por Casimiro de Brito397
Diante de uma cona como a tua, e depois beijando-a, entrando e saindo, alojando-me nela, não gemo: comovo-me rio choro delicio-me canto uivo urro mas, noutras vezes, fico quietinho e em silêncio... para fazer durar, para ouvir o chão, para sentir as raízes que vêm do poço celeste apoderarem-se ora ardendo ora fresquíssimas do meu pequeno tronco e transformarem-no em mais um afluente complacente desse rio misterioso que vem de muito longe.
Quando te beijo é como se beijasse uma flor carnívora, quando te acaricio é como se me enroscasse em lianas de água salgada, quando o aconchego nas tuas mamas desejava que ele tivesse boca para te chupar os mamilos, quando me enrosco nas tuas nádegas alcanço a serenidade dos sábios, quando te fodo é como se viajasse pelo céu e por todos os seus abismos... mas feliz, feliz, sou mais ainda quando o fazes crescer e o transportas rio acima e rio abaixo por todo o teu corpo, e sobretudo quando, metendo-o na boca, sinto lábios e línguas e salivas e dentes e artes que nunca ninguém gravou no meu barro... em resumo: se tivesse diante de mim a “Origem do Mundo” do Courbet e a fotografia da tua boca aberta, era na tua boca que eu resumia tudo o meu corpo, instintos, desejos, e entrava para dentro, passando a fazer parte de ti, que nada se pode perder, nada... e por isso lambo as gotas que sobram depois de me teres engolido, e por isso te peço (mas não é preciso pedir, pois não?) que me lambas todo e tudo a cada momento para que nada resvale para outro lado que não seja para dentro do teu corpo louco e divino. Sabias?