Apesar de não lhe darmos o devido valor, a auto-estima tem uma grande influência na nossa vida e especialmente na nossa vida afectiva. Estarmos bem connosco permite-nos estar muito melhor com os outros.
Em consulta é muito frequente ver pessoas com uma auto-estima frágil, o que condiciona obviamente a intimidade com os outros. Esta constatação é muito frequente no sexo feminino. Para uma sexualidade satisfatória é preciso que a nossa auto-estima seja positiva e que o nosso auto-conceito seja igualmente positivo. Quando gostamos de nós, da nossa imagem, sentimos-nos mais atraentes aos outros.
A construção da nossa auto-estima começa muito cedo, com as primeiras experiências que trocamos com os nossos cuidadores; depois o sucesso ou o seu insucesso condiciona-nos para sempre.
Mostro-vos por isto a fantástica campanha da DOVE no Brasil que visa melhorar a auto-estima das jovens meninas.
25 janeiro 2010
24 janeiro 2010
A posta nas coisas pequenas
Coisas pequenas, a que nem ligamos na maioria do tempo em que nos deixamos alienar por um conjunto de obrigatoriedades que nos impomos, ou assim o permitimos pela vida lá fora, e nos distraem das questões (verdadeiramente importantes) de pormenor.
Pode ser a luz de um sorriso de boas vindas como a constatação de ser sempre perfeita a primeira escolha, a reacção instintiva a um estímulo qualquer.
Pode ser uma coisa típica de mulher, uma simples manifestação da sua inteligência emocional ou da intuição fora do comum que as torna ainda mais fascinantes do que já resultam à vista desarmada de um corpo bonito ou de uma tirada brilhante que nos impressiona.
Pequenas coisas a que só damos valor quando nos deixamos levar pelo amor até à visão clara de tudo aquilo que alguém possui para nos presentear ao longo do tempo em que partilhamos um momento que seja da existência.
Gigantes na dimensão, quando abrimos o coração ao que interessa e renegamos aquilo que a cabeça nos propõe em alternativa, carregada do esterco normal que o papel social acarreta. A deturpação das prioridades que o quotidiano implica, mais os medos que a perda de confiança nos outros primeiro e em nós próprios em consequência nos somam quando a pressão se faz sentir com força demais.
A dificuldade extrema de gerir vidas a dois, num mundo talhado para uma atitude individual, solitária a bem dizer, e que torna cada história de amor numa missão (quase) impossível faz parte do mesmo problema, dessa amálgama de influências que nos dispersa e em última análise nos afasta da simplicidade das emoções. Uma catadupa de complicações nascida do nada, do exterior, que nos afasta aos poucos do amor genuíno e sem reservas, que nos inibe de aceitar que é normal esse perigo de alguém se apaixonar pela pessoa ou no tempo errados e que é bom sentirmo-nos apaixonados pois essa é uma das formas mais bonitas de percebermos como é bom ser feliz.
Coisas pequenas, ou nem por isso, que fazem toda a diferença perceber ou sentir. A alegria de fazer alguém rir das nossas chalaças, de constatar o prazer que provocam as nossas presenças na sua vida e tudo em vice-versa.
Coisas que sempre o coração e jamais a cabeça poderá descodificar para a linguagem acessível da felicidade que é mesmo possível quando sabemos distinguir a mensagem que o peito tenta transmitir da que o outro centro emissor (que nada percebe do amor) nos impinge para afinal nos arrastar para a má onda e a tristeza.
Mas eu tenho a certeza que um dia conseguiremos alcançar a vitória e assim mudaremos a História com o poder que o amor pode revelar quando nada interfere com a sua actuação.
Jamais na cabeça, sempre no coração.
Pode ser a luz de um sorriso de boas vindas como a constatação de ser sempre perfeita a primeira escolha, a reacção instintiva a um estímulo qualquer.
Pode ser uma coisa típica de mulher, uma simples manifestação da sua inteligência emocional ou da intuição fora do comum que as torna ainda mais fascinantes do que já resultam à vista desarmada de um corpo bonito ou de uma tirada brilhante que nos impressiona.
