A dor que não dói na ferida é dor que dói na dor. Quando nem ferida existe é - por vezes - a dor dos que gozam a vida que sentem, porque algo sentem, nem que dor seja. Assim, poderá a dor dar um gozo obsceno, quase violento aos que a sentem, se antes incapazes de algo sentir ou incapazes de outra coisa sentir. Só quem morre não sente; eu vi a dor ressuscitar de prazer quem se julgava condenado a uma morte colada ao nome. O toque cruel, vestido de violência fria, estalava na pele submissa, nua; despertava do sono as gargalhadas de pasmo inundadas, roucas de um desprezo recém-adquirido pelo entorpecimento. Tudo estava duro, nítido; a realidade fervia uma ejaculação precoce que agora poderia escorrer numa doçura de contrastes vivos, tão vivos, apiedados. E ela? Ela bateu-lhe mais, por dó, por pena, por delicadeza, por compaixão; bateu-lhe mais, bateu-lhe até ao princípio. O homem deixou a morte, deixou os papelinhos coloridos de feio e foi-se embora. Ela morreu um pouco que nunca mais reanimou e nunca mais o reanimou.
03 julho 2010
Três reproduções dos anos 60 de desenhos eróticos
Nem sempre as compras pela internet dão certo. Neste caso, estes três desenhos estavam descritos como originais. Quando os recebi, vi claramente que são reproduções. Não deixam de ser interessantes... e a vendedora aceitou reembolsar-me a diferença para um valor justo.
«Peregrinação» (11 x 40 cm):
«Peregrinação» (11 x 40 cm):
02 julho 2010
Para Ti da Minha Boca
Escrevo-te eu toda, no desejo que me envolve as ancas, como num beijo teu...
A boca é uma atmosfera onde se abre o teu clima.
Toda ela fervilha, redonda, ao cimo, no caroço.
A nua polpa asfixia a garganta.
É o nervo que te entrelaça na minha carne.
Boca viagem, que te absorve, gesticula, acaricia, aspira as tramas do sangue. Respira-te.
Dói. Em volta. No gole. Queima-te as asas na labareda, na potência da minha garra. Pulsante. Inteira.
Na boca, só o teu silêncio se gasta nas tentativas de saber até onde o aonde vai...
A boca é uma atmosfera onde se abre o teu clima.
Toda ela fervilha, redonda, ao cimo, no caroço.
A nua polpa asfixia a garganta.
É o nervo que te entrelaça na minha carne.
Boca viagem, que te absorve, gesticula, acaricia, aspira as tramas do sangue. Respira-te.
Dói. Em volta. No gole. Queima-te as asas na labareda, na potência da minha garra. Pulsante. Inteira.
Na boca, só o teu silêncio se gasta nas tentativas de saber até onde o aonde vai...
[Blog Vermelho Canalha]
Olhos meus
Os meus olhos são os meus olhos.
Os meus olhos são meus.
Os meus olhos, olham-te.
Os meus olhos, vêem-te.
Os meus olhos meus
olham-te e os olhos meus
vêem-te.
E estes meus olhos
que são meus
-sendo também teus-,
olham-te (meus),
vêem-te (meus, ainda)
e são meus de mim
nos olhos teus que perdi,
um dia - distraída.
Poesia de Paula Raposo
Os meus olhos são meus.
Os meus olhos, olham-te.
Os meus olhos, vêem-te.
Os meus olhos meus
olham-te e os olhos meus
vêem-te.
E estes meus olhos
que são meus
-sendo também teus-,
olham-te (meus),
vêem-te (meus, ainda)
e são meus de mim
nos olhos teus que perdi,
um dia - distraída.
Poesia de Paula Raposo
01 julho 2010
Desencantos
Eu sei porque é que os relógios se zangaram e, como castigo, nos atiraram o tempo que escorre. Porque desenhámos e construímos relógios quadrados e em cantos os relógios não conseguem ver encantos porque os cantos são arestas. Não conseguem ver encantos; não conseguem ver em cantos; cegaram-nos.
A Chamada
A porta da viatura oficial fechou-se com estrondo protegendo o chefe do governo. O motorista passou-lhe o telemóvel avisando:
– O senhor doutor ainda está em linha.
– Arruaceiros, pá! – Queixou-se sua excelência o senhor Primeiro-Ministro para o telemóvel que, agora, já não precisava de mudar periodicamente. “Estou a afeiçoar-me a este” dizia, contemplando enlevado o aparelho. “Já há muito tempo que não tinha um telemóvel durante tanto tempo. É giro, pá. Já me tinha esquecido da prazerosa sensação de pertença e identidade que os nossos telemóveis nos transmitem, como se o aparelho fosse uma extensão do nosso ser, como se, de alguma forma, nos completasse, reflectisse e, por si só, nos ligasse aos outros e ao mundo. E este é a minha cara”, observava satisfeito mirando-se na superfície espelhada do telemóvel. Os assessores olhavam-no e acenavam ovinamente os esmerados couros cabeludos sem perceberem nada do que o homem estava a dizer. – Olha! – exclamou o Primeiro, vendo um ovo esparramar-se contra o vidro da viatura. – Olha para estes gajos, pá! Energúmenos!
