02 maio 2010

o nosso estandarte...


adaptaSão livre de um estandarte do
Raim´s blog ... pelo próprio
.


E o OrCa ode:

"Raim, chapelada pelo desassombro!

virtudes papam-se tantas
de mãos postas - de joelhos
que é vulgar nos sacripantas
virem-se a nós com conselhos

«olhai bem para o que digo
nunca olheis para o que eu faço»
e estamos nós de castigo
papados pelo embaraço

dizer «com papas e bolos
meus santinhos, meus fedelhos,
é que se enganam os tolos»
são ditos velhos e relhos

mas a suma eminência
que faz na terra o seu céu
tenha lá santa paciência
outros darão, que não eu..."

TV alemã mostra jovem a masturbar-se


O Chatroulette é um site que permite aos seus utilizadores comunicarem por video conferência de forma aleatória com perfeitos desconhecidos. Se, por algum motivo, um dos utilizadores não quiser continuar a ligação com a pessoa que lhe apareceu à frente, pode simplesmente activar a "roleta" outra vez, passando à próxima pessoa.
Contudo, e apesar das regras bem definidas mas obviamente difíceis de implementar, por vezes aparecem no Chatroulette utilizadores mais... desinibidos, como descobriram aliás recentemente os espectadores do programa "Busch @ N-TV", transmitido ao vivo pelo canal N-TV.
O apresentador estava a demonstrar o funcionamento do Chatroulette, interagindo com utilizadores ao vivo quando, subitamente, apareceu no ecrã em grande plano um jovem, visto apenas na sua metade inferior, que melhor do que em qualquer aula de educação sexual, demonstrou ao país como se pratica de forma simplificada o acto masturbatório.
Vejam o excerto do vídeo-tutorial no site do BILD

Para além


Sei de cor a música breve
Que o sonho comanda
O tom grave e melódico
Que acompanha as palavras
O humor nelas contido
E a ternura esvoaçando
Em meu redor
Ao som da breve música
De um dia qualquer
Igual a muitos outros
Que foram e que virão
Na bruma matinal junto ao mar
Sei de cor os gestos
Sei-te para além de mim
No desmedido abraço eterno.

Foto e poesia de Paula Raposo

A prostituta azul (IV)

O deserto escorre no peito do homem. Ouviu a areia gemer alguns grãos molhados, eram lágrimas secas, esfolavam-lhe os cotovelos. Abriu-lhe a camisa, dedilhou os botões ensopados de madeira crua, tapou os ouvidos para ouvir melhor e soprou. A areia caía-lhe das pestanas; os olhos abriram-se, arranhados, contra o ventre nu e tentaram adivinhá-la livre da nudez. Queria beijar uma mulher vestida. Aquela, sim, que sabia soprar. Os papelinhos coloridos de feio compram actos mas não compram vontades nem sopros. E ela soprou. O resto? Já tinha visto tudo, já tinha feito tudo o que lhe vendiam por papelinhos coloridos de feio. Disse-lhe que podia ir. Que era tudo, nada mais queria. Ela entendeu. Alguns gostavam de bailarinas, outros de pés e de mãos: o homem queria comprar uma ilusão; as ilusões vendem-se como são compradas, tal e qual como são. Vestiu-se. E disse ao homem que ficava porque queria ficar. Ficar no beijo que despe...

A gaja está bem passada!


crica para visitares a página John & John de d!o

01 maio 2010

Embalar

Silêncio
A chuva seca a voz
na garganta
deixa que fale a mão
da fome irrequieta
em silêncio
e a voz é do olhar
num pestanejar de farol.

Silêncio
os olhos desfazem nós
que o nós desperta
deixa que não diga não
de mão atenta
em silêncio
e a voz a cabecear
cabelo rimado de sol.

Alguém já experimentou um broche com pedras?

A Didas, tal como eu, gosta de ler os anúncios para encontrar algumas pérolas (neste caso, um broche):



Didas: "No camarote ainda acredito; agora no percurso, não me cheira."

E responda rápido…


Qual das três é uma bola de vôlei?

