Imagina-te num local a bordo de uma nave espacial com as estrelas a brilharem como velas no céu que invade a redoma e produz pequenas explosões de luz na retina desses teus olhos que me contemplam como uma miragem ao longo desta viagem que embarcámos a dois.
Imagina-te pouco tempo depois, despenteada, com uma expressão de pessoa amada, na ponte de comando, no sítio onde se vai alterando a rota em função daquilo que nos impuser o coração a cada momento que vivemos nesse tempo sonhado, quem sabe concretizado num dia amanhã. Imagina-te transportada para uma galáxia distante, nos braços do amante escolhido, do teu homem preferido no tempo em que o quiseres, espaço fora, aqui e agora, a bordo da tua imaginação onde me anseio tentação irresistível, acredita que é possível sentires assim sempre que penses em mim presente em cada vez mais passado e no futuro abraçado num local a bordo de uma nave espacial a caminho de um mundo deserto onde iremos assistir todos os dias, para sempre, a pelo menos três nasceres do sol.
24 maio 2010
Celibato: Solteirões
III. Solteirões. Mas em que razão se fundam os cilibatarios leigos para se conservarem fora do uso comum? Pedem elles, como os solitários da Thebaida, para se conservarem sem distracções a sós com Deus? Pedem, como esses guerreiros antigos marcados pela espiação, para se conservarem livres, afim de, na occasião precisa, de cabeça baixa, se precipitarem na morte para a salvação da sua patria? Não, nem Deus, nem a patria vivificam a sua alma; apertai-os nos seus ultimes entrincheiramentos, e quasi por toda a parte só encontrareis o egoismo. Não é uma predominancia das affeiições superiores que os eleva à força acima das affeições domesticas; é uma fraqueza do coração que não permitte mesmo às suas sympathias o elevar-se até esta altura. Desligados dos deveres do casamento, mais desenfreados são na licença dos seus amores. Não vivem senão das desordens e da corrupção; o adulterio e a prostituição, esses dois flagellos caminham deante d'elles como dois anjos maus, e recrutam-lhes na multidão o cortejo que elles pedem. Que a vergonha peze pois sobre elles como pesava sobre as estereis na antiguidade e que a opinião publica os confunda.
L. Seraine. 19??:169-170
23 maio 2010
Dilúvio
Perturbante.
Sensação que aflora
o meu corpo em dilúvio.
Estremeço.
Divago.
Entrego-me.
Já não sei regressar
ao canto escondido
dos nossos dias de pressa.
Aterrador: o tempo.
Não há memória que resista;
a ausência marca-nos;
dispersa-nos
e - talvez -
mata-nos o coração!
Foto e poesia de Paula Raposo
Mariana: conto das sombras
Agora que não te trais e que ninguém te trai, sabe que te trai a tua sombra: ela continua a colar-se à minha pele durante a noite, todas as noites. E depois trespassa-me. Uma e outra e outra vez. Mais tarde, enfraquecida pela aproximação da manhã que sabe sempre escura junto de ti, quer invadir a minha sombra e morar aqui. Mas eu não deixo; convido-a a sair pela janela e penduro-a no regaço da lua para que encontre o caminho de volta. Porque a minha sombra não me trai; porque eu vou com ela onde quero ir mesmo que a sombra do medo ou de qualquer outro sentimento escuro nos acompanhe; porque eu não quero ser uma sombra.
22 maio 2010
Prostituição: carta aberta - a realidade na sombra (Comentário "extraído" do facebook)
O texto que se segue é o comentário integral deixado no mural do meu facebook pelo José Daniel Nunes Dias:
"Posso ser polémico, mas possuo uma visão muito própria e que resumiria em poucas letras...
A relação sexual comercial habitual é uma relação rápida e, por norma, desprovida de afecto. Mas, às vezes, pode haver sentimentos e emoções passíveis de serem concretizados.
Muitas vezes, os clientes tornam-se habituais e começam a investir naquela relação, que passa a ser de amizade, de afecto e, caso a prostituta esteja disponível, pode até evoluir. Ou seja, apesar de, por regra, não haver afecto, é possível que ele exista. Tal como o prazer.
Antigamente, definia-se a prostituição como a ausência de escolha e de prazer; quanto à escolha, já vimos que existe; quanto ao prazer, embora não seja algo facilmente admitido pelas prostitutas, percebe-se que algumas acabam por tê-lo com os clientes. Ora, isto é polémico: dizer que a prostituta é activa, que escolhe, e, ainda por cima, que o faz porque pode ter prazer sexual, é mais um tabu para o que se julga ser o comportamento sexual adequado a uma mulher... É mais fácil vê-las como vítimas, e não como sexualmente activas, porque o comportamento esperado de uma mulher não é aquele – é o recato, a monogamia, a fidelidade, ideias que estas mulheres, de algum modo, vêem contrariar. Daí a sociedade não estar preparada e não aceitar muito bem esta profissão.
