08 novembro 2006

Hoje tou a fazer beicinho!!!
Tou memo tiste!
Atão o gajo chamava-se Maria, comia gajas e não era fufa, comia gajos e nem tinha cona... e agora, já a fazer tijolo e sem que a dita se lhe endireite mais, ainda me fode a mim...?
Tenho que fazer uma cena de ciúmes!
Atão a minha kida Sãozita no princípio dizia que o 6º Encontra-a-Funda era em terras do Pedro, agora já é em terras do Bocage...?!!!
Já não se pode ter a suprema glória de ser taberneiro alentejano num sítio escondido no meio de coisa-nenhuma sem que um rebenta-tampos de antanho nos roube os pergaminhos...?!!!
Ora porra!
Tou tiste!
A Sãozita pôs-mos!
Tou a fazer beicinho!
Se o encontrão é em terras do Bocage, vamos todos encontrar-nos numa tarde mijando ao vento e eu já não digo o meu Cântico Vivo, como disse no Porto, já não não partilho com mais ninguém a minha épica elegia à punheta!!!
Pronto!
Tou a fazer beicinho!!!
(beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho) (beicinho)

Do visitante 900313.

Parabéns para nós todos,
Nesta data fodida,
Muitas vaselinidades
Muitos anús de vida.


Ficam então aqui três presentes, um por cada ano, para a dama mais sexy de toda a blogosfera lusitana (e arredores). Por ser para ti São Rosas vou contra os meus princípios e fins, e ponho aqui fotografias de gajos podres de bons (Deus me perdoe, que Ele sabe que é por uma boa causa. Ai se os meus inimigos políticos ivaginam que andei a mexer em imagens destas...)

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Pá, é o que se arranjou assim à pressa.
Não gosto muito de aniversários. Fico sempre com os olhos marejados de lágrimas...

os três da funda...





raim's blog

Milhões de parabéns!!!


Todos sabem como são as mulheres quando nos esquecemos de aniversários ou outras datas importantes. Como eu não sou egoísta, e serviço púbico é isto mesmo, vou partilhar convosco a estratégia que me tem mantido à tona em todos (sim, nos dois!1) relacionamentos que já tive. Sigam à letra as regras seguintes e vão ver como a vida pode ser bela:
  1. Dia dos namorados: comprar lingerie erótica 3 números abaixo do dela - fica-te a matar!;
  2. Aniverário do namoro: idem, quatro números acima - estás tão magrinha!?!;
  3. Aniverário dela: variações da única peça de roupa dada que ela verdadeiramente tenha gostado - ficas tão bem nessa roupinha...;
  4. Natal: aproveitar para dar aquilo que eu preciso - é mesmo o que estávamos a precisar não é?;
  5. Nos respectivos jantares comemorativos: esquecer a carteira em casa!;
  6. Aniversário meu: esquecer mesmo...
Não falha!
Como a minha querida São Rosas é especial desde já me disponibilizo para hoje saltar de dentro do bolo (até porque nu não tenho onde levar a carteira, eheh).

1 incluindo uma fox terrier linda de morrer

Três anos a afundar todos os dias

Caros membros e baratas membranas deste blog,

O que me divirto convosco...
Aqui... e nos belos momentos de encontro e convívio que já tivemos (dois na Mealhada, um em Carcavelos, um em Beja e um no Porto)... e que espero tenhamos mais vezes, sendo o próximo já daqui a pouco mais de uma semana...
E de vez em quando também falamos aqui a sério. São, normalmente, o que eu chamo «causas pelas quais vale a pena lutar». Falei nisso numa entrevista que dei à webrádio JornalismoPortoRádio (que nunca chegou a passar porque eles queriam sexo oral e eu só lhes dei sexo escrito). Alguns exemplos:

Graças ao blog porcalhoto, convivo com pessoas que nunca teria hipótese de conhecer, eu que sou uma inocente rapariga da província: malta que conta histórias, que cria personagens, que desenha, que cria poesia, que nos mostra o que há pelo mundo do erotismo, que se delicia e nos delicia (e é tão complicado para tanta gente apreciar as coisas simples da vida). É sempre uma agradável surpresa ver o que a malta da fundiSão publica, bem como ler e participar nos comentários. E hoje o contador há-de ultrapassar as 900.000 visitas.
Enquanto sentir que este blog me e vos dá prazer, continuará. Sempre tendo como um dos princípios basilares deste espaço a completa ausência de ataques e ofensas pessoais, porque essas atitudes fodem tudo e não são nada eróticas.
Só não encontrei ainda quem queira investir numa exposição da minha colecção de arte erótica, mas ainda se há-de vir... o dia...
Como diria a saudosa Amália:
- Obri'a'a! Obri'a'a! Muito obri'a'a!
Muito prazer.

