08 maio 2010
Engate chapa três
«Eu sou heterossexual!» - AnAndrade
Pois.
Mas aposto que se, em vez deste, tivesse escolhido um "eu sou lésbica e tenho muito orgulho nisso" ou "não sei se prefiro gajos, se gajas", isto amanhã teria uma porrada de visitas (aí umas dez, vá, mas ainda assim seria o dobro das habituais).
Vem isto a propósito da quantidade de "saídas do armário" de que ultimamente se tem notícia: "fulano de tal assume a sua homossexualidade"; "sicrano afirma-se gay e pensa casar com o companheiro mal a lei seja promulgada pelo P.R." e coisas que tais.
Se isto me interessa? É que nem um bocadinho, caramba.
A sexualidade de cada um é mais ou menos como o tamanho da cueca, o cheiro da boca depois de meio dia sem lavar a dentana (após a ingestão de um bife com molho de alho) e o calo que se tem no mindinho: interessa ao próprio e, no caso do hálito, aos que o circundam, se ele decidir respirar pela boca.
Nota: o facto de o José Carlos Malato ter aparecido, numa alegada festa gay, em Madrid, em tronco nu, só me assusta por ele ter tido a coragem de mostrar tanta banhoca. Malato, filho, vai mas é tratar do corpinho, não vá outro sacana apropriar-se da tua imagem sem dares por isso e expor ao país a quantidade de gordura que tem de saltar fora, que até és um gajo bem apessoado e tudo, pá...
AnAndrade
Blog Câimbras Mentais"
Posicionamento
Acha que estou mentindo? Veja o caso desse jornaleiro:
Viu?
Capinaremos.com
07 maio 2010
c&a e os orgasmos que começam pelos pés
São Rosas: "Faz um desenho..."
c&a: "Ora aqui vai.
Todos sabemos que há muitos tipos de orgasmos: mais intensos, menos intensos, mais localizados, menos localizados...
Os meus são variados, como convém: às vezes melhores, outras vezes nem por isso...
Mas... quando começam no lado de dentro dos pés e a sensação vai subindo por cada perna, lentamente, como dois relâmpagos que se vão encontrar no topo e explodir!... eu sei que vai ser fabuloso!
O pior é quando começo a sentir cócegas nos pés em locais impróprios... o que é bastante frequente... eheheh (percebeste o desenho?)"
São Rosas: "Que curioso...
Gostava de saber se há mais malta com esse tipo de orgasmos."
(a propósito disto)
Céu: conto da coreografia das mãos
Noite
Na penumbra deste quarto vazio, só eu escuto o silêncio duma casa sem ruído, sem vozes, sem presenças, sem afectos, sem abraços e sem rumo. Só eu escuto o vento lá fora, a chuva que cai e bate nas vidraças, o relâmpago que por breves instantes entra sem pedir licença.
Na escuridão da noite fria de Inverno, abafou-se o silêncio naquele toque da campainha da porta. Pensei quem seria que me pedia licença para entrar, naquela noite, trazendo os relâmpagos do meu passado.
Não respondi. Não podias ser tu. Tu não estavas aqui, tu nunca mais estarias aqui, não irias bater à minha porta naquela noite tão fria de Inverno. Nada mais me interessava, só tu. Por isso não abri, não falei, não deixei que entrasses.
Foto e texto de Paula Raposo
IBIZA FUCKING ISLAND
06 maio 2010
o fotógrafo estava lá...
ao juntar naquela esquina
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O Santoninho sai do seu santo ninho para oder também:
"Nem foi mão divina, decerto
Nem foi discreto o pontífice.
Arma-se em chico esperto
Com a técnica do artífice
E o que a bela lhe revela,
O espírito lhe ouriça.
Pudesse ele meter-lhe nela
Não os olhos... mas a piça!"
Ao abrigo do direito de resposta, o OrCa reode:
"faz-me tanta confusão
- vou até beber da Freeze -
ter um papa de roldão
aqui no meio da crise...
fará falta a quem o santo?
ao parlamento, à justiça
ao celibato, ao quebranto?
a quem faz ele falta, chiça?!
em gravadores, Alcochetes,
sucatas e o que mais salta
engraxadores, tiranetes...
ao Primeiro é que ele faz falta...
pelas crianças não digo
mas nem perdem p'la demora
apesar de ter comigo
que aqui há gato... ora... ora..."
A Olinda odeu na página da funda São no Facebook:
"Mas que tentador rabiosque
estava no teu quiosque
inocente Papa
só passeava no bosque
tu maldizente pensavas...
papa-a, papa"
E o Santoninho reode:
"De Prada, o papa se calça
Na calça que imita saia.
E que numa veste... realça
Vontade de um fruto: papaia!
De acordo... que papaia
É melhor do que mamão.
Está debaixo da saia
Mesmo ao alcance da mão!
Ratz... rato... fuças esconsas,
Linguajar... ora pro nobis!
Tontas lérias, meio sonsas...
Escalda a mão no clitóris...
Abrenuntio! Que pecado...
Esconde a boca com a mão.
Dá marradas no bocado
Truca truca... com tesão!
Dominus vobiscum... num aceno
De manifesta irregularidade.
Fodeu-se! E num gesto obsceno,
Perdeu-se... sem ver a idade..."
O OrCa desta vez até ode três:
"miraculosa mirada
entrefolhos de entreacto
anda a igreja aguada
à conta do celibato
vade mecum de sotaina
vade retro, Satanás
uma labuta - uma faina
p'ra salvar tanto rapaz
venha o Demo que os leve
ou Satã que os transporte...
a cruz não temem mas deve
haver quem lhes dê e forte
olhai bem para o que eu digo
a apregoar ladaínhas
mas fazer, deixem comigo:
«vinde a mim, ó criancinhas...»"
