08 novembro 2006

Confissão

Sim, senhor, eu conto-lhes como tudo se passou. Não vos conto como lá chegámos, porque isso, para o caso, não interessa nada e, se querem que vos diga, eu próprio não percebi muito bem.
Lembro-me de estarmos no sofá a conversar, era a segunda vez que eu a via, e quando a conversa começou a rarear – eu não sou muito falador, sabem, e ela também não me parece que fosse –, tocámo-nos. A minha mão passou na mão dela, assim como quem não quer a coisa, mas queria, claro que queria, e, com um pequeno movimento no sofá, lembro-me de nos beijarmos, de nos abraçarmos e de nos começarmos a esfregar um no outro como loucos. Isto tudo em silêncio, sempre em silêncio. Íamos dizer o quê? Que nos amávamos?! Ora, se nem nos conhecíamos. Mas beijávamo-nos como se fossemos velhos amantes… Hummm… Se calhar, os velhos amantes não se beijam assim, com tanta paixão, com tanta energia, com tanta sofreguidão! É isso mesmo, beijávamo-nos e esfregávamo-nos e apalpávamo-nos com sofreguidão, numa ânsia desvairada, que me levou lá, sempre em silêncio, sem um gemido, sem uma palavra. Para quê?
Mas isto agora não interessa nada, o facto é que tudo se passou a seguir quando eu lhe comecei a fazer o minete e ela começou a gemer, a tremer, a suspirar e, por fim, a gritar. Fazia-lhe o minete e ela gritava. Gritava! GRITAVA mesmo! Eu a lamber, a beijar, a chupar, a dedilhar, a pôr e a tirar e ela a gritar:
– AAAAAH! Siiiiim!!! Siiiiiiiiiiim!!!
E eu continuava, ainda que tanto barulho me fizesse confusão, complicava-me com os nervos, estão a ver?
Um grito, um ai, um gemido, tudo isso está muito bem. E quem diz um, diz vários. Sequências, harmonias, improvisos, interlúdios, fugas, sonatas, às vezes, até mesmo uma sinfonia. Se querem que vos diga já tenho ouvido de tudo. E gosto, atenção, gosto! Não me aborrece, não me complica o desempenho, não interfere com o processo. Oiço e gosto, mas aquilo era demais. Demais! Eram gritos, GRITOS, só gritos.
– AAAAAAH! Tu matas-me! Sim! Sim! Matas-me de prazer... OOOOOH!
E o que me começava a aborrecer profundamente é que me estava a saber bem. Ela tinha um ligeiro sabor acre, um pouco ácido e o seu corpo respondia imediatamente a todos os meus impulsos e movimentos. Havia electricidade a passar da minha língua e dos meus dedos para ela, não só no clítoris, na vulva, nos grandes e nos pequenos lábios, no ânus, nas nádegas, nas coxas. Na verdade, parecia-me que estava a tocar-lhe directamente no hipotálamo. Não é fácil, mas quer-me parecer que consegui uma ligação directa, e eu também não estava melhor, quer dizer, estava cada vez mais excitado, mais absorvido, mais frenético, mas mantinha a calma, estão a ver? Estava já num plano superior de consciência, fazia as coisas com calma, com tempo, com vagar…
Mas os
– Este tipo mata-me!!! AAAAh! Tu matas-me!!! Sim! SIM!
estavam a deixar-me à beira de um ataque de nervos. E “à beira” é uma forma um bocado fraca de qualificar o meu estado de espírito. A coisa estava a complicar-se, estão a perceber? A complicar-se… Eu a gostar e a gaja a gritar, continuamente a gritar, como uma sirene do nevoeiro, como um bezerro tresmalhado… A gritar, só a gritar, nem sei bem como o quê!
E os pêlos púbicos? Já vos falei dos pêlos púbicos? Sim, dos pintelhos, já falei? Não, pois não?! Eram perfeitos, aliás tudo nela era perfeito, menos os gritos, claro. Ela devia ter cortado os pintelhos aí há um mês e tal ou então aparava-os, cuidava-os, mantinha-os assim. Eram pintelhos bonzai, estão a ver? Sempre pequenos, curtos, aparados. Sempre naquela fase deliciosa em que não picam nem ainda são grandes… Quer dizer, estão lá, estão a ver?, mas não são demasiado grandes, nem enrolados. Sentia tudo, tudo. Era como uma ligeira camada de veludo, mas sem aquele ligeiro raspar desagradável que o veludo sempre tem, e, como já tinham um mês, não picavam. Um tufo perfeito, cheiroso, gostoso e bem aparado.
Era o céu. Ela cheirava bem, tinha um gosto óptimo, único, a pele era macia e agradável, o corpo movia-se sensualmente em resposta aos meus estímulos e eu estava absolutamente excitado, entusiasmado, no céu! Os nossos corpos moviam-se a compasso, com arrancadas, com desfalecimentos. Tudo! Tudo!
Mas a gaja não parava de gritar e de repente começou a dar à perna. Um movimento nervoso, grosseiro, espasmódico. A perna direita pareceu ganhar vida. Esticava-se, retraía-se, disparava! E ela começou a gritar pela perna, estão a ver? Não, melhor, ela começou a gritar com a perna. O volume e o ritmo dos gritos começaram a acompanhar a perna
– AH! AH! AH! OOOOOh! Sim! Sim! Boa! Boa! AH! AH! OOOOOOH!
Era demais!
Demais!
Quando ela gritou mais uma vez:
– OH! SIM! SIM! Tu matas-me! Matas-me! Este gajo mata-me!
Eu parei, suspirei profundamente, para ela perceber que os gritos me estavam a irritar, mas ela nada! Levantou a cabeça, olhou-me com enfado e gritou:
– Não pares! Não pares agora… – mas, depois, deixou cair a cabeça no sofá e pediu, num gemido sensual: – Estavas quase a matar-me de prazer, continua, por favor, continua!
Eu respirei fundo, pensei que ela se tivesse deixado dos gritos, e continuei. Continuei com gosto e vontade, até que ela tornou a gritar
– Siiiiiiiim!!! Mata-me de prazer! Mata-me! Mata-me!!!
Eu não aguentei mais. Gemi e fiz–lhe a vontade!

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