25 dezembro 2006


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O Pai Natal bateu à minha Porta




NARCIS VIRGILIU

FreshNudes

Nada como umas... Boas Festas!

"No Natal come-se à lareira
Um bom bacalhau cozido.
Juntam-se os dois à fogueira
Que um deles vai ser fodido...

A sobremesa é sempre especial
Faz-se jus à boa rabanada.
Bebida com Porto ou mel, é igual
Importa é comê-la descansada.

Lavadas as mãos, a boca e o resto
Chegou a hora dos doces da avó.
E sorrimos os dois quando faço o gesto
Que, p'ra terminar, vai ser um bóbó...

Natal"

Uma prendinha de Natal


(crica no umbigo* para teres a tua surpresa de natal)


*não é no teu, é no da imagem!
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O OrCa reclamode:
"que arrepio... e o abdómen tão marcado...
vai-se a ver e quem queria um musculino
deu de caras com um lábio deslocado

e assim fica este pouco que nos resta
por tanto querer parecer-se c'um menino
esta puxou até os lábios para a testa...

e só no antebraço a fêmea se percebe
quanto ao mais pode ser "um" pequenino
e àqueles peitorais o Rambo acede

bem me vão dizendo alguns rotinhos
mais activos neste curso do destino
que por trás somos todos iguaizinhos..."

24 dezembro 2006

historinha melodramática do presépio e outras sacrílegas reflexões, ou a miseranda saga de José, o carpinteiro

(algo enfartado de um natal impingido, em que já não sei bem qual é o meu papel, para além das mensagens por telemóvel, dos mails e das comprinhas - que já nem faço!... - quero deixar a todos os passantes, ainda assim, os meus desejos de que tenham as melhores festas junto de quem acharem por bem, extensivos - os desejos - às melhores realizações no novo ano que lá vem. Entretanto, é comer-lhe e é beber-lhe!)

Entretanto, cá fica uma versão possível da saga deste triste esquecido (não, não foi apoiada em pesquisas ou análises científicas. É apenas a extrapolação do senso comum):

a mulher fecundada ainda virgem
um anjinho cai do céu e insemina
lá ao fundo o José é dos que fingem
que na vida nada espanta – é só rotina

cada prego com que a dúvida o fulmina
lá martela num desvairo de vertigem
tal qual burro triste ou vaca que rumina
ele assim faz um presépio à sua imagem

o José, a Maria e o menino
são três peças desse puzzle insondável
que alguns querem ser de luz e ser divino
outros saga de um Pinóquio formidável

e o filho lá se vai em vadiagem
p´ra cumprir o que o fado lhe destina
desdenhando de seu pai tal martelagem
por saber de mais futuro a mão divina

grandioso veio a ser e sublime
e andou com os amigos sobre as águas
e curou, comeu, bebeu, riu e cantou
e encantou, chagas sarando e as mágoas

mas por fim lhe trouxe a vida a ironia
por cada prego que em vida descurou
pois por mais que pregasse em litania
foi com eles que na cruz ele se pregou

entretanto o que fez o bom José
de quem é tão parca a História em sua fala?
consta que abriu bazar e vende a fé
a quem lhe comprar presépio para a sala

cada qual faz de si o seu destino
alguns há que se perdem pela demora
o José lá se fez pai do menino
martelando a amargura vida fora

e por fim por amor ou por preguiça
lá nos diz quem sabe e anda informado
que ‘inda se ouve o José na sua liça
entoando num casebre em tom de fado:

“toc-toc lá nasceu esse menino
martelando toc-toc a toda a hora
toc-toc foi de burro ao seu destino
e ao som de toc-toc foi-se embora

porque a vida toc-toc é bem vivida
dando toc-toc ao outro o que se tem…
mas nem todo o toc-toc, pois que a vida
sem ter toc-toc não serve a ninguém”.

Prenda da Gotinha




Craig

Postais de Natal VIII


Postais de Natal (I) - (II) - (III) - (IV) - (V) - (VI) e (VII)

Natal das covas - Nelo

"Falóm todos em Na Tal
E éi coiza que me estorva
Pois paresse-me que vai dar,
Tude hás gajas, tude prás covas

Ele éi çó trucadilhos
Shamóm-lhe até ratazana.
Mariazinha e xerifa
Melhéres que xatisse, cona da mana

Veijam lá çe eles inventóm
uma coiza açim, pró cu, bem nova
Uma expreção dita em bom som.
Mas nam melhéres, éi tudo prás covas

Nam çei que mal que tem
Um cuzinho que perfumes imana
Mas nam sai das bocas nem
Um çó piropo, cona da mana

Ele é çó verços há cona
Eça coiza lá das covas
Uma ameijoa porcalhona!
Verçejem o cu, quéi coiza nova!

Nelo"

Trident

(que estamos no séc.XXI)


Nem quis acreditar que o gajo hirto e murado que mudava de gaja como quem muda de penso higiénico, perfilhando o espírito consumista do usar e deitar fora, estava ali à minha porta a soluçar e encharcadinho em lágrimas.

Houvera desgraça pela certa mas sentado com uma cerveja já no bucho ele negou qualquer doença grave ou morte de gente chegada que a tragédia era ter sido atingido por esse bicho horrendo da paixão que toda a vida tinha sido seu cúmplice para as fazer renderem-se nos seus braços e em mais qualquer coisita como a cobra cuspideira e vai na volta, virava-se agora contra ele e, para a desgraça ser ainda maior, a eleita e heroína de tal proeza abandonara-o.

