03 abril 2010

Mulher na fonte - escultura em bronze de Baryz

Acho que já vos disse que tenho orgulho na minha colecção de arte erótica e que não desisto enquanto não conseguir que esteja exposta num local aberto ao público (em rigor, será mais... aberta ao púbico).
Pois esta é a peça mais recente da minha colecção e acho-a uma delícia.
É uma escultura em bronze com base em mármore negro, assinada por Baryz, com 35 cm de altura e 6,4 Kg de peso.





02 abril 2010

Ora papa lá uma limpeza total

O Sumo Pontífice andou a lavar pés, cumprindo a tradição, e depois aproveitou para limpar passados apontando o discurso para as crianças mortas pelos abortos em vez de o apontar para as que nasceram para serem abusadas pelo clero católico.

Hotel California

– Estás a trabalhar? – perguntou o homem, a quem podemos chamar Arnaldo, dirigindo-se à mulher, a quem chamaremos Sofia, depois de um olá e um contra-olá tão sumidos, quase clandestinos, que se diria serem uma espécie de senha obrigatória e automática mas sem qualquer significado para nenhum dos interlocutores.
Sofia olhou para Arnaldo de relance, procurando ainda assim formar uma opinião sobre o homem, e assentiu com uma ligeira vénia e um sorriso pretensamente sedutor.
– E quanto é que levas? – inquiriu Arnaldo, mostrando uma indiferença que não sentia.
– Sessenta – informou a mulher, como se escrevesse um sms.
– Sessenta – repetiu o homem, sopesando o número com ar comercial. – Sessenta… Tudo?
– Querias! – atirou Sofia, esganiçando a voz. – Sessenta, tudo?!... Estás a gozar comigo!
– Então… – Arnaldo hesitou e fez uma pausa, percorreu ostensivamente o corpo da mulher com os olhos, fixando-se apenas no recheio do decote e na linha das ancas, encolheu os ombros e continuou com ar enfadado de negociante experiente: – Sessenta… Sessenta é para quê?
– Oral reduzido e vaginal completo – esclareceu a mulher –, com garantia de prazer.
O homem mastigou o reduzido com uma careta de desagrado, apreciou a linguagem técnica utilizada com propósito e a estrutura apelativa em crescendo da frase e a ênfase no completo e na garantia de prazer.
– Quanto tempo? – inquiriu Arnaldo, a meia voz.
– O que aguentares, meu querido – adoçou Sofia, sorrindo sem mostrar os dentes.
– Até me vir?
– Sim, claro.
– E tu?
– Eu o quê?
– Quando te vieres, continuas?
A mulher olhou-o com ar trocista e soltou uma gargalhada descrente:
– Se isso acontecer – disse, sem retrair o sorriso –, não só continuo como te levo só quarenta: vinte para a casa, vinte para mim e vinte para ti.
– E se eu sofrer de ejaculação precoce? – perguntou Arnaldo de forma abrupta, não dando, por qualquer forma, continuidade ao ar solicito e simpático com que Sofia lhe havia dado as últimas respostas.
Sofia sentiu a pergunta fisicamente como uma pontada e embrulhou o sorriso. Olhou em volta, antes de se voltar a fixar em Arnaldo e lhe perguntar com ar sério e profissional:
– Estás a gozar comigo?
– Não – respondeu Arnaldo, no mesmo tom sério. – Estou só a definir as coisas – pigarreou. – Quando um homem se encontra com uma mulher tudo pode acontecer – completou.
– Eu não me vou encontrar contigo – replicou Sofia, prontamente. – Isto não é nenhum encontro! Eu estou a trabalhar, tu queres: pagas. Queres a minha boca no teu sexo: pagas. Queres o teu sexo no meu sexo: pagas. Acabado o serviço eu volto para aqui e tu vais à tua vida… se a tiveres – murmurou. – Não temos de beber um café antes ou almoçar ou jantar, nem temos de fumar depois ou de me abraçares ou dizeres-me seja o que for…
– O encontro que eu disse não era nesses termos – interrompeu Arnaldo. – Era o encontro físico entre um homem e uma mulher, entre um cliente e uma puta. Era desse encontro que eu estava a falar.
– Que fosse – consentiu a mulher. – Mas não são nestes encontros que tudo pode acontecer, são naqueles. Nos encontros entre um homem e uma mulher é que tudo pode acontecer, ainda que seja pouco provável que o mesmo homem possa ser ao mesmo tempo um extraordinário guru do sexo tântrico e um miserável ejaculador precoce e que, por acaso, lhe possa acontecer qualquer uma das duas situações: não se vir ou vir-se logo.
– Mas pode acontecer – insistiu Arnaldo, sem convicção.
Sofia encolheu os ombros concluindo aquela linha da conversa.
– Mas não é o nosso caso – disse. – Pelo que nos escusamos de perder tempo com hipóteses académicas. Aqui para nós o que interessa é que eu levo sessenta euros e precisamos de saber se queres pagar o preço, é tão simples como isso. Como é que a coisa vai correr depois é uma incógnita com que nós temos de viver mas cuja solução podemos conhecer facilmente. Queres?

