Outra forma de actuar na Casa da Música.
18 março 2010
17 março 2010
vivemos num dos melhores países do mundo para o sexo...
E vêem de cima, como deve ser, os bons exemplos. Curando de cuidar dos cidadãos, tal é a preocupação dos mandantes (supostamente os elementos activos da relação), na sua agitada sanha em promover a satisfação sexual dos viventes, fodem-nos de todas as maneiras e feitios, numa incessante demanda – quiçá – de um sagrado Graal, que colhe em Epicuro o néctar.
Porque, em boa verdade, todos buscamos a felicidade, pela aponia – a ausência da dor – como pela ataraxia – a imperturbabilidade da alma. Temos, até, uma propensão muito nossa para fundir estas duas… e levitar – uma espécie de apotaraxia que nos pariu...
No corre-corre das portagens, em auto-estradas inoperantes por gigantescas filas de carros e eivadas de buracos com e sem obras; no PEC, óbvia abreviatura do esquema pecaminoso com que estamos a ser sodomizados; na Segurança Social à espera de que façamos filhos que nos assegurem a reforma, quando nós descontamos exorbitâncias… para a nossa reforma; por outro lado e em antítese, nas reformas milionárias e recordistas de velocidade de tanto afilhado do regime; de cada vez que metemos gasolina ou gasóleo; de cada vez que pagamos a electricidade, ou a água, ou o gás, ou o telefone; no maquiavelismo sado-masoquista do IRS; nas taxas «moderadoras» (e tantas outras…), bem como na medicamentação, na Saúde; na miserável rentabilidade dos Certificados de Aforro, quando o Estado paga quatro, cinco, seis, sete vezes mais às entidades a quem vai buscar o dinheiro «lá por fora»; na Educação, pobre, atrofiada e deficiente, mas sempre viva e exploradora, qual «marrequinha de Monsanto», à sombra da qual tanto editor livreiro tem feito fortuna; na Justiça, também ela tântrica, sado-masoquista e careira; na desmesura de uma Assembleia da República repleta de boys e girls, (que nem fornicam nem saem de cima, diga-se, mas fazem-se pagar bem e reformar melhor); na violação sistemática das regras ainda ontem definidas e que mudam de posição como amante inconsistente e volúvel, sem que ninguém seja capaz de lhes acompanhar o ritmo… E o rol seria infinito!
Alguém duvida, pois, que nesta costa banhada por tantas lágrimas de Portugal – como dizia o poeta… - haja também muito miasma misturado nas salsas ondas, tal a imensidão orgasmática em que vivemos?
Eu cá não tenho dúvidas… E já estou pràqui que nem posso, diga-se!
(Desculpa lá, São, mas se não fosse aqui, onde verteria eu este suspiro de sublime prazer?)
IBIZA FUCKING ISLAND by Tatúm
Dos dibujos de la serie
Inéditos (2006)
Lápiz sobre papel Gvarro esboso DIN A4
Click en las imágenes para ampliar
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Só porque sim
Não sendo fumador, e com isso desconhecendo por completo (e sem vontade de saber) o prazer que um cigarro possa dar entre os dedos, e para além disso nunca tendo tido o desprazer de lamber cinzeiros, claro que recebi de braços abertos a Lei que proibiu o tabaco em espaços públicos. Se eu sou obrigado a ir a uma casa-de-banho para devolver a cerveja que bebi, que não sendo um vício, é um prazer meu, parecia-me, no mínimo, injusto que tivesse de levar com o fumo de quem disfrutava do seu prazer: o tabaco.
Para mais, enquanto que se eu urinasse em cima de um fumador, nenhum mal viria à sua saúde, já o fumo do seu tabaco era para mim prejudicial. Fazia-me fumador passivo e de roupa mal-cheirosa. A partir do momento em que essa Lei entrou em vigor, aconteceram duas coisas interessantes. Uma delas, terem os espaços públicos fechados ficado mais agradáveis. Sabe bem estar num espaço comercial e não cheirar o fumo. Sabe bem poder comer uma refeição sem tabaco à mistura. A outra coisa interessante: os fumadores estabeleceram rotinas que me divertem. E porque me divertem? Explico já de seguida.
No local onde agora trabalho há alguns fumadores. Quando sentem o apelo de colocar algo entre os dedos, ou algo na boca (e eu teria ideias alternativas para isto), abandonam os seus postos de trabalho e avançam para a rua. A sala de fumo é a atmosfera. E quando lá vão, combinam entre eles a viagem. Convidam-se. Dizem “vamos a um cigarrinho”.