Pequenas coisas a que só damos valor quando nos deixamos levar pelo amor até à visão clara de tudo aquilo que alguém possui para nos presentear ao longo do tempo em que partilhamos um momento que seja da existência.
Gigantes na dimensão, quando abrimos o coração ao que interessa e renegamos aquilo que a cabeça nos propõe em alternativa, carregada do esterco normal que o papel social acarreta. A deturpação das prioridades que o quotidiano implica, mais os medos que a perda de confiança nos outros primeiro e em nós próprios em consequência nos somam quando a pressão se faz sentir com força demais.
A dificuldade extrema de gerir vidas a dois, num mundo talhado para uma atitude individual, solitária a bem dizer, e que torna cada história de amor numa missão (quase) impossível faz parte do mesmo problema, dessa amálgama de influências que nos dispersa e em última análise nos afasta da simplicidade das emoções. Uma catadupa de complicações nascida do nada, do exterior, que nos afasta aos poucos do amor genuíno e sem reservas, que nos inibe de aceitar que é normal esse perigo de alguém se apaixonar pela pessoa ou no tempo errados e que é bom sentirmo-nos apaixonados pois essa é uma das formas mais bonitas de percebermos como é bom ser feliz.
Coisas pequenas, ou nem por isso, que fazem toda a diferença perceber ou sentir. A alegria de fazer alguém rir das nossas chalaças, de constatar o prazer que provocam as nossas presenças na sua vida e tudo em vice-versa.
Coisas que sempre o coração e jamais a cabeça poderá descodificar para a linguagem acessível da felicidade que é mesmo possível quando sabemos distinguir a mensagem que o peito tenta transmitir da que o outro centro emissor (que nada percebe do amor) nos impinge para afinal nos arrastar para a má onda e a tristeza.
Mas eu tenho a certeza que um dia conseguiremos alcançar a vitória e assim mudaremos a História com o poder que o amor pode revelar quando nada interfere com a sua actuação.
Jamais na cabeça, sempre no coração.
Raios
Quando começo a dizer
coisas sem ‘nexo’
(convictamente),
é precisamente quando a vontade
se impõe e toma conta
da racionalidade.
Chamam-lhe impulsividade,
falta de educação, loucura,
raiva, ciúmes;
um sem número de epítetos.
Nesse ponto:
quero que o raio te parta
e que te lixes.
Sem mais.
Foto e poesia de Paula Raposo
23 janeiro 2010
Outra margem de mim
E é nesta dormência demente
Que me assola o corpo inteiro,
Que estremeço e enlouqueço
Sentindo falta do teu toque
No espaço vazio
Deixado na minha pele.
Despojada assim do meu pensar
Vagueando à deriva
Nesta vasta imensidão
Ensandeço, atordoada
Ansiando avidamente
Pelo calor do teu olhar
Pousado suavemente em mim.
Grito em silêncio o teu nome
E tudo que escuto
É o eco emudecido
Desta demente dormência
Que me deixa adormecida,
Morando perpetuadamente
Neste êxtase sonhado,
Aguardando o teu corpo no meu
Extinguindo este defeito
De ter feito de ti
A nascente que me suporta
E me transporta
À outra margem de mim.
Maria Escritos – 2010
© Todos os direitos reservados
http://escritosepoesia.blogspot.com/
Eugénia
Desenhava almas mas disse que não queria desenhar. Nunca conseguiria esboçar o cheiro da transpiração do homem minúsculo na sua pele. Nunca conseguiria pintar as constantes lavagens, até que o cheiro dele se misturou no sabão e, depois, no banho - agora esfolado na sua pele. Nunca conseguiria contornar o peso, a força gelatinosa arremessada, o vai-vem duro, a lua vermelha quando apelava ao céu que ele não a magoasse muito, que acabasse depressa. Sr. Dr. - disse - eu consigo desenhar um cão e um homem, mas nunca conseguirei retratar a criatura híbrida parida do pior dos dois. Sou capaz, contudo, de desenhar a fome que tenho e o pão que me oferecer. Era um cavaleiro; montou-a nele para se salvarem e transformou-se num cavalo.
