Foi criado um Grupo no Facebook a que eu aderi - «O clítoris na RDP - apoio à crónica de Raquel Freire na rubrica Este Tempo»:
"A dezasseis de Março de 2010, na sua crónica semanal na Antena 1, Raquel Freire atreveu-se a falar do clítoris e disse a palavra masturbação duas vezes. Mas há a escuta e há a audição selectiva. E as notícias lá vêm dizer que há queixas ao provedor por causa da hora a que a crónica «sobre a masturbação feminina» foi transmitida. Quem gosta de cantos escuros manifestou-se. Agora é a vez dos que gostam de janelas abertas fazerem o mesmo.
Escrevamos ao provedor da RDP em defesa da nossa liberdade de ouvintes e de uma sociedade mais saudável na sua relação com o sexo e na sua capacidade de se exprimir. O clítoris também tem direito às ondas hertzianas!
As mensagens devem ser deixadas aqui:
http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/contactos.php"
Deixei uma mensagem ao provedor do cliente da RTP:
"Se querem uma sociedade saudável, tratem o sexo com naturalidade.
Pornográficas são a guerra, as ofensas pessoais, a violência, destruição da auto-estima, a corrupção, a intolerância, a hipocrisia, o terrorismo, a injustiça, o racismo,... não a sexualidade.
Tenho muita ...pena das pessoas que olham para o sexo como pecado. Considero-as doentes. Devem tratar-se... mas não tentem contagiar-me!"
Lê a informação sobre o caso na página do Provedor do Ouvinte. E a notícia no «Correio da Manhã».
12 abril 2010
«Terapia matrimonial induzida» pela Kikas
A propósito de pesquisa feita a casais com mais do que o 9º ano, o Santoninho falou-nos dos "casais que vão almoçar fora ao domingo e passam duas horas no restaurante sem se falarem".
A Kikas deu a solução:
"Mas nós quando assistimos a cenas dessas em restaurantes, temos uma obrigação «pedagógica» de resolver o assunto e incentivar os casais ao diálogo.
Há uns tempos atrás, estava eu numa esplanada com uma amiga e assistimos incomodadas a uma «cena muda» entre um casal. Ele lia «A Bola», ela bebericava um refresco de uma mixórdia qualquer e fumava cigarro atrás de cigarro. Duas horas após, e profundamente intrigadas com aquele tipo de relacionamento, resolvemos fazer «marcação cerrada» ao dito cujo. Quando a madame topou que «A Bola» deixou de ser prioritária, arregalou os olhos, arrumou o SG filtro na mala D&G de contrafacção e começou a falar. Passou um minuto e ei-los apressados a caminho do seu Audi A4, dialogando entusiasticamente. De certeza que há meses não tinham uma conversa tão estimulante.
Chama-se a isto terapia matrimonial induzida!"
A Kikas deu a solução:
"Mas nós quando assistimos a cenas dessas em restaurantes, temos uma obrigação «pedagógica» de resolver o assunto e incentivar os casais ao diálogo.
Há uns tempos atrás, estava eu numa esplanada com uma amiga e assistimos incomodadas a uma «cena muda» entre um casal. Ele lia «A Bola», ela bebericava um refresco de uma mixórdia qualquer e fumava cigarro atrás de cigarro. Duas horas após, e profundamente intrigadas com aquele tipo de relacionamento, resolvemos fazer «marcação cerrada» ao dito cujo. Quando a madame topou que «A Bola» deixou de ser prioritária, arregalou os olhos, arrumou o SG filtro na mala D&G de contrafacção e começou a falar. Passou um minuto e ei-los apressados a caminho do seu Audi A4, dialogando entusiasticamente. De certeza que há meses não tinham uma conversa tão estimulante.
Chama-se a isto terapia matrimonial induzida!"
Sofia (By: Anzio Lìthica)
Sofia
mora na estrada pasmada
na esquina da nostalgia
na casa construída em escada
na porta, o nome Sofia.
Um lance, um milímetro por dia
Sofia, em sua escalada,
perdeu-se enquanto subia
em cada lance que trepava
descobria que trepava por nada
Sofia subia e logo descia
a cada nada onde chegava.
Sofia
viveu na rua esmagada
na vila tragédia da ironia
na casa nunca habitada
sem porta, o nome Sofia.
mora na estrada pasmada
na esquina da nostalgia
na casa construída em escada
na porta, o nome Sofia.
Um lance, um milímetro por dia
Sofia, em sua escalada,
perdeu-se enquanto subia
em cada lance que trepava
descobria que trepava por nada
Sofia subia e logo descia
a cada nada onde chegava.
Sofia
viveu na rua esmagada
na vila tragédia da ironia
na casa nunca habitada
sem porta, o nome Sofia.
divulgando um poeta brasileiro: Glauco Mattoso
Vítima de glaucoma, cegou. E descobriu o seu nome artístico pela ironia cruenta. Há mais de trinta anos que vai fazendo poemas... Aqui vos deixo um, da sua antologia Poesia Digesta, de 1974 a 2004:
Soneto 192 Flatulento
O peido, mais que o arroto, inspira o riso
gostoso, desbragado, gargalhado,
da parte de quem pode ter peidado
enquanto os outros fazem mau juízo.
Com base no meu caso é que analiso,
pois, mesmo estando a sós, enclausurado,
gargalho após os gases ter soltado
e aspiro meu fedor, feito um Narciso.