Modelo


O desenho que fizeste
daquela mulher,
semi encoberta
pela penumbra da sala;
mostrava um seio desnudo,
de bico saliente,
excitado;
porque a mulher era eu.

O teu poder ultrapassa
a modelo:
a pose sensual que te ofereço,
no teu desenho.

Foto e poesia de Paula Raposo

Triangulando

Deito a mão pequena ao teu peito pela tua garganta
e quanto mais te aperto mais o peito te dilata
e mais sou eu quem nos solta o grito
que quanto mais em mim te aperto
mais de ti em mim liberto.
quero tanto
tanto
tu
que quando te tenho és tanto que nem te contenho
se em mim te condenso tudo em mim rebenta
alimenta-me o teu corpo o feroz sonho
que me escapou da jaula aberta
querer não tem porta
nem janela
e ela
tu


IBIZA FUCKING ISLAND















































Inédito 2006
Lápiz sobre papel Gvarro esbosos
Formato DIN A 4

Cantando A Loira



Capinaremos.com
A culpa pode ser dividida nessa, né? O cara poderia ter pedido o número. =P

01 abril 2010

Projecto Intimidades - Pedido de colaboração

Recebi o seguinte pedido de divulgação que passo a... divulgar:

"A investigação de Doutoramento "Projecto Intimidades", focada na intimidade conjugal e agora apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), já está a decorrer!
Precisamos de casais casados (não interessa há quanto tempo) ou em união de facto (que vivam juntos há pelo menos 2 anos) e que tenham pelo menos o 9º ano.
Queremos casais de várias idades (sem limite de idade), com ou sem filhos, urbanos ou rurais, de todos os espectros políticos, altos ou baixos, magros ou gordos, etc.
Agradecemos imenso a vossa ajuda na divulgação aos vossos amigos e familiares. Mesmo que não possa/não queira participar, há sempre um amigo que tem um amigo que pode conhecer alguém que queira participar.
O contacto para participar
é projectointimidades@gmail.com ou o 91 330 1540.
Mais informações sobre o estudo no site do projecto:
https://sites.google.com/site/intimacyanddesire/

Obrigada!
Luana Cunha Ferreira"

Beijo


Poesia Erótica de Margarida Piloto Garcia...

... lida por aquela vozinha de ouro do Luis Gaspar.
É o
nº 47 da Poesia Erótica do Estúdio Raposa

Neste programa, O Luis Gaspar aproveita para falar a respeito de uma discussão sem fim:
"Neste programa, desde o seu início, afirmei algumas vezes que nele se ouviria poesia, ou prosa erótica e não pornográfica. Admito, porém, não ter fim, a discussão sobre onde reside a fronteira entre uma e outra coisa.
Quando se trata de imagens, as diferenças são mais claras: imagens que provocam o desejo ou a admiração física são uma coisa, imagens de sexo explícito são outra.
Na escrita há quem diga que a diferença está em usar ou não palavras obscenas. É uma fronteira aceitável, mas não decisiva para além da dificuldade em saber quais são ou não são as palavras obscenas."

