"Ai melhéres.
Calem-çe daí... Foi um fartoti de riri... ehhehehehheehhhh.
Como lhis diçe, na
córnica anterior, foi tiro e queca.
A minha vezinha nunca más me diçe nada despois de ter apanhade o çeu marido mejmo com a touca na botija, melhéres.
Cuase que nam ia dande certo, quela logo logo nam quiz vir que nam stava arranjada, inda com a roupa de dormiri, praçia a minha Efigénia com a cabessa tapada pra nam stragari o pinteado... hi hihihihi.
Mash depois deu lhe diser que era uma coiza pró sinhori Augusto o seu maridu, e qui era urgenti e açim, asho que trocou uma libelinha na sua entiligênsia, caçim de repenti, já nam fasia difrença a rôpa e o aspéto do pinteado. Fugio scadábaicho, açim cumo quem vai tirar o inforcado da tropa, e çe quereim çaberi, melhéres, já nam a vi quande sheguei á intrada do prédio. Intrei no café da Isabelita, pedi uma bicona, e pus-me a spretar açim pelo vidro da montra, cu cafei tem um avansado onde fas xplanada, e que quande tá frio fechom com eçe vidro plásquito, asho que lhe shamom o aclirico. E açim dá pra genti ver a intrada do prédio e da lambisgoita loura cablereira, que me leva os todos os homes bons mesmo debaicho das farpas.
Ai melhéres que foi o boi e o benzido!
Já çó vi ela çair do çalão da lambisgoita, logo atrash dele de camiza dezabotoada, scada assima çem abriri o bicu, ele munto vermelho, e percumetido, e ela com cara de quem engulio um fromigueiro cheio de avesparas.
Hihihihihihihiiiii... foi o mássimo...
Bem fêta melhéres. Agora, çe quizerem veri, o sinhori Augusto a shegar a caza sedo, e a çair de caza çem olhari prá porta da lambisgoita loira da cablereira…hihihihi é um fartoti, quinté já a Isabelinha me preguntou porque éu me ponhu açim de manhã sedo a olhar para a porta do prédio, e a riri baichinho e iço, e sonterdia diçe-mi açim:
- Escute lá senhor Nelo... o que faz agora o senhor a rir-se todos os dias a esta hora sempre aí fora no avançado do café, que nunca mais me deu dois dedos de conversa ao balcão?
Sperei um pôco açim cumo queim nam quer a coiza, olhando pra ela pelu rabinho (ai cala-te melhér) do olhu, a veri a criosidade stampada no rosto dela.
Asdepois atirêi:
- Çabe o qui é menina Belinha... Asho que tenho de falari com a Efigénia, pra ela falari com us otros sinhoris do prédio. Isto anda a presizari duma pintura…..Nam asha Menina Belinha?
- La achar até acho que já faz falta dar um ar melhor ao edifício, mas...
-Poizé. E já qui falamus em pintura. Menina Belinha, já reparou como a noça vezinha cablereira anda com us olhos tam pintados? Quaze nam çe nota per caza dos óliculos iscuros qui comessou a usar açim, de repenti, dum dia pró outro. Mazeu vi-a oje entrar pró çalão cando ela tirô os óliculos e reparei. Inté diçe pra mim: Ai Nelo melhér, que modas eshtas tam stranhas, que coiza melhér!!! Ai tanta maquilhaje... quinté paresse que tem ozólhos inshado. Já riparou, Menina? Ai, tá tam carregada melhér... çó visto! Aquilo devi seri eças coizas quelas veim nas revistas e açim... hi hi hi. Ai ai... Bem, deicha-me ir andar pra caza que tenho um córnica pra screveri prá çemana aqui duma coiza caínda ei-de falari conçigo. Inté logo Belinha fofa.
Beijinhos, melhéres.
Gonçalo Manuel, Nelo prós amigus"