Assim, os clientes não são nenhuns pervertidos, são homens de todas as classes sociais, idades, estatuto civil e experiência de vida - os maridos, pais e irmãos de toda a gente. Os abolicionistas, que acham que a profissão é uma forma de violência sobre a mulher, chamam aos clientes “prostituidores”, porque, na sua óptica, a mulher é uma vítima passiva tanto do chulo como do cliente - a lógica é: se não houvesse clientes, não havia prostitutas. E fazem deles seres perversos. Não são.
Há que respeitar uns e outros e olhar para esta profissão como mais uma."
A minha resposta:
Bom comentário, muito bom mesmo. Eu apenas substituiria o "que o faz porque pode ter prazer sexual" por "quando o faz pode ter prazer sexual".
Não digo que não existam mulheres que se prostituem pelo gozo de se prostituírem mas não me refiro a elas quando escrevo. Não por criticar mas porque simplesmente não saberia o que dizer, não conheço nenhuma. Conheço algumas, num extremo, que decidiram prostituir-se por fome de comida e outras, noutro extremo, que decidiram por fome do último modelo da Nokia e todos os casos intermédios. Em todos, o ponto comum: motivação base - dinheiro; mesmo que depois 100 outros motivos se pudessem juntar a esse, o central - dinheiro.
Depois, se o prazer acontece? Claro que pode acontecer, afinal continuam a ser pessoas. Depende do homem, depende da mulher, depende do dia, da hora, do estado da lua; mas estas circunstâncias não fazem com que as pessoas deixem de ser seres humanos.
Se há aqui vítimas ou mulheres que não tiveram outra opção ou que outra opção seria insuficiente? Há... Mas também há quem esteja aqui porque escolheu estar. De qualquer forma falamos sempre, quando falamos em alternativas, de alternativas insuficientes. E sofremos todas o preconceito, as dificuldades de se ter uma vida dupla, a discriminação, o medo de sermos descobertas.. o dedo apontado.
Não, não é uma vida fácil, embora algumas possam achar mais fácil que outras, depende de cada uma a forma como se lida internamente com isto.
Infidelidade? A minha perspectiva romântica não me permite considerar infidelidade um encontro que não tem como motivação (da mulher) o desejo. Mas isto é teoria, na prática, o companheiro de uma prostituta tem dificuldades sérias para racionalizar a coisa dessa forma.
Não, os clientes não são nenhuns bichos papões e mauzões. :) Mas que os há, bichos papões e mauzões, há; mas isso não é porque são clientes, é porque há homens assim que por acaso são clientes.
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Agradeço ao José o comentário que "emprestou" aqui ao meu blogue. :) Obrigada! Quem quiser, pode "espreitar" o original aqui.
"Posso ser polémico, mas possuo uma visão muito própria e que resumiria em poucas letras...
A relação sexual comercial habitual é uma relação rápida e, por norma, desprovida de afecto. Mas, às vezes, pode haver sentimentos e emoções passíveis de serem concretizados.
Muitas vezes, os clientes tornam-se habituais e começam a investir naquela relação, que passa a ser de amizade, de afecto e, caso a prostituta esteja disponível, pode até evoluir. Ou seja, apesar de, por regra, não haver afecto, é possível que ele exista. Tal como o prazer.
Antigamente, definia-se a prostituição como a ausência de escolha e de prazer; quanto à escolha, já vimos que existe; quanto ao prazer, embora não seja algo facilmente admitido pelas prostitutas, percebe-se que algumas acabam por tê-lo com os clientes. Ora, isto é polémico: dizer que a prostituta é activa, que escolhe, e, ainda por cima, que o faz porque pode ter prazer sexual, é mais um tabu para o que se julga ser o comportamento sexual adequado a uma mulher... É mais fácil vê-las como vítimas, e não como sexualmente activas, porque o comportamento esperado de uma mulher não é aquele – é o recato, a monogamia, a fidelidade, ideias que estas mulheres, de algum modo, vêem contrariar. Daí a sociedade não estar preparada e não aceitar muito bem esta profissão.
Assim, os clientes não são nenhuns pervertidos, são homens de todas as classes sociais, idades, estatuto civil e experiência de vida - os maridos, pais e irmãos de toda a gente. Os abolicionistas, que acham que a profissão é uma forma de violência sobre a mulher, chamam aos clientes “prostituidores”, porque, na sua óptica, a mulher é uma vítima passiva tanto do chulo como do cliente - a lógica é: se não houvesse clientes, não havia prostitutas. E fazem deles seres perversos. Não são.
Há que respeitar uns e outros e olhar para esta profissão como mais uma."
A minha resposta:
Bom comentário, muito bom mesmo. Eu apenas substituiria o "que o faz porque pode ter prazer sexual" por "quando o faz pode ter prazer sexual".
Não digo que não existam mulheres que se prostituem pelo gozo de se prostituírem mas não me refiro a elas quando escrevo. Não por criticar mas porque simplesmente não saberia o que dizer, não conheço nenhuma. Conheço algumas, num extremo, que decidiram prostituir-se por fome de comida e outras, noutro extremo, que decidiram por fome do último modelo da Nokia e todos os casos intermédios. Em todos, o ponto comum: motivação base - dinheiro; mesmo que depois 100 outros motivos se pudessem juntar a esse, o central - dinheiro.