Obrigada pelas mensagens de hoje,
  • Matahary, pelas 3 velas em 3 tortas de Azeitão;
  • Bartolomeu, pela tua vontade de fazeres questão na visita nº 900.000 e pelo teu poema:
    Neste dia de congratulações
    em que este blog faz anos
    exibam-se os nossos tesões
    os caralhos às conas unamos

    E todos com muita alegria
    por mais um ano passado
    oferecemos à São neste dia
    um minete bem esgalhado (começa tu, Nelo)

    Neste blog simpático
    divertido e liberal
    ha um princípio tácito
    de não foder o maralhal

    Aqui, somos todos iguais
    conscientes e brincalhões
    damos conselhos e sais
    p'ros que lhes doem os colhões

    E às nossas damas gentis
    que nos inspiram as prosas
    dedicamos as línguas servis
    começando pela São Rosas

    E ao Nelo em especial
    vou dedicar esta rima
    És um ser fenomenal
    detentor da minha estima
  • Maria Árvore, por propores que eu seja eleita como A Grande Portuguesa: "E para tal argumento com palavras do ICEP e vede lá se não se aplicam como uma segunda pele: Ser Português é ser sociável, caloroso, imaginativo, sentimental, aberto ao mundo. É ter paixão pelo novo, pelo que vem de fora, pelo diferente. É ter orgulho da própria herança, sem sombra de sobranceria. É, acima de tudo, estar disponível para os outros". Foda-se, que é lindo!
  • Mano 69, por estas flores que São Rosas, senhora:
  • zb, pelos conselhos técnico-eróticos;
  • Mad, por nos lembrares que somos uma família (no bom sentido);
  • Gotinha, pela obra bem feita... e pela que vem a caminho;
  • Raim, pela genialidade que pões ao serviço do erotismo;
  • SirHaiva, pelos três garbosos machos que me ofertaste;
  • Cientista, Ana, MN (mesmo alérgico ao badalo), Rafaelitolindo, Espectacológica (maluca querida), Dina (achas mesmo que te divertes muito mais aqui do que eu?!), Curioso (que acha que somos brilhantes - não mates - e se sente mais culto desde que começou a ser um visitante do nosso Blog), extrrrra-terrrrrráquea (pela flor que me ofereceste),...
  • E para encerrar, o contornável :-) Nelo:
    O Bartalodeli esgalhou
    Com uma mão beim lavada
    Uma bela segovia
    Em verçeja quadrada

    E verçeja mui beim
    De peito eim alfinete
    Cai de queicho mais aleim
    Faz o seu belu minete

    Ele çabe cumo nigueím
    As dossuras de um verço
    Cuma lingua que manteim
    Os lábios grandes eim aberto´

    Fica-lhi a alma açim sheia
    toda ela inspiraSão
    Nam á maior poeta
    Que a mão na punheta
    E a lingua éim rotação

    Mas sperem lá ai
    teim mais coiza que anima
    Ele tambéim aí diz
    Que les pula pra çima

    O Barto nam éi paspalho
    Que se feche em redoma
    Çabe da vida cu caralho
    çe mete tode na cona

    Mas lá tá ele de feitiu
    Atraveçadisso e mau
    Esquessendo cu Nelo
    Tameim gosta de pau!

    Ai quele tanto me desdenha
    Çó um verço ele me fash
    Çabendo queu me venho
    com mais verços atrás.

    Por iço meu amigo
    Nam te squessas por favor
    Nam me ponhas de castigo
    Bartolo, meu amor...