A Palavra
A palavra estava ali e era ele e ele era a palavra mas não a dizia.
Os seus olhos, o seu rosto e o seu corpo eram o reflexo da palavra. Um espelho era o que ele era naqueles momentos. Apenas um espelho que reflectia uma única palavra. Uma palavra muda, sem som, sem corpo, sem existência.
As palavras que não se dizem não existem.
E os espelhos não são o que reflectem.
Depois, depois da palavra não dita mas representada, vinham as explicações, as justificações, as tergiversações, as promessas e as juras. Tudo, tudo como se se abrissem as comportas de uma barragem, como se, por milagre, o mudo ganhasse voz. Ele seria outro e a palavra que não fora dita jamais seria necessária. Jamais!
Até que a palavra lhe chegava de novo aos lábios, lhe enchia mais uma vez o olhar e se repetia para lhe desabar a expressão do rosto e do corpo sem, como sempre, ser dita. Nunca foi.
E era tão fácil, doutor, tão fácil.” Concluiu a arguida, correndo o olhar pelo colectivo de juízes e, fixando-se no juiz-presidente, desabafou: “O que é que lhe custava, nem que fosse por uma vez, pedir desculpa?”
“Agora já não pode.” Deixou escapar o magistrado.
“Agora já não.” Concordou a arguida.
De silenciar
sobre o corpo da voz minha
antes lágrima sozinha.
Deita-te num silêncio
inteiro corpo num olhar meu
sereno de olhar teu
que corta o fôlego
que corta o vão
que corta o nada
na lâmina do sossego
peito de gume na mão
e eu atravessada.
Deita o teu silêncio
sob o ventre da paz minha
e ela, nua, o teu adivinha.
05 maio 2010
O fornecedor de Orgasmos
Apresentou-se pelo nome, e com uma figura discreta vagamente desportiva, quase como se fosse um personal trainer. Tinha um pequeno saco consigo. E, sobretudo, tinha bons modos. Ela abriu-lhe a porta e encaminhou-o para o quarto à direita onde havia luz directa do sol. Ambiente quente. Tanto na cor que invadia o espaço como na temperatura, ligeiramente acima para o normal daquele mês. Mas muito útil, como se veria.
O que o levara ali estava muito bem definido. Não foram precisas muitas palavras além das de cortesia. Ela despiu-se rapidamente e ele sentou-se à beira da cama, abrindo o seu pequeno saco. Retirou alguns óleos de massagem e aplicou-os nas suas mãos, esfregando-as para obter uma temperatura agradável. Quando se virou para ela, já ela repousava despida sobre a cama. Massajou-a longamente, em silêncios ocasionalmente cortados por sons que penetravam o pouco da janela aberta, ou por suspiros de alívio que ela emitia quando eram pressionados alguns músculos mais tensos.
No final da massagem ele voltou ao seu pequeno saco, para limpar as mãos com um toalhete. Ela virou-se na cama, de costas para baixo, entreabrindo timidamente as pernas. Ele retirou do saco um par de luvas cirúrgicas que calçou com a destreza de quem o faz há muitos anos. Ajeitou-lhe um pouco mais as pernas, para um melhor ângulo, e massajou-lhe o interior das coxas, as virilhas, o clitóris e o interior da vagina. Sempre naquele silêncio com sons ocasionais, e com o sol a entrar directo e a conferir tons laranja a todas as superfícies. Quando ela finalmente atingiu o orgasmo, retirou as luvas. Colocou-as, do avesso, dentro de um saco de plástico preto. Enquanto corria o fecho do saco, com aquele ruído muito característico, ela disse-lhe “Para a próxima… estava a pensar, se para a próxima pode ser sem as luvas?”. Parou de correr o fecho a meio, e respondeu-lhe, resoluto, “Minha senhora, eu faço massagens e forneço orgasmos. Não me envolvo mais do que qualquer outro prestador de serviços”.
Deixou-a deitada, levantou-se, e caminhou em direcção à porta e em direcção ao próximo agendamento. Que seria, obviamente, com luvas.
Caralhos, não coelhos!
Maria, em doçura, entregava o pito
mas, um dia, ecoou-lhe nos pintelhos
o sabor de um bem gemido grito
Gritava um cogumelo já aflito
que a desejava foder de joelhos,
estrebuchar afogado, lamber-lhe o clito,
sugar-lhe inteiros mil doces orvalhos.
Maria, de olhos azuis tão mimalhos,
sentiu alvoraçarem-se os mamilos no peito,
ao ar expôs um mamalhal tão farto
e gritou: "és único entre mil mangalhos!"
Enrubescida, entregou-se em fúria ao dito:
"quero-te, fode-me como mil caralhos"
Ah, desilusão, mas tudo é tão finito!
No fim gritou: caralhos, não coelhos!
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O OrCa não consegue ouvir falar em caralhos que os ode logo:
"Brava Maria à espera que o bosque traga a demasia que o corpo lhe pede sem que o sossegue algum caramelo, mesmo cogumelo, mas forte de malho que role com ela nas gotas de orvalho...
fica-se Maria entre alhos e elhos
de sarda sequiosos os lábios tão quentes
e o seu corpo todo grita-lhe conselhos
que aos cogumelos até crescem dentes
nas sarças por sardas todas elas ardentes
com ânsias de novos e saber de velhos
que Maria queria senti-los latentes
roliços e firmes sem quaisquer engelhos
nos lábios do corpo visitas urgentes"