26 dezembro 2006

Detalhes Femininos




Elena Shumaeva

Mote e remote... ou mate e remate?!

"Os lábios que se não vêem
estão escondidos ao olhar
Mas têm o que V. não têm
e estão sempre a dar, a dar..."



"Estão sempre a dar a dar
Como se fossem dobradiças
todos sabem onde vão dar,
Ao Vão onde dão as piças

E as ditas nesse vale
Por vezes quase crateras
escondidas ao olhar
São devoradas p'las feras

Que são escuras, mas cheirosas
e de aromas tão diferentes
Umas São do cheiro das Rosas
Outras cheiram horrivelmente

Se calhar é mesmo por tal
que se deslinda o novelo
O fedor a bacalhau
Fabricou dum homem o Nelo"

Pardal

"os lábios que se não vêem
são também de se beijar
sabem a sal logo dêem
de si sinal de se dar

estão escondidos ao olhar
mas são os mais cobiçados
quando se fazem notar
são quais lábios... mais inchados

mas têm o que vocês não têm
são lábios sem dentadura
e quando mordem detêm
sentir da seda mais pura

e estão sempre a dar a dar
nas vistas quando sorriem
por vezes basta um andar
quando entre as coxas deslizem

e quando mos queres mostrar
quando pudores não contêm
abres outros p'ra mostrar
os lábios que se não vêem

nem sempre o pudor perturba
quando o corpo quer falar
e os lábios que o olhar turba
estão escondidos ao olhar

dão-nos os lábios sorrisos
dando sinais que se lêem
mostram que não têm guizos
mas têm o que vocês não têm

quando querem dar-se, dão-se
e é um dar-se de amar
num vai-vem, eles vão-se, vão-se
e estão sempre a dar, a dar...

Pois porque mandaste, na verdade, com a métrica para o caralho, levas com um mote por cima e um remote por baixo!"

OrCa

"Mandar a métrica pr'ó caralho
será grande obra de caridade
que tamanha sujeição é malho
que castra toda a vontade"

Maria Árvore

Sex Machine


The Odotos


Outras Coisas

25 dezembro 2006


crica para visitares a página John & John de d!o

O Pai Natal bateu à minha Porta




NARCIS VIRGILIU

FreshNudes

Nada como umas... Boas Festas!

"No Natal come-se à lareira
Um bom bacalhau cozido.
Juntam-se os dois à fogueira
Que um deles vai ser fodido...

A sobremesa é sempre especial
Faz-se jus à boa rabanada.
Bebida com Porto ou mel, é igual
Importa é comê-la descansada.

Lavadas as mãos, a boca e o resto
Chegou a hora dos doces da avó.
E sorrimos os dois quando faço o gesto
Que, p'ra terminar, vai ser um bóbó...

Natal"

Uma prendinha de Natal


(crica no umbigo* para teres a tua surpresa de natal)


*não é no teu, é no da imagem!
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O OrCa reclamode:
"que arrepio... e o abdómen tão marcado...
vai-se a ver e quem queria um musculino
deu de caras com um lábio deslocado

e assim fica este pouco que nos resta
por tanto querer parecer-se c'um menino
esta puxou até os lábios para a testa...

e só no antebraço a fêmea se percebe
quanto ao mais pode ser "um" pequenino
e àqueles peitorais o Rambo acede

bem me vão dizendo alguns rotinhos
mais activos neste curso do destino
que por trás somos todos iguaizinhos..."

24 dezembro 2006

historinha melodramática do presépio e outras sacrílegas reflexões, ou a miseranda saga de José, o carpinteiro

(algo enfartado de um natal impingido, em que já não sei bem qual é o meu papel, para além das mensagens por telemóvel, dos mails e das comprinhas - que já nem faço!... - quero deixar a todos os passantes, ainda assim, os meus desejos de que tenham as melhores festas junto de quem acharem por bem, extensivos - os desejos - às melhores realizações no novo ano que lá vem. Entretanto, é comer-lhe e é beber-lhe!)