Me ponho a imaginar a reacção
de alguém afeito a normas de etiqueta
colhido de surpresa ante o rojão...
Meu sonho era peidar fumaça preta
na mesa de um banquete, para então
deixar que a gargalhada me acometa...
Soneto 192 Flatulento
O peido, mais que o arroto, inspira o riso
gostoso, desbragado, gargalhado,
da parte de quem pode ter peidado
enquanto os outros fazem mau juízo.
Com base no meu caso é que analiso,
pois, mesmo estando a sós, enclausurado,
gargalho após os gases ter soltado
e aspiro meu fedor, feito um Narciso.
Me ponho a imaginar a reacção
de alguém afeito a normas de etiqueta
colhido de surpresa ante o rojão...
Meu sonho era peidar fumaça preta
na mesa de um banquete, para então
deixar que a gargalhada me acometa...
11 abril 2010
John & John numa tira com animação
Querer
Querer: é um verbo demasiado forte;
gostar ou desejar: é mais suave.
Eu, hoje, gostaria de te ter aqui;
desejaria abraçar-te,
deixar-me levar nesse entusiasmo
(que sempre pões no que fazes)
no gosto frutado de um sonho
ou no desejo premente de sexo.
Gostaria de te mimar,
desejaria querer-te,
gostaria de te saber presente,
desejaria um beijo.
Não quereria amar-te.
Foto e poesia de Paula Raposo
Silvia: conto da cegueira
Dá-me a mão. Vês-me noite, amor. Está no tracejado que te sublinha o olhar - quando me olhas, contornas-me o vulto a lápis de mundo. Depois, quando fica muito escuro - como ficou - sente-se o mundo parar. Foi a tristeza intermitente que entrou pelos ouvidos - ensurdece! -, colou os lábios - emudece! - e sublinhou o olhar pelo lado de dentro - cega!. É quando essa surdez de ti escorre que a minha voz adormece porque as palavras acordam estanques - emudeço. É quando essa mudez te habita que não te respondo; ouço uma voz parecida com a tua, uma voz que diz coisas, coisas que eu não entendo - mas eu bem sei que tens os lábios colados; é uma coreografia de movimentos desengonçados - os meus -, pesados do pasmo, os braços na cabeça, as mãos nos ouvidos, largaste a minha - ensurdeço. Mas não ceguei, meu amor; ainda não ceguei. Pois que chames o escuro, se achas que a cegueira te poupa que eu, meu amor, eu chamo a tua imagem, ela contorna-me os olhos e poupa-me da cegueira.
10 abril 2010
Sorri porque estás
Observa desse teu canto isolado, desse teu canto sossegado onde te recolhes para cuidar de quem mais te interessa. Vê e orgulha-te do que deixaste como rasto, recorda o seu rosto no tempo em que não pensavas sequer em poderes um dia observá-lo a envelhecer.
Sorri porque sabes como é irrelevante essa transformação, essa etapa de uma mera transição para onde te encontras agora. E sabes porque não te foste embora, percorres o espaço, invisível, numa dimensão impossível de explicar. Sabes porque estás, embora reprimas a custo a intervenção quando tudo em ti apela a que tentes secar uma lágrima ou influenciar de alguma forma o rumo dos acontecimentos que sintas menos bons.
Sorri, pois sabes interpretar o amor num olhar e acreditas, porque és, que isso é tudo quanto uma alma precisa para descobrir o caminho para a luz.
E para alguém ser feliz.
Sorri porque sabes como é irrelevante essa transformação, essa etapa de uma mera transição para onde te encontras agora. E sabes porque não te foste embora, percorres o espaço, invisível, numa dimensão impossível de explicar. Sabes porque estás, embora reprimas a custo a intervenção quando tudo em ti apela a que tentes secar uma lágrima ou influenciar de alguma forma o rumo dos acontecimentos que sintas menos bons.
Sorri, pois sabes interpretar o amor num olhar e acreditas, porque és, que isso é tudo quanto uma alma precisa para descobrir o caminho para a luz.
E para alguém ser feliz.
2010
Afecto? Terceira porta à esquerda. Sexo? Segundo andar, terceiro corredor, porta vermelha; antes de se deitar com a sua boneca respectiva, dirija-se ao balcão e indique as posições que pretende à recepcionista. Amor? Preencha o formulário; na parte final, descreva como o pretende num mínimo de duas linhas e num máximo de seis; sente-se no sofá e aguarde a sua vez. Paixão? Profunda? Desça à sub-cave número dois, inspire e expire profunda e rapidamente ao longo da descida. Amizade? Suba ao telhado e aguarde a sua vez junto aos restantes ingénuos. Poema para pôr ao peito? Fique aqui, não se mova; a Tragédia virá brevemente ajudá-lo. Ego para remendar? É na fila que dá a volta ao quarteirão. Beijos e abraços e outras coisas simples? Dirija-se a uma das marionetas em qualquer canto da repartição. Pedidos especiais são sujeitos a análise prévia, utilize o e-mail que consta do formulário número quatro. Não danifique as semi-pessoas que o vão assistir. Identifique o que pretende antes de se dirigir à repartição. Não nos responsabilizamos por mentiras que conte a si próprio. Não nos responsabilizamos por mentiras que nos conte. As infracções serão severamente punidas com coimas elevadas. Se ainda existir uma pessoa dentro de si, sugerimos que salte do telhado; sentir-se-á muito melhor junto dos outros assim que quebrar e matar a alma.
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