Nas páginas finais do DiciOrdinário IlusTarado também falo sobre isto, com muitos autores, enquanto fumamos um cigarrito.

Aqui de novo

Estamos de novo aqui. Neste espaço. A parede preta em frente à cama – e com esta luz duvido se é mesmo preta ou apenas antracite – que contrasta com a parede onde a cabeceira da cama encosta, que é branca. O chão, de madeira escura, conduzindo a toda uma parede vidrada coberta por uma cortina translúcida castanha que me deixa ver as janelas dos prédios em frente, e que, suspeito, os deixará ver, tão bem quanto eu, aqui para dentro. Apenas o candeeiro, à esquina, permanece aceso, sobre a mesa de cortesia.

Sobre a cama jaz o teu corpo. É correcto dizer-se que jaz. O cansaço que te tomou torna-te imune ao barulho do meu teclar, e estendes-te sobre a cama como se estivesses morta. Apenas uma ou outra inspiração mais profunda contraria essa imagem, quando o teu peito se movimenta com maior exuberância. A tua silhueta é bonita. Paro, por algum tempo, apenas para te observar.

Quando se abriram as portas do elevador e viemos em direcção aos quartos, trocámos alguns comentários de circunstância. Despedi-me de ti dizendo um até amanhã. Que descansasses bem. A verdade é que os nossos olhos nem sequer se cruzaram bem, não houve sinais nem avisos de qualquer espécie. Tu entraste ligeira para o teu quarto e eu ainda estava a tentar inserir o raio do cartão da porta na ranhura que acende as luzes quando a tua porta fez um muito audível e definitivo clic, que te recolheria num reduto de privacidade durante algumas horas. Não foi, por isso, de estranhar que tivesse ficado totalmente pasmo quando alguém – tu – me bateu à porta. Abri, e ao ver quem era ia dizer qualquer coisa banal. Se estavas bem, se precisavas de algo, se te podia ajudar. Não me perguntes porque não disse. Não sei. Seria o espanto, seria o inverosímil. Parei, portanto, com a porta aberta e segura na mão, a olhar-te, provavelmente num misto de curiosidade e incredulidade. E tu, no corredor, a olhar para mim. Com os teus olhos escuros e longos cabelos ondulantes.

Sem palavras. Foi sem palavras que quebraste esses dois ou três segundos que eu juraria terem sido mais para, colocando a tua mão esquerda no meu ombro, criares espaço para passar, como que me tirando da frente com delicadeza. Fechei então a porta e vi-te avançar pelo quarto dentro. Descalça, com um calções muito curtos, e uma tshirt branca larga. Sem me pedir nada, sem explicar nada, deitaste-te na minha cama. Onde permaneces ainda agora. Comigo a olhar-te. Sem falarmos, suponho apenas que não querias ficar sozinha. Ficarei por aqui, sentado. Nunca cumpri o que havia prometido. Nunca te devolvi o resto, fiquei apenas espectador. A devolução que ficara prometida nunca se realizara, e agora tudo isso estava a milhas e milhas de distância, e a mulher que me entrou pela porta, há instantes, não é já a mesma que outrora me deliciara com visões de algo profundamente proibido. E, de alguma maneira, tudo estava bem, tudo está bem. Não me preocupa, não tenho pena, não me desilude. Sabes apenas que hoje, nesta noite distante, não estás sozinha.

[A Geografia das Curvas]



"Não, não, enfermeira! Eu disse «Duck his sick» [o pato está doente]".


Esta é - infelizmente - a última imagem das que o Jaxtraw produziu desta série e que me autorizou a publicar neste blog porcalhoto. Thanks, Jaxtraw!