Entretanto, cá fica uma versão possível da saga deste triste esquecido (não, não foi apoiada em pesquisas ou análises científicas. É apenas a extrapolação do senso comum):

a mulher fecundada ainda virgem
um anjinho cai do céu e insemina
lá ao fundo o José é dos que fingem
que na vida nada espanta – é só rotina

cada prego com que a dúvida o fulmina
lá martela num desvairo de vertigem
tal qual burro triste ou vaca que rumina
ele assim faz um presépio à sua imagem

o José, a Maria e o menino
são três peças desse puzzle insondável
que alguns querem ser de luz e ser divino
outros saga de um Pinóquio formidável

e o filho lá se vai em vadiagem
p´ra cumprir o que o fado lhe destina
desdenhando de seu pai tal martelagem
por saber de mais futuro a mão divina

grandioso veio a ser e sublime
e andou com os amigos sobre as águas
e curou, comeu, bebeu, riu e cantou
e encantou, chagas sarando e as mágoas

mas por fim lhe trouxe a vida a ironia
por cada prego que em vida descurou
pois por mais que pregasse em litania
foi com eles que na cruz ele se pregou

entretanto o que fez o bom José
de quem é tão parca a História em sua fala?
consta que abriu bazar e vende a fé
a quem lhe comprar presépio para a sala

cada qual faz de si o seu destino
alguns há que se perdem pela demora
o José lá se fez pai do menino
martelando a amargura vida fora

e por fim por amor ou por preguiça
lá nos diz quem sabe e anda informado
que ‘inda se ouve o José na sua liça
entoando num casebre em tom de fado:

“toc-toc lá nasceu esse menino
martelando toc-toc a toda a hora
toc-toc foi de burro ao seu destino
e ao som de toc-toc foi-se embora

porque a vida toc-toc é bem vivida
dando toc-toc ao outro o que se tem…
mas nem todo o toc-toc, pois que a vida
sem ter toc-toc não serve a ninguém”.

Prenda da Gotinha




Craig

Postais de Natal VIII


Postais de Natal (I) - (II) - (III) - (IV) - (V) - (VI) e (VII)

Natal das covas - Nelo

"Falóm todos em Na Tal
E éi coiza que me estorva
Pois paresse-me que vai dar,
Tude hás gajas, tude prás covas

Ele éi çó trucadilhos
Shamóm-lhe até ratazana.
Mariazinha e xerifa
Melhéres que xatisse, cona da mana

Veijam lá çe eles inventóm
uma coiza açim, pró cu, bem nova
Uma expreção dita em bom som.
Mas nam melhéres, éi tudo prás covas

Nam çei que mal que tem
Um cuzinho que perfumes imana
Mas nam sai das bocas nem
Um çó piropo, cona da mana

Ele é çó verços há cona
Eça coiza lá das covas
Uma ameijoa porcalhona!
Verçejem o cu, quéi coiza nova!

Nelo"

Trident

(que estamos no séc.XXI)


Nem quis acreditar que o gajo hirto e murado que mudava de gaja como quem muda de penso higiénico, perfilhando o espírito consumista do usar e deitar fora, estava ali à minha porta a soluçar e encharcadinho em lágrimas.

Houvera desgraça pela certa mas sentado com uma cerveja já no bucho ele negou qualquer doença grave ou morte de gente chegada que a tragédia era ter sido atingido por esse bicho horrendo da paixão que toda a vida tinha sido seu cúmplice para as fazer renderem-se nos seus braços e em mais qualquer coisita como a cobra cuspideira e vai na volta, virava-se agora contra ele e, para a desgraça ser ainda maior, a eleita e heroína de tal proeza abandonara-o.

Ele que até não tinha feito com ela o que era seu costume de engatar toda a artilharia de charme e sedução que faria inveja a qualquer general destas guerras e tinha sido competentíssimo em todas as técnicas de cama iniciando sempre o ritual ajoelhado com as fulcrais manobras de língua e para mal dos seus pecados se entregara de peito aberto, descobre que ela o substítuia frequentemente por outros pares de calças que ele até julgaria poucos dotados e põe um ponto final no que ele acreditava ser uma relação, com a estafada treta da necessidade de estar sozinha para pensar e decidir.

E como um homem não é de ferro ali estava ele a gastar-me todas as embalagens do pacote de lenços de papel pelo que me obriguei a ir buscar mais à dispensa para calmamente o convencer que a incerteza é o que mais certo temos na vida e que o que lhe doía, essa coisa de ter sido alegre e bastas vezes consumido como uma qualquer pastilha elástica à venda no supermercado ou no quiosque da esquina, só custa à primeira, como aliás ele poderia confirmar junto de qualquer uma do rol das suas antigas conquistas.
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O Alcaide ode aos homens da Maria Árvore:
Chegou uma explicação
"sempre o homem a foder-se"
fodeu o amor ao perder-se
por ser burro e fodilhão.

Vingada esta perdição,
"sempre o homem a foder-se"
venha outro p´ra comer-se
e depois deitar ao cão.

Lindos textos de lição
"sempre o homem a foder-se"
sempre burro... ela a encher-se
em fodas de ocasião.

Mas há sempre o tal "bonzão"
"sempre o homem a foder-se"
que ama e é mel de lamber-se
e anda sempre ali à mão.