dos azuis, um dos amarelos e duas dúzias de pilhas... recarregáveisChegou a Portugal o conceito de Tuppersex, criado nos EUA e implementado em Espanha (e agora entre nós) por «La Maleta Roja». A primeira reunião por cá será hoje, algures em Lisboa e algumas felizardas poderão ver e sentir (hmmm...) os brinquedos eróticos apresentados pela brasileira Gisele.
O conceito é genialmente simples, adoptado da Tupperware: reuniões de mulheres em casa de uma delas, em que são apresentados ao vivo produtos eróticos, como cosmética e brinquedos eróticos (para utilização a sós ou em boa companhia).
Um dia destes marco uma reunião para minha casa. Só não sei se haverá espaço para as minhas amigas todas... e camas...

"Querida São Rosas...

... vi esta foto e lembrei-me de ti.
Não me perguntes porquê
Nikonman"



Olha, Nikonman, a mim lembrou-me esta, não me perguntes porquê.

mal habituado

Dava-lhe com toda a força que tinha, mas faltava-lhe qualquer coisa. Via-lhe as nádegas nuas, redondas, perfeitas e ia e vinha com prazer, mas sentia que queria mais. Ouviu-a gemer e depois gritar. Deu-lhe palmadas nas nádegas e ela sorriu e gemeu, agarrou-lhe nos quadris e meteu até poder. Tirou sem sair e deu-lhe com ritmo, com pujança, com gosto. Com fervor. Mas sentia que faltava qualquer coisa e lembrou-se do Brasil, onde com 30 euros fazia a mesma coisa e tinha outra a lamber, a empurrar, a beijar.

crica para visitares a página John & John de d!o

22 maio 2006


Havia muito tempo que não sentia a quentura de um olhar assim toldado pelo desejo.
Parece treta lírica barata, mas foi assim que mo contou e acredito que foi assim que o sentiu.
Uma coisa era o desejo morno que lhe chegava com os piropos, com as cabeças que se viravam para a seguir com o olhar. Uma coisa era o desejo esperado de um envolvimento que começava com os beijos e carícias costumeiros e que ela já sabia de cor.
Outra coisa tinha sido este calor. Aquela espécie de calor que turva o olhar de quem o sente, que faz os gestos surgir incertos, que enrola na língua as palavras.
Foi tudo isto que viu nele. Num breve momento, daqueles que são um pequeníssimo instante, um sopro pelo qual mal damos se nos calha distrairmo-nos a acender um cigarro, mas um instante infernalmente quente, daqueles que geram a primeira onda de volúpia.
Não tinham faltado sinais de que ele a queria, tanto como outro qualquer, uma resposta fácil e imediata aos impulsos animais de cada um. Mas este olhar, este fogo que por um instante brilhou no seu olhar, o quase constrangimento, conferiram-lhe uma certa nudez, daquelas que nos despem o pensamento.
Por um instante, brevíssimo, ela sentiu-se poderosa. Foi o poder de, ainda que por um instante, estar no controlo, o leme era seu, levava-o onde ele suplicava que fosse, ou não. Ela decidia perante a total incapacidade do homem, por um instante refém de um desejo que não esperara tão intenso.
Há instantes assim. Raríssimos. Estes são quase de corpo e alma. O que vem depois já não interessa, depois é sempre igual. É este o momento. Absoluto. Pleno.
Ou, pelo menos, assim mo contou.

fotografando o dia

São, não sou capaz de te recusar nada!...


provocação

fazem números de nós
amor
de quase nada
e no entanto há tanto
tanto amor
feito de nada.

- foto e poema de OrCa

A pedido de vários membros e membranas, o OrCa esclarece:

como dizer-vos o nome da rua
que pedis nesse tom tão ligeiro?
a verdade bem nua e mais crua
é ser rua deste mundo inteiro

pois por mais que se ande e desande
que se crie, se funda, se inove
seja qual for a rua em que se ande
há-de haver por lá um seis e um nove

e depois cada um que se ajeite
ao sair ou entrar na função
e se apure no doce deleite
de brincar com tal numeração...

O Charlie dá uma achega (contracção de «ai» com «chega», verbo dúbio muito usado pelas gajas, que tanto quer dizer «basta» como «aproxima-te»):

"Em voltas loucas e infinitas
Onde já não se encontra o Norte
Andam de cabeça aflita
Procurando a sua sorte.

Estarei agora em cima,
e tu lá do lado de baixo,
Ou será que troco ainda
O sítio que já não acho?

Vejo-te todo enrolado
No novelo que me envolve
O setenta é ao lado
O meu é o sessenta e nove."

O Alcaide oferece-se para testes:

"Serei o seis com as pernas para cima
Serás o nove com pernas para baixo
Sessenta e nove é a casa que anima
Se bonito o nosso amor eu já encaixo"


A Papoila Rubra agradece o esclarecimento:

"Resta-me então agradecer
ao gentil cavalheiro OrCa
a vontade de me esclarecer
com tão esmerada resposta

Quando o corpo à delícia convida
e há desejo que a vontade comporta
de nada serve o nome da rua...
que se lixe o número da porta!"

Acautelar o futuro.

Entretanto os responsáveis Europeus continuam a lutar diariamente por repor as populações de pescado no Atlântico norte, não só diminuindo as capturas, através de quotas impostas às frotas pesqueiras, mas também incentivando a procriação, sobretudo em espécies em perigo. Ainda há esperança.

Já! Nela... com força.




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Menina estás à janela,
com o teu. Que bela
é nua, sem senão.
Vou-me embora
que já chove
na rua.