08 abril 2010

Se ele pudesse

Numa tirada rápida, com uma inflexão de discurso sem preparo, eis que ele lhe diz que, se pudesse, a fodia. "Como?", isso mesmo. "Se pudesse, fodia-te", e depois de uma pausa ligeira, que serve para centrar bem os olhares, insiste, "e bem. Ias gostar". Era isso que lhe queria dizer, que se pudesse a fodia bem. Mais do que muito, bem. Era preciso. Para livrar os corpos do feitiço, para sacudir os desejos profanos. Havia tempo que isso era sonhado, havia muita carne entumescida pela ideia, e era urgente fazer algo a esse propósito.

"Sabes", prosseguiu, "se te fodesse ia deitar-me atrás de ti, como tu dizes que gostas. Ias sentir-te dominada. Segurava-te pelos pulsos atrás das costas e encostava-me a ti quase ao ponto de te penetrar". Por aquela altura, lambiam-se os lábios. Admitia que a adrenalina lhe tivesse deixado a pele mais seca e a garganta mais necessitada de água, porque palavras, nenhumas, e o modo como procurava humedecer os lábios diziam-lhe que estava a crescer nela a excitação causada por um filme cujo final ela desejava muito. Mas reagiu então perguntando-lhe "e mais?". E mais? Brincaria com ela por algum tempo. Tocando a pele arrepiada sem pressas, absorvendo esses odores que dão côr à química, que unem ou afastam pessoas sem lógica aparente, humedecendo os dedos nos seus espaços mais quentes, preparando caminho. "E?", e depois, triunfando, derrubando todas as barreiras, se ainda as houvesse, entraria nela. Se eu pudesse, dizia ele, eras fodida nesse momento. Quando já estivesses a desesperar. A pingar.

"Apetece-me muito", disse ela. Virou-se de costas para ele, despiu célere a fina blusa e as calças desportivas de algodão muito fino, largas, que, descobriu ele então, eram a única roupa que lhe cobria o corpo. Afastando um pouco as pernas, e mais ainda os braços, encostou-se à parede mais próxima insinuando as suas redondas nádegas, e olhando discretamente sobre o ombro disse-lhe de novo, "apetece-me muito, se puderes".

Anóxia simples

O olhar sufocado
não se esqueceu
não se esqueceu de te inspirar;
mas então
esqueceu quase tudo
ficou surdo
e ficou mudo
e até o ar perdeu
ao respirar
pelo coração
que se encheu
e não quis esvaziar.
Tenho medo
tenho medo de me lembrar
de te expirar
e ofegar o mundo
Meu amor, sufocar
é perder-te no meu ar.

Postalinho da Lady.bug


"Já cá canta! o DiciOrdinário do blog mai' erótico da minha blogosfera, onde faço questão de participar com alguns posts catitas e fundos. Sempre muito (pro)fundos.
E com dedicatória especial da Sãozita e Raim e Gotinha! Ai que alegria imensa!
Ora bem... e agora escolher uma prateleira para ele? Junto dos dicionários da Porto Editora? Junto da Alice no País das Maravilhas? Hummm... ou perto dos livros de marketing e inovação? Lado a lado com a Crítica da Razão Pura pode ser atrevido demais!
Lady.bug"

Tens as mesmas dúvidas da Bertrand e da FNAC, que põem o livro respectivamente nas secções de «Sexualidade» e «Saúde e Bem Estar».

Comprem, meninas e meninos, comprem, o diciOrdinário ilusTarado! Vai da frente ao outro lado! Comprem, meninas e meninos, comprem...

Fodida na boca

07 abril 2010

Ética para uma prostituta

Na eventualidade das duas únicas respostas que se possam dar a determinado problema serem péssimas, a questão coloca-se em como escolher a menos má. O que é do mau o menos mau? Refiro-me especificamente ao dilema que experimento quando sou contactada por mulheres determinadas e decididas a enveredar por este caminho. Não falo das que estão hesitantes, falo das que tomaram a decisão e já ultrapassaram as hesitações, ponderações, etc... Contactam-me, nessa fase, para saber como entrar, como fazer: portas, segredos, procedimentos... Eu não quero apontar portas de entrada a ninguém, isso faz-me sentir péssima, terrível. Eu não quero explicar a ninguém o que tem de fazer, como e onde, para se prostituir; sinto-me responsável e culpada. E se eu não explicar? Eu sei que quem quer acaba por fazer. Nesse caso, acabará por fazer, sem saber quase nada e contando apenas com a sorte. Quando ninguém nos guia e não sabemos onde estão os buracos, podemos cair neles. Mas eu não quero. Eu não quero explicar casas, independentes, valores, sites, sítios, clientes... Mas se não explicar... E agora?

Nudismo vs Naturismo


Quando se fala em Naturismo, é habitual fazer-se imediatamente a associação com o Nudismo, como se os dois termos fossem sinónimos.
Não são.

