24 dezembro 2006

Trident

(que estamos no séc.XXI)


Nem quis acreditar que o gajo hirto e murado que mudava de gaja como quem muda de penso higiénico, perfilhando o espírito consumista do usar e deitar fora, estava ali à minha porta a soluçar e encharcadinho em lágrimas.

Houvera desgraça pela certa mas sentado com uma cerveja já no bucho ele negou qualquer doença grave ou morte de gente chegada que a tragédia era ter sido atingido por esse bicho horrendo da paixão que toda a vida tinha sido seu cúmplice para as fazer renderem-se nos seus braços e em mais qualquer coisita como a cobra cuspideira e vai na volta, virava-se agora contra ele e, para a desgraça ser ainda maior, a eleita e heroína de tal proeza abandonara-o.

Ele que até não tinha feito com ela o que era seu costume de engatar toda a artilharia de charme e sedução que faria inveja a qualquer general destas guerras e tinha sido competentíssimo em todas as técnicas de cama iniciando sempre o ritual ajoelhado com as fulcrais manobras de língua e para mal dos seus pecados se entregara de peito aberto, descobre que ela o substítuia frequentemente por outros pares de calças que ele até julgaria poucos dotados e põe um ponto final no que ele acreditava ser uma relação, com a estafada treta da necessidade de estar sozinha para pensar e decidir.

E como um homem não é de ferro ali estava ele a gastar-me todas as embalagens do pacote de lenços de papel pelo que me obriguei a ir buscar mais à dispensa para calmamente o convencer que a incerteza é o que mais certo temos na vida e que o que lhe doía, essa coisa de ter sido alegre e bastas vezes consumido como uma qualquer pastilha elástica à venda no supermercado ou no quiosque da esquina, só custa à primeira, como aliás ele poderia confirmar junto de qualquer uma do rol das suas antigas conquistas.
___________________________
O Alcaide ode aos homens da Maria Árvore:
Chegou uma explicação
"sempre o homem a foder-se"
fodeu o amor ao perder-se
por ser burro e fodilhão.

Vingada esta perdição,
"sempre o homem a foder-se"
venha outro p´ra comer-se
e depois deitar ao cão.

Lindos textos de lição
"sempre o homem a foder-se"
sempre burro... ela a encher-se
em fodas de ocasião.

Mas há sempre o tal "bonzão"
"sempre o homem a foder-se"
que ama e é mel de lamber-se
e anda sempre ali à mão.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Uma por dia tira a azia