– O que é? – perguntou o senhor doutor que se mantivera pacientemente ao telemóvel (que não podemos nomear – o senhor doutor, claro, que a divulgação da marca e modelo do telemóvel de sua excelência não está sujeito a qualquer cominação legal ou de outro género, julga-se).
– Vamos embora! – Ordenou o senhor Primeiro-Ministro ao motorista, que aquele não saberia nomear por ter tantos ao seu serviço. “Ao serviço do meu gabinete”, corrigiria o Primeiro se lesse isto. “Os motoristas estão ao serviço do meu gabinete, senhor narrador. Não esteja a desvirtuar a realidade com o intuito soes de achincalhar e cobrir com um manto negro de ignóbeis falsidades uma das mais sérias e honradas instituições da nossa democracia.” “Que instituição?”, perguntam vocês. “O Gabinete do Primeiro-Ministro”, responderia o nosso Primeiro, repleto daquela certeza que só os predestinados (ou os maluquinhos) têm, ainda que logo se corrigisse e sublinhasse: “Ou melhor, o meu gabinete de Primeiro-Ministro.” – Embora, homem! Vamos embora! – repetiu veemente o Primeiro, alheio às atoardas que o narrador lhe lançara mas não às que se esparramavam contra os vidros da viatura oficial.
– O que foi, Zé? O que foi? – insistia assustado o homem que falava ao telemóvel.
– Estão a atirar ovos ao carro – informou o Primeiro, mantendo exteriormente a compostura enquanto sentia o grande nariz enrubescer, as orelhas tremer, os lábios cerrarem até perderem a cor e os olhos esbugalhados raiarem-se de linhas vermelhas e de um brilho psicótico.
– Ovos?! – disse num gritinho o homem que tentava debalde conversar com o Primeiro.
– E tomates, pá – completou o Primeiro, esboçando a custo um sorriso nervoso. “Tenho de mandar escurecer os vidros do carro”, decidiu ao perceber a dificuldade com que se continha. – Tomates e… e…
– Ovos e tomates?!
– Tomates e outros genitais…
– Vegetais?
– Não, genitais, porra. Genitais, mesmo!... Estão a mandar-me genitais.
– Genitais?! – murmurou perplexo aquele que não podemos nomear. – Mas… Mas fazem os genitais com os dedos? – perguntou o senhor doutor, engasgado, sem conseguir imaginar como é que se efectuava e concretizava o arremesso de órgãos sexuais contra a viatura oficial do chefe do governo.
– Não, pá! – Irritou-se mais o Primeiro, observando com visível repulsa uma impressionantemente naturalística vulva que ia escorrendo lentamente pelo pára-brisas. – Estão a atirar-me coisas de borracha, pá! Pénis com testículos, pénis sem testículos, vaginas, vulvas…
– Qual é a diferença?
– Sei lá qual é a diferença, pá – disparou sua Excelência, furibundo.
– E mamas? – perguntou o outro num tom alegre e entusiasmado, sem saber porquê.
– Mamas?! Mamas, Armando?! – [nota: o nome foi aleatoriamente escolhido da lista oficial do registo civil de nomes masculinos e não corresponde a qualquer pessoa em concreto.] – Tu estás doido, pá! Estão a atirar ovos e genitais ao primeiro-ministro do teu país e tu estás preocupado é se me atiram mamas, pá?! Mamas, Armando?! Tu estás doido?! Porque é que raio haviam de me atirar mamas, pá?! Mamas?! Vai-te lixar, pá! Vai-te mas é lixar! Mamas é para meninos!
– Ó Zé…
– Nem Zé nem meio Zé! Bardamerda, pá! Vais mas é encher o bandulho de robalos – [nota: podia ser outro peixe] –, de preferência vestidinho com o equipamento do Esmoriz! – [nota: podia ser outra agremiação desportiva.] – Vai-te lixar… Agora mamas… Eu sou o Primeiro-Ministro, pá, estou habituado à contestação, aos apupos, às vaias da populaça. Às manobras espúrias e às campanhas negras. Aos palavrões, aos dedos em riste e, agora, aos genitais, pá! Os genitais valem o que valem, pá! E a maior parte deles não valem nada, pá. Nada! Mas isto ao menos é contestação à séria. Pénis e vaginas! Agora mamas, pá, mamas é para meninos! Um primeiro-ministro que faz, que decide, que dá o passo em frente, tem de ser vaiado à grande, à séria, à homem!... E mais, pá, e mais: quem leva com vegetais são os falhados! Agora com genitais…
– Ah! Bem… – interrompeu Armando, azedo, ainda com uma espinha de robalo cravada na garganta e com o equipamento do Esmoriz a apertar-lhe nos sovacos [nota: o nome, o peixe e a agremiação podiam ser outros]. – Isso é verdade, Zé. Isso é verdade! Isso é de um grande estadista. Genitais não é para todos… Agora tens é um problema…
– O ácido com muita estriquinina?