Depois, se o prazer acontece? Claro que pode acontecer, afinal continuam a ser pessoas. Depende do homem, depende da mulher, depende do dia, da hora, do estado da lua; mas estas circunstâncias não fazem com que as pessoas deixem de ser seres humanos.
Se há aqui vítimas ou mulheres que não tiveram outra opção ou que outra opção seria insuficiente? Há... Mas também há quem esteja aqui porque escolheu estar. De qualquer forma falamos sempre, quando falamos em alternativas, de alternativas insuficientes. E sofremos todas o preconceito, as dificuldades de se ter uma vida dupla, a discriminação, o medo de sermos descobertas.. o dedo apontado.
Não, não é uma vida fácil, embora algumas possam achar mais fácil que outras, depende de cada uma a forma como se lida internamente com isto.
Infidelidade? A minha perspectiva romântica não me permite considerar infidelidade um encontro que não tem como motivação (da mulher) o desejo. Mas isto é teoria, na prática, o companheiro de uma prostituta tem dificuldades sérias para racionalizar a coisa dessa forma.
Não, os clientes não são nenhuns bichos papões e mauzões. :) Mas que os há, bichos papões e mauzões, há; mas isso não é porque são clientes, é porque há homens assim que por acaso são clientes.
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Agradeço ao José o comentário que "emprestou" aqui ao meu blogue. :) Obrigada! Quem quiser, pode "espreitar" o original aqui.
Viagem ao jardim das sombras
Recebi agora o meu exemplar do livro «voyage au jardin des ombres», com uma dedicatória da autora das ilustrações, Lulu Amere. Eu bem gostava de ter um salário que não fosse português, para comprar um dos desenhos originais dela...
A capa
A dedicatória
Tinha-lhe pedido para me fazer um pequeno desenho na dedicatória. Quando recebi o livro, fiquei triste por não ver lá o desenho que lhe tinha pedido. E ela perguntou-me se eu não tinha visto o "piscar de olho". Tinha visto, mas é um desenho tão perfeito que pensei que era uma ilustração do próprio livro. É este:
«le clin d'oeil»
A capa
A dedicatória
Tinha-lhe pedido para me fazer um pequeno desenho na dedicatória. Quando recebi o livro, fiquei triste por não ver lá o desenho que lhe tinha pedido. E ela perguntou-me se eu não tinha visto o "piscar de olho". Tinha visto, mas é um desenho tão perfeito que pensei que era uma ilustração do próprio livro. É este:
«le clin d'oeil»
Ginástica íntima
Ora vamos lá, meninas. Um, dois... um, dois... um..., dois... e...
Explicam no YouTube:
"Intimate gymnastics" é um programa patenteado por Tatyana Kozhevnikova. Tatyana é a única mulher do mundo que levantou 14 Kg com os seus (dela!) músculos íntimos - consta no The Guinness Book of Records (2003).
Se querem ver mais, é só pesquisar no YouTube por "Intimate gymnastics".
Explicam no YouTube:
"Intimate gymnastics" é um programa patenteado por Tatyana Kozhevnikova. Tatyana é a única mulher do mundo que levantou 14 Kg com os seus (dela!) músculos íntimos - consta no The Guinness Book of Records (2003).
Se querem ver mais, é só pesquisar no YouTube por "Intimate gymnastics".
21 maio 2010
Não me peçam para assistir a um filme pornográfico em 4D!
"Rock in Rio arranca hoje também em 4D - os visitantes são convidados a assistir a um vídeo com aspecto tridimensional, mas ao qual se somam salpicos de água e acções sensoriais que fazem parte da experiência a 4D"
in Diário Económico
in Diário Económico
Carta aberta da Miss Joana Well - a realidade na sombra
[carta de Miss Joana Well eliminada pelo Blogger porque "o seu conteúdo violou a nossa política de atividades ilegais", mesmo sabendo-se que, em Portugal, o lenocínio (exploração da prostituição) é crime, mas não a prática da prostituição]
Os dedos
Solta-se da maresia
uma longa história:
entranha-se nos dedos.
Salgada, doce,
sabedora de segredos
uma infinita descoberta.
O poder de te saborear:
lamber as gotas
que escorrem do teu peito.
A maresia percorre-me
os sentidos,
no sentido inverso da realidade.
Foto e poesia de Paula Raposo
uma longa história:
entranha-se nos dedos.
Salgada, doce,
sabedora de segredos
uma infinita descoberta.
O poder de te saborear:
lamber as gotas
que escorrem do teu peito.
A maresia percorre-me
os sentidos,
no sentido inverso da realidade.
Foto e poesia de Paula Raposo
A primeira impressão é a que fica?
Nem sempre… Nem sempre…
Você pensaria o que? Apenas outro antílope morto por um cão selvagem?
Pois é, esse PitBull é Poodle!
Capinaremos.com
Você pensaria o que? Apenas outro antílope morto por um cão selvagem?
Pois é, esse PitBull é Poodle!
Capinaremos.com
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