"Carlos, o mergulhador português, surpreendeu os biólogos com a sua capacidade para se adaptar a ambientes bem distantes do seu habitat costeiro natural."
26 fevereiro 2009
25 fevereiro 2009
Falta de oposição
Começaram por conhecer o meio numa daquelas discotecas de luz ténue com bar e quartinhos e após várias trocas a quatro como manda o figurino destas lides, decidiram que cada um podia fazê-lo com quem e quando lhe apetecesse por ser essa a prova de resistência à sua união.
E desde aí, era frequente vê-los a encontrarem-se na chegada a casa de cada final de tarde, num sorridente beijo em que os braços enlaçavam os pescoços e os rabos frente ao café da rua findo o qual ela rolava a língua na boca a degustar e comentava hmmmm estiveste com ela esta tarde que a tua boca ainda sabe imenso a cona a que ele cumplicemente retorquia que toca a ambos já que ontem era indisfarçável o sabor de esperma na tua.
24 fevereiro 2009
da origem do mundo ao fim da macacada...
carnaval 2009 - interior, profundo e de erotismo a martelo
trouxe um corpete ligeiro - saia curta - perna ao léu
no treme-treme da dança
treme o seio - treme a esperança
treme quanto Deus lhe deu
e no mar de lantejoulas entrevê o seu Honório
exibindo as ceroulas do avô que já morreu
- que em acabando a folia hão-de tratar do casório
tal qual ele lhe prometeu –
e a turba já se atordoa c’o trio eléctrico à toa
num espavento de som
que vindo lá dos brasis espanta os nossos civis
que aquilo sim é que é bom
Lucinda agita este corso
seio à mostra mostra o dorso - dá à pernoca com alma
haja calma – haja calma
grita o agente aflito agarrando um expedito
que corria no asfalto p‘ra tomar Lucinda a salto
que pernoca assim mostrada perturba a rapaziada
no desvendar do mistério
deixem lá que é Carnaval ninguém leva nada a mal
nem nada é caso sério
Lucinda toda ela vibra mostrando bem de que fibra
é o corpetinho de lã
e no cume do collant onde a saia acaba a racha
por lá se perde e se acha a rendinha da cueca
que desponta em cada passo queimando qual alforreca
um olhar sem embaraço
pretinha assim rendilhada no contraforte da meia
meia-volta volta e meia deixa a malta entusiasmada
quais brasis nem qual Veneza
assim sim à portuguesa
uma coxa bem mostrada
e as plumas do pavão em frente ao seu coração
vibram mais porque afinal
em tempos de Carnaval no tempo amargo de crise
o que o corpete desvenda é dádiva – não está à venda
dá de si o que ela entenda
enche um olhar que precise.
OrCa
O Vintesete não pode ver um rabo de saia... sem saia:
"Bom compadre Orca
Que bem fala vossamecê
Dá-lhe em verso tamanha volta
Que daqui deste monte
com campo dum lado
e a Serra defronte,
já sinto essas pernocas
e ainda as mais belas mamocas
a subirem em acelerado
direitinho às minhas fontes
Ei um tal palavreado
Que um homem mesmo parado
A olhar para a lonjura
Vê a ideia numa troca
a voar do céu prá toca,
mesmo debaixo dessa pouca
que nã sendo quase roupa
faz o ninho à minha dura
E assim compadre, volto
pró mé Monte que é do Cardo
vestir o pêlo de fato e tudo
e na cidade disfarce de veludo
espremer-me todo num corpo farto
e sendo, na cama e nesse quarto
éu Rei Momo do Entrudo"
Por favor não telefonem à proprietária do telemóvel 917807652
É rata dos anúncios de convívio do «Diário de Coimbra»
Atrevimento, ousadia, arrojo
ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 90
23 fevereiro 2009
Come e Cala-te, Zeca...
"Um copinho, dois copinhos
três copinhos de aguardente
As moças cá da terra
Fazem sentir a gente quente"
"Um copinho, dois copinhos,
três copinhos de licor
Levas um murro nesses cornos
Passa-te já o calor"
(popular Alentejano)
...levi um sopapo nos cornos que até vi estrelas...
Eh cabranagem.
À certa que muita gente já conhece estas duas quadras; a primeira a jeitos de piropo de forasteiro e a sigunda o remoque azedo dum mano da terra que ouvindo a quadra e nã gostando da pinta do gajo de fora lhe responde com esse gosto que nã lhe tinha.
Bom mas isto é pra dizer que cá o VinteSete já tem passado por ocasiões dessas.