Confissão

Sim, senhor, eu conto-lhes como tudo se passou. Não vos conto como lá chegámos, porque isso, para o caso, não interessa nada e, se querem que vos diga, eu próprio não percebi muito bem.
Lembro-me de estarmos no sofá a conversar, era a segunda vez que eu a via, e quando a conversa começou a rarear – eu não sou muito falador, sabem, e ela também não me parece que fosse –, tocámo-nos. A minha mão passou na mão dela, assim como quem não quer a coisa, mas queria, claro que queria, e, com um pequeno movimento no sofá, lembro-me de nos beijarmos, de nos abraçarmos e de nos começarmos a esfregar um no outro como loucos. Isto tudo em silêncio, sempre em silêncio. Íamos dizer o quê? Que nos amávamos?! Ora, se nem nos conhecíamos. Mas beijávamo-nos como se fossemos velhos amantes… Hummm… Se calhar, os velhos amantes não se beijam assim, com tanta paixão, com tanta energia, com tanta sofreguidão! É isso mesmo, beijávamo-nos e esfregávamo-nos e apalpávamo-nos com sofreguidão, numa ânsia desvairada, que me levou lá, sempre em silêncio, sem um gemido, sem uma palavra. Para quê?
Mas isto agora não interessa nada, o facto é que tudo se passou a seguir quando eu lhe comecei a fazer o minete e ela começou a gemer, a tremer, a suspirar e, por fim, a gritar. Fazia-lhe o minete e ela gritava. Gritava! GRITAVA mesmo! Eu a lamber, a beijar, a chupar, a dedilhar, a pôr e a tirar e ela a gritar:
– AAAAAH! Siiiiim!!! Siiiiiiiiiiim!!!
E eu continuava, ainda que tanto barulho me fizesse confusão, complicava-me com os nervos, estão a ver?
Um grito, um ai, um gemido, tudo isso está muito bem. E quem diz um, diz vários. Sequências, harmonias, improvisos, interlúdios, fugas, sonatas, às vezes, até mesmo uma sinfonia. Se querem que vos diga já tenho ouvido de tudo. E gosto, atenção, gosto! Não me aborrece, não me complica o desempenho, não interfere com o processo. Oiço e gosto, mas aquilo era demais. Demais! Eram gritos, GRITOS, só gritos.
– AAAAAAH! Tu matas-me! Sim! Sim! Matas-me de prazer... OOOOOH!
E o que me começava a aborrecer profundamente é que me estava a saber bem. Ela tinha um ligeiro sabor acre, um pouco ácido e o seu corpo respondia imediatamente a todos os meus impulsos e movimentos. Havia electricidade a passar da minha língua e dos meus dedos para ela, não só no clítoris, na vulva, nos grandes e nos pequenos lábios, no ânus, nas nádegas, nas coxas. Na verdade, parecia-me que estava a tocar-lhe directamente no hipotálamo. Não é fácil, mas quer-me parecer que consegui uma ligação directa, e eu também não estava melhor, quer dizer, estava cada vez mais excitado, mais absorvido, mais frenético, mas mantinha a calma, estão a ver? Estava já num plano superior de consciência, fazia as coisas com calma, com tempo, com vagar…
Mas os
– Este tipo mata-me!!! AAAAh! Tu matas-me!!! Sim! SIM!
estavam a deixar-me à beira de um ataque de nervos. E “à beira” é uma forma um bocado fraca de qualificar o meu estado de espírito. A coisa estava a complicar-se, estão a perceber? A complicar-se… Eu a gostar e a gaja a gritar, continuamente a gritar, como uma sirene do nevoeiro, como um bezerro tresmalhado… A gritar, só a gritar, nem sei bem como o quê!
E os pêlos púbicos? Já vos falei dos pêlos púbicos? Sim, dos pintelhos, já falei? Não, pois não?! Eram perfeitos, aliás tudo nela era perfeito, menos os gritos, claro. Ela devia ter cortado os pintelhos aí há um mês e tal ou então aparava-os, cuidava-os, mantinha-os assim. Eram pintelhos bonzai, estão a ver? Sempre pequenos, curtos, aparados. Sempre naquela fase deliciosa em que não picam nem ainda são grandes… Quer dizer, estão lá, estão a ver?, mas não são demasiado grandes, nem enrolados. Sentia tudo, tudo. Era como uma ligeira camada de veludo, mas sem aquele ligeiro raspar desagradável que o veludo sempre tem, e, como já tinham um mês, não picavam. Um tufo perfeito, cheiroso, gostoso e bem aparado.
Era o céu. Ela cheirava bem, tinha um gosto óptimo, único, a pele era macia e agradável, o corpo movia-se sensualmente em resposta aos meus estímulos e eu estava absolutamente excitado, entusiasmado, no céu! Os nossos corpos moviam-se a compasso, com arrancadas, com desfalecimentos. Tudo! Tudo!
Mas a gaja não parava de gritar e de repente começou a dar à perna. Um movimento nervoso, grosseiro, espasmódico. A perna direita pareceu ganhar vida. Esticava-se, retraía-se, disparava! E ela começou a gritar pela perna, estão a ver? Não, melhor, ela começou a gritar com a perna. O volume e o ritmo dos gritos começaram a acompanhar a perna
– AH! AH! AH! OOOOOh! Sim! Sim! Boa! Boa! AH! AH! OOOOOOH!
Era demais!
Demais!
Quando ela gritou mais uma vez:
– OH! SIM! SIM! Tu matas-me! Matas-me! Este gajo mata-me!
Eu parei, suspirei profundamente, para ela perceber que os gritos me estavam a irritar, mas ela nada! Levantou a cabeça, olhou-me com enfado e gritou:
– Não pares! Não pares agora… – mas, depois, deixou cair a cabeça no sofá e pediu, num gemido sensual: – Estavas quase a matar-me de prazer, continua, por favor, continua!
Eu respirei fundo, pensei que ela se tivesse deixado dos gritos, e continuei. Continuei com gosto e vontade, até que ela tornou a gritar
– Siiiiiiiim!!! Mata-me de prazer! Mata-me! Mata-me!!!
Eu não aguentei mais. Gemi e fiz–lhe a vontade!

crica para visitares a página John & John de d!o

07 novembro 2006

Tempo para me Coçar


Ando tão ocupada que nem tempo tenho para me coçar....