22 janeiro 2010
«Amo Agora» de Casimiro de Brito e Marina Cedro
Livro lindíssimo que apresenta em diálogo poético uma história de paixão, corpos, aromas, sabores e cores entre dois poetas - Casimiro de Brito e Marina Cedro
(um excerto)... para celebrar o desejo!
73 Mandas-me pétalas marítimas o amor que floresce nas ilhas gregas Nas tuas terras subterrâneas Mandas-me notícias do país do mar e dos deuses Mas deusa és tu nua quando te dispo e ajustas ao meu corpo Água e vinho e por isso me embriago E tu sorris e voas Casimiro | 74 Línea que en mí es sagrada y en tu cuerpo tuyo me abrigas brazalete de mi piel ligamento años luz tu vida y la mía Notas de Calypso abre puertas tus palabras decidías abrazarme en tu tierra Afrodita mar y tierra dios de mar alimentas mi mirada caigo absuelta en tus brazos Poseidón Marina |
Marina Cedro
cantora poeta pianista
Nascida em Buenos Aires, Argentina, Marina assume-se como
autora, compositora e intérprete, numa expressão da escrita, da voz e do piano, em perfeita fusão. A sua “voz”, íntima e
profunda, leva ao extremo a sua arte: primordial e nostálgica.
No seu último álbum, Itinerario (2007) associa o Tango, o Jazz e a Poesia. O seu repertório compõe-se por obras musicais e literárias por si criadas bem como de autores como Piazzolla, Gainsburg, Expósito, Cortázar e Verlaine.
Casimiro de Brito
poeta ficcionista ensaísta
Nasceu em Loulé e publicou mais de 50 títulos, em Portugal e no estrangeiro. Dirigiu revistas literárias, esteve ligado a Poesia 61, desenvolvendo depois um percurso muito pessoal através de vários discursos inerentes a um mundo (e a uma vida pessoal) cheio de mudanças. Representado em 190 antologias e traduzido em 26 línguas. Foi presidente da Association Européenne pour la Promotion de la Poésie e do P.E.N. Clube Português e é conselheiro daAssociação Mundial de Haiku, de Tóquio.
Mais poesia erótica no Estúdio Raposa
Mais de quarenta minutos com poesia erótica de António Salvado, Beatriz Barroso, Casimiro de Brito (5 poemas), Constança Lucas, Judith Teixeira (4 poemas), Luís Graça, Luís Pinto, 25 poemas da Índia, Rui Diniz e Otília Martel (5 poemas)... lidos pela voz d'ouro do Luís Gaspar.
Gold
Tenho todas as respostas. Espero só que me façam as perguntas certas.
Encontrei o tesouro, deitei fora o mapa e sentei-me à espera. O brilho do ouro chama por mim, mas não lhe posso tocar. Ainda não.
Estou aqui. Quero-te. Encontra-me.
Encontrei o tesouro, deitei fora o mapa e sentei-me à espera. O brilho do ouro chama por mim, mas não lhe posso tocar. Ainda não.
Estou aqui. Quero-te. Encontra-me.
Coisas
Tenho uma flor azul e branca colada num espelho, parece que flutua num lago; a minha imagem mergulhada atrás da flor e o rosto trespassado em nariz de pétalas. Olho à distância, pergunto-me porquê. Não sei. Colei-a porque representou algo importante que não queria esquecer, mas não me lembro; afinal, só me foi possível guardar a flor, perdi o significado. É isso que as coisas são: coisas, nada têm dentro delas que não esteja dentro de nós. E, aqui dentro, falta-me algo que eu sei que me faz falta - sinto o espaço vazio do que enchia a flor azul e branca - mas já não sei o que é. E se eu olhar fundo no lado - tão fundo que o espelho se chama memória - eu ainda acho (acho!) que, em vez do meu rosto, está um seio e as pétalas afagam um mamilo.
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