Como vossamecezes sabem, a minha vida é no campo com o gado, ando dum lado pró outro com as alimárias, vou às feiras e cá me governo. Há alturas em que um homem vai à cidade uma remessa de vezes e vai nã vai, lá vai uma atanchadela. Ele há agora uma bichas boas na rastomenga e na espremedela, que até os olhos e a unhas dos pés se reviram, porra dum cabrão que um homem parece que se desfaz em leite em cima delas!
Só que a porra éi que taméim há alturas em que um gajo, mó de andar muito ocupado, nã pode ir à cidade prá festa. Éu cá tenho uma fragonete pra levar o gado pró negoiço, mas nã a posso levar quando vou às máquinas de tirar leite, que isso mete sempre copos e asdespois é uma moenga mó da Guarda e o soprar do balão mais a porra...
De jeitos que costumo ir na minha motorizada até Castro Verde e depois apanho a camioneta da carreira, mas isso éi quando há vagar e há alturas em que nã há vagar.
E foi numa dessas alturas em nã havia vagar que vi aquela gaja ali parada na estrada quase junto ao tasco do Zé Manita, o filho dum cabrão, orelhas de podengo, a pedir boleia. Tinha estado a tosquiar umas ovelhas. Nã sei se vossamezeces já lhe viram as rachas, mas um homem depois de rapar uma dúzia delas e nã apanhando nada há uns dias, o melhor que faz é ir-se embora que fica com uma brotoeja na braguilha, pior que a sarna. E cá o Zeca nã quer passar pela parte desse pastor a quem perguntaram como se governava sem sexo, ali no descampado, dias e dias a fio. Ao que ele respondeu que muito bem; - pergunte a quem quiser menos ali àquela ovelha, a malhadinha, que ela é muito mentirosa...-
Ora tendo eu abalado com o azinho por entre as cuecas e vendo a febra ali de dedo esticado nã perdi tempo.
- Aghhhh...- disse eu cá pra mim:- Zeca... Zeca Tramelica. Nã te esqueças do que o té avô te ensinou: "na pastagem, ovelha que berra, é bocado que perde. Nã desperdices nunca uma aberta. Come o que puderes!" – De modos que avanci logo todo lampeiro direito a ela enquanto lhe mirava prás pernas e prás mamas. A magana era boa, jeitosa e ali mesmo à mão, e eu cheio de rebarba... Nã sei se tão a ver, né?
- Posso ajudá-la, menina? –
- Foi o carro,- respondeu apontando ali prós lados do tasco do orelhas, - agora estou a ver se apanhava uma boleia ali a Mértola para ir buscar um mecânico...-
- Nã se preocupe mó disso que eu vou já buscar a fragoneta e levo-a.-
E foi já a meio caminho que a seguir a um pouco de conversa onde ela me disse trabalhar num bar que eu parei ali num desvio debaixo dum chaparro e le preguntei se nã ia uma espetadela. Bom moços! Leví um sopapo nos cornos que até vi estrelas!
- Você deve ter levado muito estalo, seu descaradão, seu estúpido, seu atrevido! –
- ... Sim... tenho levado... Mas também já tenho chombado muito.- respondi-lhe baixinho e de mão na cara a desfazer o ardor.
E nã querem lá saber? Atão nã ei que acabi, - depois de levar aquele chapadão - na rastomenga, de vintesete na vinagreira, em cima da manta, espojados por trás do chaparro? Eh moços! Bela bicha e bela espremedela! Que ele há coisas muita boas e esta foi das melhores, que já nem sabia onde era eu, onde era ela e onde era o chaparro! Tamanha foi a rastomenga que era pernas, mamas e galhos, tudo misturado num enleio do mete e tira, que só de me assomar a lembradura me começa a bater o coração na braguilha!
Fui levá-la mas fiqui com ela a bater-me cá na caixa córnea e há dias volti a Mértola a ver se a via. E foi mesmo junto à rotunda cá em baixo que a vi passar.
Éu tava num Café a beber um branquinho e disse a um que era de lá e tava tameim a beber um copo à porta, como a magana era boa. Mas o bicho dum cabrão respondeu logo, em tom acabranado e azedo, para eu tar calado, que ela estava agora por conta dum que tinha sido cabo da Guarda prós lados de Santana ou da Vidigueira, ou coisa parecida, e que era mau como as cobras.
De jeitos que alembrei-me das quadras de cima e bebi mais um.
-Come e cala-te! – remati para dentro, levantando o copo enquanto fazia um brinde à memoira do mé Avô e que entre outras tameim me tinha ensinado esta....
(Zeca Tramelica, o VinteSete)