Mimi Nikolova
Por vezes acontece que, de tanto tempo sem nos chamarem pelo nome, acabamos por esquecer que nome temos.
Assim como se tivermos fome durante muito tempo; chega um momento em que já só pensamos na fome que temos, mas já não nos lembramos do que gostaríamos de comer.
Assim como se estivermos sozinhos durante muito tempo, desaprendemos como é outro viver.
Ou então não é nada assim e eu simplesmente me esqueci do nome que tenho, que não é meu, obviamente, não temos nada; nem o nome escolhido.
Esqueci-me do meu nome por durante tanto tempo ninguém mo dizer.
Depois um dia, na rua, alguém chamou um nome de mulher. Ou de flor, mas as pessoas não andam pela rua a gritar nomes de flores. Só de mulheres. E eu ouvi o meu nome.
Só ao terceiro apelo atentei na voz. Não porque me lembrasse que era o meu nome, mas porque a repetição se torna irritante, e a irritação, esta da alma, consegue a reacção que tantos outros estímulos, ainda que com essa intenção, não conseguem.
Ouvi o meu nome e à terceira vez, olhei.

Havia muito que não me lembrava de ti. Habituei-me à tua ausência como nos habituamos a toda a simplicidade. Habituei-me ao espaço na cama como nos habituamos a tomar conta de nós mesmos. Habituei-me a caminhar a direito como se estivesse inteira.
Dantes, quando chamavas o meu nome, sussurravas. De duas maneiras, com ternura ou com urgência, mas era sempre sussurrado.
Nesse dia gritaste jovialmente o meu nome na rua. Agora Rosa já não é a flor feita espinho que trazias cravado na pele e nas mãos, nem púrpura será a cor de desejo algum.
Agora gritas Rosa na rua e eu não me lembro que sou eu.
Agora acenamo-nos de longe, como num filme francês, eu sorrio-te enquanto seguro o chapéu que teima em voar e depois do sorriso, do aceno, do nome de flor gritado na rua, cada um continua o seu bailado caminhar e como nos filmes, terei os outros homens, aqueles que não sabem o meu nome, aqueles que não sabem dos meus espinhos, aqueles que na cama não terão nome para me chamar, a ensaiar sorrisos e charmes que se perdem à flor da pele.

TIR - Termo de identidade


Nunca quis engravidar para aplicar o termo de identidade e residência a um gajo, tanto mais que, como dizia a minha avozinha, para quem não quer tenho eu muito e, a porta da rua é serventia da casa.

Eu estava ligada àquele gajo por cada poro da pele, reforçada pela cola dos estímulos neuronais que as nossas conversas despoletavam. O adesivo era tal que deteriorou a minha visão a ponto de os outros gajos serem apenas discos de vinil: bonitos e ultrapassados.

De modo que com a frágil criança aninhada nos meus braços, apenas contemplei um estranho, não obstante ter a cara chapada do pai em ponto pequenino. Sempre que lhe dava de mamar admirava-me de não sentir nenhuma humidade a percorrer-me, nem o aumento da circulação sanguínea, mas antes uma sensação mansa de ser uma vaca pachorrenta a olhar o pasto verde enquanto a ordenhavam. Nem todos os beijinhos e sorrisos vincados, nem as caretas com ruídos incompreensíveis ou as canções de embalar com que impregnava o bébé no banho, ao mudar-lhe a fralda ou quando o deitava no berço me faziam despir a sensação de que não conhecia de lado nenhum aquela pessoa de quem cuidava.

Em estilo pimba, ter um filho dele foi somente assumir-me como camionista do amor.

Despacha-te! Por favor... é urgente...


DESPACHA-TE

Exausto
espero que acabe a tua espera
e que no tempo que não espera
exista um futuro que me espere
e que termine por fim
esta espera que me desespera
e que me faz ficar aqui
preso ao chão
com os pés enfiados na água.
Despacha-te!
Ainda apanho uma pneumonia...

foto e texto de CATEDRAL