Mas outros há que o fazem de uma maneira que a mim parece mais característica: tentam enfiar o cigarrinho em momentos-chave do dia. Há um homem que passa pelo corredor e grita à colega, “Sofia (nome fictício), vamos fumar antes da reunião?”, ou então “Sofia, vens fumar agora?”. Quando estas perguntas se fazem em voz alta no corredor eu sorrio, porque altero os verbos. Como seria isto com outros prazeres?
“Oh Sofia, vamos dar uma antes da reunião?”, “Sofia, vens fazer-me um felatio agora?”, “Sofia, tens tempo para um cunnilingus antes do almoço?”. Imagino estas coisas e sorrio. Sorrio pensando como seria se isto se dissesse, assim, em voz alta e sem que alguém estranhasse, como seria se ao sair a porta do edifício, em vez de encontrar meia dúzia de agarrados à nicotina, encontrasse malta a dar quecas contra a parede, contra a porta, no chão, por todo o lado, assim durante cinco ou dez minutos, antes de uma reunião, só porque sim.
Possivelmente sorrio porque sei que isso não vai acontecer. Apesar de toda a minha imaginação, essas coisas só porque sim, à porta do edifício, seriam estranhas. E as pedras do chão magoariam os joelhos e as costas.
Nas nuvens
deixou-lhe nuvens nos seios
deixou-lhe nuvens nos lábios
e ainda flutuavam
e ainda se roçavam
como ventos enluvados
de memórias de suaves tecidos
memórias de gemidos acetinados
Na última vez que se amaram
das nuvens que os rodearam
ficaram os dedos marcados
palavras inéditas em dicionários
escritos no ventre, novos ensaios
e ainda divagavam
e ainda se reconheciam
no corpo dos dedos nublados.
Lucía, gabinete de sexologia -"O que faço, doutora?"
16 março 2010
Amor?!...
- Ama-me.
É pedir muito?
Possivelmente.
Amar não é para todos:
custa, magoa, revolve as entranhas.
- Amas-me?
É uma pergunta chata?
Possivelmente.
Amar não é para todos:
revolve-nos, magoa, custa sentir.
- Porque amas?!
Amas.
Amas?
Amas!
Não...
És um imbecil
à volta da sua própria cauda,
buscando o que não encontra:
mas saberás o que procuras?!
Foto e poesia de Paula Raposo
_________________________
O PreDatado propõe uma versão fundíssima:
"Mamas-me a chata?
Possivelmente.
Mamar não é para todos
revolve-nos, enjoa (não vale mentir).
- Porque mamas?
Porque sou imbecil,
eu queria mesmo era chupar-te a cauda
mas ando às voltas e não te encontro.
Voltas?
Às sete."
Raízes
O filho de Kronar
2 páginas - basta cricares em "next page" a partir da página inicial acima
oglaf.com
15 março 2010
Caprichos de amor
Aproximo-me de ti num movimento gracioso de felino enquanto me contemplas com esse teu brilho no olhar. Num gesto suave e sensual começo a beijar os teus pés, sugando um dedo e atirando-te um olhar provocador. Beijo após beijo percorro cada pedacinho das tuas pernas enquanto as mãos acariciam o teu membro viril, que erecto manifesta o prazer que te dou. Roço ao de leve a lingerie preta sobre o teu corpo para me voltar e debruçar sobre aquele membro entumecido que bem erecto me pede para me voltar para ele. Beijo-o e deixo a língua brincar com ele. Inclino-me para que me beijes no sítio exacto e me arranques um gemido de prazer. Sinto a tua língua dentro de mim e a excitação a aumentar. Sinto na minha boca o leve pulsar do teu falo e sei então que está pronto para gozar. Deito-me de costas e abro as pernas para o receber dentro de mim. Ah, como anseio por ti meu amor. Com movimentos ritmados iniciamos a nossa dança lenta do amor, até cairmos extasiados num abraço sem fim.
Faz-me tua outra vez meu amor, então te direi quando por fim te contorceres libertando espasmos e arrepios de prazer.
Maria Escritos
http://escritosepoesia.blogspot.com/
Os amantes
deito-me neles pela cintura
desce uma madrugada segura,
nela os amantes acordam
nos seus corpos pouco dura
o dia de que se lavam
E os seios que se moldam
em pedintes de ternura
desce entre eles paixão dura
neles os amantes jorram
a marca da sua loucura
até aos lábios que a beijam
E os joelhos que se afastam
oferecem a rosada cura
aos reféns da paixão pura
neles os amantes se lançam
como quem procura
que os dias não mais nasçam.