Capinaremos.com

30 abril 2010

Deixa-te em paz

Deixa-te estar onde não te consiga alcançar a minha mão ou mesmo o olhar, ilusão, que te adora a prudente distância, como recomenda a prudência quando o fruto é proibido e o pecado é garantido pela mais ténue cobiça.
Deixa-te estar onde apenas o pensamento alcança e o tempo aniquila qualquer esperança que possa trair a lucidez, inatingível, para que não seja concebível qualquer desvio ao rumo traçado, qualquer gesto mais tresloucado que resultaria em catástrofe emocional.
Deixa-te estar onde afinal é o teu lugar e permite-me evitar a memória do momento em que um estranho cruzamento de caminhos, coincidência, desvendou a existência de uma vida sem lugar para mim.
Deixa-te estar assim, distante, que só o facto de estares ausente me protege de tentações, de me enredar em emoções demasiado intensas que não passam de pequenas peças de um puzzle onde não me deixas encaixar, de um teatro tão amador que não concede margem de manobra sequer para alimentar um sonho qualquer quando fecho os olhos no camarote de onde assisto, a prudente distância, como recomenda a prudência quando os dedos anseiam tocar tudo aquilo que me oferece o olhar ou a recordação que me acelera o coração, à tua passagem pela vida que só me inclui em pequenas parcelas e na maioria delas não passo de um figurante acidental.
Deixa-te estar como é normal na tua forma de encarar o presente, uma mulher independente que não hesita soltar o lastro depois de apagado o rasto deixado por quem teve, como eu, oportunidade de olhar para o céu mas depois o perdeu por detrás do nevoeiro que se instala a tempo inteiro em teu redor quando o futuro te soa melhor assim, à distância, no aconchego de uma solidão acompanhada ou de uma companhia mais adequada ao que te apeteça sentir.
Deixa-te estar, não precisas responder às perguntas repetidas que não passam de causas perdidas de um mero peão nesse tabuleiro onde és rainha poderosa, uma torre com parede rochosa quando entendes jogar sob regras que não pretendes, na realidade, definir, pois a tua vontade de decidir é soberana e só fazes o que te dá na gana e sem ceder a pressões.
E eu deixo-me ficar, sem ilusões, num canto secreto onde tento permanecer tão discreto que acabes por me deixar, à distância, a negar em vão a tua importância enquanto os meus olhos fechados servem de telas para os filmes passados, vidas paralelas, neste espaço interior onde projecto histórias de amor que não passam de ficções para entreter os corações de quem se deixe estar, como tu, a observar ao longe, de fora, o futuro que finge agora tudo aquilo que pareceu num passado que apenas o prometeu.

Canção de amor


Gosto das canções de amor
Embaladas na tua voz
Como se a música
Chovesse prateada
Em torno do meu corpo
Emudecido.

Gosto de te ouvir
Nas canções de amor
Que a tua vida não calou
E que cantas ainda
Sob um feixe de luz
Na madrugada aquecida
De um quarto de hotel.

Adormeces-me em desvario
Quando assim me embalas
E a chuva é prateada
E o vento se torna poema
Na tua canção de amor.

Foto e poesia de Paula Raposo

A erecção do Primeiro-ministro



HenriCartoon

IBIZA FUCKING ISLAND



INÉDITOS (2006)
Lápiz sobre papel Gvarro esbosos
Formato DINA4
Click en las imágenes para ampliar

29 abril 2010

O Brilho das Pessoas Felizes

Ela falou e ele ouviu.
Ele falou e ela ouviu.
Falaram os dois e nenhum se ouvia ou ouvia o outro.
Discutiram.
Ela pôs um ponto final na conversa:
– É assim, Bernardo: a decisão está tomada, ponto final. O que há para resolver é só a forma de o fazer, mais nada.
Ele grunhiu e esbracejou como um louco furioso numa luta contra um poderoso inimigo imaginário, provavelmente, um polvo gigante com capacidades mediúnicas e de desmaterialização, tal era o empenho anárquico dos seus movimentos e a desconcertante placidez das suas pausas e, no fim, sentou-se.
Ela manteve-se quieta, de braços cruzados, contemplando o espectáculo.
Ele pousou os cotovelos nas pernas e enfiou a cabeça entre as mãos, soluçando.
A mulher hesitou entre o silêncio e o ficar calada. Ponderou e decidiu nada dizer.
– Sabes… – começou o homem, sem erguer a cabeça – eu esperava muita coisa mas isto não. Isto, agora, definitivamente não.
A mulher em silêncio, encostada ao umbral da porta, ponderava ainda se havia de entrar na conversa quando ele continuou, depois de se certificar de forma furtiva se ela ainda estava lá para o ouvir.
– Não sei mas se pensei que isto nos pudesse acontecer… E pensei, reconheço. Houve alturas em que pensei seriamente nisso. Houve tempos em que achava que tu tinhas razões, tal como houve outros em que achei que era eu que as tinha. E fases em que tudo se podia desmoronar e, justificadamente, terminar, não acho que agora aja… – A voz embargou-se-lhe e levantou a cabeça para a fixar, respirou fundo, limpou os olhos com as costas da mão direita e concluiu num repente: – Agora fui apanhado de surpresa, completamente de surpresa!
– Foda-se, Bernardo – replicou ela, em tom só ligeiramente irritado, em que os palavrões só sublinhavam a sua contenção e enfado. – Mas porque é que tu és sempre tão teatral, caralho!
– Bolas, Patrícia, sabes que eu não gosto que digas palavrões – censurou o homem. – Evita, por favor.
– Vai-te foder – respondeu ela. – Vai-te foder mais a tua educação de merda! Não queres palavrões não te portes como um miúdo, não te ponhas aos saltinhos como se estivesses a levar choques eléctricos nos colhões, como se te tivessem atado o caralho a… a… a sei lá o quê, a uma merda qualquer que não pare, não esteja quieta e ande para todo o lado… Se não queres palavrões, comporta-te, foda-se! Deixa de esbracejar como uma menina, deixa de bater nas coisas e de saltar como se tivesses molas nos pés.
– Eu estou parado.
– Agora!
Ela saiu da sala a resmungar:
– As pessoas felizes brilham… Nós não. Nós estamos cada dia mais cinzentos e baços… Chega!
Ele ficou sentado e gritou:
– É porque comem pirilampos!… Essas pessoas não são felizes, Patrícia, essas pessoas comem pirilampos! São assassinos viciosos e maus! São comedores compulsivos, viciados em pirilampos para brilharem!… Ninguém brilha por si… ninguém brilha por si… Não há pessoas felizes… ELES COMEM PIRILAMPOS!