Nudista é aquela pessoa que gosta de se despojar da roupa sempre que possível, de preferência quando em contacto directo com a Natureza.
O Naturista, por outro lado, vai mais longe e professa uma filosofia de vida que inclui atitudes naturais quanto ao seu relacionamento com o meio ambiente, hábitos de alimentação saudável, utilização de medicinas naturais, repúdio do consumo de produtos alterados quimicamente, recusa da ingestão de drogas, incluindo as que são legais, como o álcool e o tabaco, preocupações de protecção e respeito pelo meio ambiente, exercício físico e desporto, integração na natureza, respeito pela biodiversidade, enfim, tudo quanto conduz à meta ideal de possuir uma mente sã num corpo são.
O Naturismo é isso.
É, essencialmente, uma Filosofia de Vida.
É verdade que a maior parte dos Naturistas são Nudistas, mas isso deriva da sua atitude em relação à Natureza e à naturalidade intrínseca da nudez do corpo com que nasceram.
No entanto, nem todos o são.
Do mesmo modo que existem Naturistas que não se sentem à vontade com a nudez, por razões culturais, dogmas religiosos, conceitos de estética, etc. que são perfeitamente legítimos e merecem respeito, também há nudistas que não nutrem qualquer respeito pelo Natureza, de que são tão vasto exemplo aqueles que todos os anos frequentam praias públicas e por lá deixam os seus restos de “civilização”, incluindo plásticos que demoram séculos a decompor-se e contribuem para a lenta degradação do nosso ecossistema.
Os Naturistas são activos opositores destes tipos de comportamento e, quando paralelamente defendem o seu direito à nudez, fazem-no com a mesma naturalidade com que louvam a pureza de uma água de nascente.
Os Naturistas repudiam atitudes de exibicionismo ligadas à nudez pública, particularmente quando são projectadas em sociedade com conotações sexuais de provocação, que constituem um comportamento tão condenável como o seria se os seus autores estivessem vestidos, e que não se verifica entre tantos povos que por esse mundo fora vivem nus, sem que daí derivem atitudes descontextualizadas.
Há, portanto, que saber diferenciar a mentalidade pervertida daqueles que se dizem naturistas sem o serem, com o exercício dos direitos à mais intrínseca essência com que o ser humano nasceu e constitui o templo da sua vida.
Portanto, na eminência de um debate parlamentar sobre Naturismo, é oportuno recordar ao legislador que lhe cabe, também, da mesma forma que reprime a criminalidade e os comportamentos desviantes, garantir o direito a uma vida saudável, baseada em princípios naturais, àqueles que professam esses hábitos, essa vontade e essa consciência: os Naturistas.


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O Imperator informa:
"Ao que parece hoje vão a votos algumas alterações à lei [a iniciativa está aqui e o Projecto de Lei Nº 23/XI está aqui].
Mas, mais que naturismo ou nudismo, importante será mesmo o que vai na cabecinha de cada um.
Libertar-nos da roupa que vestimos e receber o sol em todo o nosso corpo sabe muito bem. Libertar a nossa cabecinha de determinados preconceitos ainda melhor. A prática do nudismo ou do naturismo é uma excelente maneira de conhecermos o nosso corpo e não termos vergonha dele."

IBIZA FUCKING ISLAND














































Dos dibujos más de la serie
Inéditos(2006)
Lápiz sobre papel Gvarro esbozo
Forato DIN A4
Click en la imágen para ampliar
Dibujos en busca de editor

«Contactos» - Mariel y Andres Martin

Outro dos livros da editora el Jueves que comprei recentemente para aminha colecção.


Aqui fica uma história, com a autorização de publicação pela editora el Jueves:


06 abril 2010

No luar do meu riso dilui-se um orgasmo em astros...

Escrevo-te, da vastidão dos meus horizontes, dos confins da imaginação, onde habita e se acendem todos os tições numa manhã clara, onde o vento lateja um doce trinado, no meu sangue quente, que pulsa na ânsia, no cérebro, que em ti pensa, sôfregos pensamentos, insaciáveis...
Ardem em mim os ecos dum sonho álgido. Os teus olhos ácidos, emergem luas, fatais.
Que o tesão nunca entre nós esfrie. Faça-se sensual uma treva leve, danças carnais, altos nos traços, chuvas estreitas e atrevidas. A agitação chamo para dentro de mim. Sonho ser tudo o que em ti desejo e o meu mundo ao sonhar-te, é diferente, se transforma. Te transforma. Nos frutos da saliva, tu me apeteces, na nudez farta, um deserto ferve, onde te lanças, sempre atento, sequioso, erecto, palpitante. Corre-me o ardor, o teu sangue pelo meu espaço, como uma garra de ferro, tão suave que nunca me doí rasgar-me toda por ti.
Sabe-me a tua boca à luz sôfrega dos dias.
É o meu entusiástico desejo que te fala, que estala, rebenta-me em desejos que hão-de dar frutos, e eu deliro... numa estrada aberta, nas avenidas da minha escrita.
Amo-te na orla de um desejo, o meu.

Beijos da sempre tua
Rosa Genital

[Blog Vermelho Canalha]

Canção


O mar voltou a chamar-me,
brando, azul;
ondulando
levemente de espuma e paz.

Eu regresso, de mansinho
(ao seu afago),
canto a tua canção
- num beijo inesgotável -
quando o mar me desperta
todas as ausências:
eu te chamo breve em nós.

Foto e poesia de Paula Raposo

Exposição erótica eslava

O Gato Preto enviou-me esta notícia muito interessante:
O Museu «eslavo da casca de bétula», baseado em Novosibirsk, revela a vida sexual na velha Rússia. Uma exposição com um nome estranho - «Erótica eslava: erva no fundo de um rio» - combina obras de vários artistas, especializando-se na reconstrução dos antigos símbolos eróticos e rituais. No folclore Russo, as atividades sexuais envolviam não apenas as pessoas em si, mas os pássaros e os animais, utensílios domésticos, roupas e ferramentas agrícolas. No artigo apresentam vários trabalhos de um autor: Victor Khahalin. Aqui ficam alguns exemplos, que sem dúvida ficariam muito bem na minha colecção:





A Rainha da Neve


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