13 abril 2010

Beijo fatal


O beijo que anseio
é mesmo este - o teu - tão puro;
claro, transparente de ti.

Esse beijo quase me mata
- transcendente - fulminando-me.
É o beijo perdido
que me perturba, enlouquece
e me lança no abismo.

Beija-me enquanto inventas
o subterfúgio da fuga.

Foto e poesia de Paula Raposo

Abismos (By: Anzio Lìthica)

Atracção pelo abismo onde moras
morro na água, em cada reflexo
e mais morro se não me afogas
o abismo é um lugar sem nexo.
Mas quem ainda quer, tremendo,
esse nexo em todas as coisas
se sem a atracção, só vai morrendo
morrerei, mas de braços nas tuas costas.
Quem quem assim não sabe a morte
nesse abismo, não tem sabor a turbilhão
dou-te o peito, eu não invejarei tal sorte
e morrerei, assim mesmo, sem coração.




A Espadamorte


1 página

oglaf.com

12 abril 2010

Te quiero



HenriCartoon

O clítoris e a masturbação na rádio?! Pecado, dizem alguns!

Foi criado um Grupo no Facebook a que eu aderi - «O clítoris na RDP - apoio à crónica de Raquel Freire na rubrica Este Tempo»:
"A dezasseis de Março de 2010, na sua crónica semanal na Antena 1, Raquel Freire atreveu-se a falar do clítoris e disse a palavra masturbação duas vezes. Mas há a escuta e há a audição selectiva. E as notícias lá vêm dizer que há queixas ao provedor por causa da hora a que a crónica «sobre a masturbação feminina» foi transmitida. Quem gosta de cantos escuros manifestou-se. Agora é a vez dos que gostam de janelas abertas fazerem o mesmo.
Escrevamos ao provedor da RDP em defesa da nossa liberdade de ouvintes e de uma sociedade mais saudável na sua relação com o sexo e na sua capacidade de se exprimir. O clítoris também tem direito às ondas hertzianas!
As mensagens devem ser deixadas aqui:

http://ww1.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_ouvinte/contactos.php"

Deixei uma mensagem ao provedor do cliente da RTP:
"Se querem uma sociedade saudável, tratem o sexo com naturalidade.
Pornográficas são a guerra, as ofensas pessoais, a violência, destruição da auto-estima, a corrupção, a intolerância, a hipocrisia, o terrorismo, a injustiça, o racismo,... não a sexualidade.
Tenho muita ...pena das pessoas que olham para o sexo como pecado. Considero-as doentes. Devem tratar-se... mas não tentem contagiar-me!"

Lê a informação sobre o caso na página do Provedor do Ouvinte. E a notícia no «Correio da Manhã».

«Terapia matrimonial induzida» pela Kikas

A propósito de pesquisa feita a casais com mais do que o 9º ano, o Santoninho falou-nos dos "casais que vão almoçar fora ao domingo e passam duas horas no restaurante sem se falarem".
A Kikas deu a solução:
"Mas nós quando assistimos a cenas dessas em restaurantes, temos uma obrigação «pedagógica» de resolver o assunto e incentivar os casais ao diálogo.
Há uns tempos atrás, estava eu numa esplanada com uma amiga e assistimos incomodadas a uma «cena muda» entre um casal. Ele lia «A Bola», ela bebericava um refresco de uma mixórdia qualquer e fumava cigarro atrás de cigarro. Duas horas após, e profundamente intrigadas com aquele tipo de relacionamento, resolvemos fazer «marcação cerrada» ao dito cujo. Quando a madame topou que «A Bola» deixou de ser prioritária, arregalou os olhos, arrumou o SG filtro na mala D&G de contrafacção e começou a falar. Passou um minuto e ei-los apressados a caminho do seu Audi A4, dialogando entusiasticamente. De certeza que há meses não tinham uma conversa tão estimulante.
Chama-se a isto terapia matrimonial induzida!"

Sofia (By: Anzio Lìthica)

Sofia
mora na estrada pasmada
na esquina da nostalgia
na casa construída em escada
na porta, o nome Sofia.
Um lance, um milímetro por dia
Sofia, em sua escalada,
perdeu-se enquanto subia
em cada lance que trepava
descobria que trepava por nada
Sofia subia e logo descia
a cada nada onde chegava.
Sofia
viveu na rua esmagada
na vila tragédia da ironia
na casa nunca habitada
sem porta, o nome Sofia.

Lingerie Football League

Papagaio azarado


Alexandre Affonso - nadaver.com

divulgando um poeta brasileiro: Glauco Mattoso

Vítima de glaucoma, cegou. E descobriu o seu nome artístico pela ironia cruenta. Há mais de trinta anos que vai fazendo poemas... Aqui vos deixo um, da sua antologia Poesia Digesta, de 1974 a 2004:

Soneto 192 Flatulento

O peido, mais que o arroto, inspira o riso
gostoso, desbragado, gargalhado,
da parte de quem pode ter peidado
enquanto os outros fazem mau juízo.

Com base no meu caso é que analiso,
pois, mesmo estando a sós, enclausurado,
gargalho após os gases ter soltado
e aspiro meu fedor, feito um Narciso.

Me ponho a imaginar a reacção
de alguém afeito a normas de etiqueta
colhido de surpresa ante o rojão...

Meu sonho era peidar fumaça preta
na mesa de um banquete, para então
deixar que a gargalhada me acometa...

11 abril 2010

John & John numa tira com animação


crica para visitares a página John & John de d!o

Espera para ver...

John - "Aposto que tu tens alguma coisa a ver com o facto de eu, de repente, ter mamas."
John - "Talvez... mas acho que sei uma maneira de nos vermos livres delas. Deixa-me só apertá-las... assim..."
John - "Que diabo é que tu estás a fazer?!"

Querer


Querer: é um verbo demasiado forte;
gostar ou desejar: é mais suave.

Eu, hoje, gostaria de te ter aqui;
desejaria abraçar-te,
deixar-me levar nesse entusiasmo
(que sempre pões no que fazes)
no gosto frutado de um sonho
ou no desejo premente de sexo.

Gostaria de te mimar,
desejaria querer-te,
gostaria de te saber presente,
desejaria um beijo.

Não quereria amar-te.


Foto e poesia de Paula Raposo

Silvia: conto da cegueira

Dá-me a mão. Vês-me noite, amor. Está no tracejado que te sublinha o olhar - quando me olhas, contornas-me o vulto a lápis de mundo. Depois, quando fica muito escuro - como ficou - sente-se o mundo parar. Foi a tristeza intermitente que entrou pelos ouvidos - ensurdece! -, colou os lábios - emudece! - e sublinhou o olhar pelo lado de dentro - cega!. É quando essa surdez de ti escorre que a minha voz adormece porque as palavras acordam estanques - emudeço. É quando essa mudez te habita que não te respondo; ouço uma voz parecida com a tua, uma voz que diz coisas, coisas que eu não entendo - mas eu bem sei que tens os lábios colados; é uma coreografia de movimentos desengonçados - os meus -, pesados do pasmo, os braços na cabeça, as mãos nos ouvidos, largaste a minha - ensurdeço. Mas não ceguei, meu amor; ainda não ceguei. Pois que chames o escuro, se achas que a cegueira te poupa que eu, meu amor, eu chamo a tua imagem, ela contorna-me os olhos e poupa-me da cegueira.