Ele que até não tinha feito com ela o que era seu costume de engatar toda a artilharia de charme e sedução que faria inveja a qualquer general destas guerras e tinha sido competentíssimo em todas as técnicas de cama iniciando sempre o ritual ajoelhado com as fulcrais manobras de língua e para mal dos seus pecados se entregara de peito aberto, descobre que ela o substítuia frequentemente por outros pares de calças que ele até julgaria poucos dotados e põe um ponto final no que ele acreditava ser uma relação, com a estafada treta da necessidade de estar sozinha para pensar e decidir.

E como um homem não é de ferro ali estava ele a gastar-me todas as embalagens do pacote de lenços de papel pelo que me obriguei a ir buscar mais à dispensa para calmamente o convencer que a incerteza é o que mais certo temos na vida e que o que lhe doía, essa coisa de ter sido alegre e bastas vezes consumido como uma qualquer pastilha elástica à venda no supermercado ou no quiosque da esquina, só custa à primeira, como aliás ele poderia confirmar junto de qualquer uma do rol das suas antigas conquistas.
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O Alcaide ode aos homens da Maria Árvore:
Chegou uma explicação
"sempre o homem a foder-se"
fodeu o amor ao perder-se
por ser burro e fodilhão.

Vingada esta perdição,
"sempre o homem a foder-se"
venha outro p´ra comer-se
e depois deitar ao cão.

Lindos textos de lição
"sempre o homem a foder-se"
sempre burro... ela a encher-se
em fodas de ocasião.

Mas há sempre o tal "bonzão"
"sempre o homem a foder-se"
que ama e é mel de lamber-se
e anda sempre ali à mão.

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23 dezembro 2006

Desembrulhar as prendas....

foto: maxirelax

crica na imagem para veres como se desembrulham as prendas
(post integrado no espírito natalício)

O Pai Natal está quase a chegar




Emmanuel

Conto de Natal

Por Falcão.

...O negócio é a mulhé. Cê sabe? Ela trabalha,né? Eu faço a protecção da minina...

Ena cum filha da puta, que está um frio do caralho a tapar de branco as minhas bouças e quase não se vê nada de outra cor...
Chegou o Natal e ande tudo cheio deste ambiente que nos enche de sorrisos à volta duma boa chouriça regada com o sumo do pipo lá no barraco por trás da casa.
Gosto de juntar uns bacanos do caralho, tudo canalha dos meus tempos de miúdo, e contar umas histórias das antigas. Hehehehe que o Natal traz caras que ande no estrangeiro e juntar tudo é uma festa. Durante dez dias é ora na casa de um, ora na casa de outro. Aqui todos fazem uma pinga e andemos ao despique a ver qual tem o vinho melhor.
E foi numa destas voltas quando íamos provar um presunto lá para a cozinha do Joaquim da Zarolha que está na Suiça e que casou com uma prima minha que é melhor que o milho, que vimos o calmeirão. Estava parado de mãos nos bolsos, mandando bufadas de ar no frio na manhã.
Parámos a perguntar baixinho uns para os outros quem era, mas ele viu-nos e atravessou a rua.
- Ôi pessoau, como estão cêis? Tudo beim?-
Ficámos a olhar para ele. Depois eu avancei e disse:
- Ei cum caralho, o que faz um Brasileiro aqui no fim do mundo? Venha beber um pingo aqui com o pessoal, óh bacano. –
Ele veio, e foi já com um pingo a embrulhar uma raspa de presunto com broa que ele contou o que fazia por ali.
- Céis sabem, né?... Um cara tem dji sacá uma grana! A coisa tá preta.... Tá fáciu não! Tem muito cara por aí, né?, que não gostam di Brasileiro, não. Falam dêssi negócio de emprego. Qui Brasileiro vem tirar trabalho di Portuguêis. Precisam di se preocupar não. Trabalho não é comigo.- E riu-se.
- Então se num trabalhas, vives do quê, caralho?- disse-lhe eu.
– Foda-se tu és rico, ou vives do ar...-
Olhou para mim, fez uma pausa e disse-me depois duma golada:
- O negócio é a mulhé. Cê sabe? Ela trabalha, né? Eu faço a protecção da minina.
Você topa? Né? Vou na cidadji no ônibus deixá a minina no Bar onde ela trabalha e dispois vou buscá ela mais tardji. Aí dá grana, né e para o mêis qui veim a genti está pensando em arrumar aí um carro, né? É melhor que esse negócio di ônibus. A genti pensou em mudar pra cidade mais aqui é mais sossegado, né. Dá pra discansá..
- Ai, ela trabalha num Bar... - Disse-lhe eu. – E com o trabalho dela dá para tu viveres sem fazeres um corno... Então escuta lá uma coisa, oh bacano do caralho. E quanto é que ela leva por uma geralada aí pelo pessoal?-
Bom, o gaijo, cum filha da puta, ficou assim a olhar para mim, num sei se era meio fodido se não, mas eu fui sempre pão, pão; queijo queijo. E pus-lhe mais uma pinga no copo inquanto o Joaquim a rir-se baixinho lhe aviava mais um naco de broa a pingar de presunto.
- Pois oh bacano. - continuei. -Pode ser já amanhã, caralho! Ela descansa do Bar e em vez de ires levá-la ao entardecer e buscá-la de manhã como dizes que fazes, fazemos uma festa, ela fica por cá e faz o dia. Bebes uns copos. Então o que dizes, oh meu caralho? -
Então, perante o esvaziar do copo e o acertar com desconto o número de notas de vinte que ele ia abarbatar, demos-lhe umas boas palmadas nas costas e dissemos-lhe satisfeitos... Bebe aí mais um, oh bacano!
E depois a rir para ele, disse-lhe piscando o olho:
- Ei caralho. Cum filha da puta. O Pai Natal este ano é mesmo Brasileiro... hehehehe. Toca aqui-
E os copos tilintaram.
Falcão