– Não – respondeu Armando, com cultura musical para perceber a graçola mas sem vontade de rir. – Se a moda pega nunca mais podes ir às Caldas…
– Então?
– É que lá são de loiça – e desligou.
– O senhor doutor ainda está em linha.
– Arruaceiros, pá! – Queixou-se sua excelência o senhor Primeiro-Ministro para o telemóvel que, agora, já não precisava de mudar periodicamente. “Estou a afeiçoar-me a este” dizia, contemplando enlevado o aparelho. “Já há muito tempo que não tinha um telemóvel durante tanto tempo. É giro, pá. Já me tinha esquecido da prazerosa sensação de pertença e identidade que os nossos telemóveis nos transmitem, como se o aparelho fosse uma extensão do nosso ser, como se, de alguma forma, nos completasse, reflectisse e, por si só, nos ligasse aos outros e ao mundo. E este é a minha cara”, observava satisfeito mirando-se na superfície espelhada do telemóvel. Os assessores olhavam-no e acenavam ovinamente os esmerados couros cabeludos sem perceberem nada do que o homem estava a dizer. – Olha! – exclamou o Primeiro, vendo um ovo esparramar-se contra o vidro da viatura. – Olha para estes gajos, pá! Energúmenos!
– O que é? – perguntou o senhor doutor que se mantivera pacientemente ao telemóvel (que não podemos nomear – o senhor doutor, claro, que a divulgação da marca e modelo do telemóvel de sua excelência não está sujeito a qualquer cominação legal ou de outro género, julga-se).
– Vamos embora! – Ordenou o senhor Primeiro-Ministro ao motorista, que aquele não saberia nomear por ter tantos ao seu serviço. “Ao serviço do meu gabinete”, corrigiria o Primeiro se lesse isto. “Os motoristas estão ao serviço do meu gabinete, senhor narrador. Não esteja a desvirtuar a realidade com o intuito soes de achincalhar e cobrir com um manto negro de ignóbeis falsidades uma das mais sérias e honradas instituições da nossa democracia.” “Que instituição?”, perguntam vocês. “O Gabinete do Primeiro-Ministro”, responderia o nosso Primeiro, repleto daquela certeza que só os predestinados (ou os maluquinhos) têm, ainda que logo se corrigisse e sublinhasse: “Ou melhor, o meu gabinete de Primeiro-Ministro.” – Embora, homem! Vamos embora! – repetiu veemente o Primeiro, alheio às atoardas que o narrador lhe lançara mas não às que se esparramavam contra os vidros da viatura oficial.
– O que foi, Zé? O que foi? – insistia assustado o homem que falava ao telemóvel.
– Estão a atirar ovos ao carro – informou o Primeiro, mantendo exteriormente a compostura enquanto sentia o grande nariz enrubescer, as orelhas tremer, os lábios cerrarem até perderem a cor e os olhos esbugalhados raiarem-se de linhas vermelhas e de um brilho psicótico.
– Ovos?! – disse num gritinho o homem que tentava debalde conversar com o Primeiro.
– E tomates, pá – completou o Primeiro, esboçando a custo um sorriso nervoso. “Tenho de mandar escurecer os vidros do carro”, decidiu ao perceber a dificuldade com que se continha. – Tomates e… e…
– Ovos e tomates?!
– Tomates e outros genitais…
– Vegetais?
– Não, genitais, porra. Genitais, mesmo!... Estão a mandar-me genitais.
– Genitais?! – murmurou perplexo aquele que não podemos nomear. – Mas… Mas fazem os genitais com os dedos? – perguntou o senhor doutor, engasgado, sem conseguir imaginar como é que se efectuava e concretizava o arremesso de órgãos sexuais contra a viatura oficial do chefe do governo.
– Não, pá! – Irritou-se mais o Primeiro, observando com visível repulsa uma impressionantemente naturalística vulva que ia escorrendo lentamente pelo pára-brisas. – Estão a atirar-me coisas de borracha, pá! Pénis com testículos, pénis sem testículos, vaginas, vulvas…
– Qual é a diferença?
– Sei lá qual é a diferença, pá – disparou sua Excelência, furibundo.
– E mamas? – perguntou o outro num tom alegre e entusiasmado, sem saber porquê.
– Mamas?! Mamas, Armando?! – [nota: o nome foi aleatoriamente escolhido da lista oficial do registo civil de nomes masculinos e não corresponde a qualquer pessoa em concreto.] – Tu estás doido, pá! Estão a atirar ovos e genitais ao primeiro-ministro do teu país e tu estás preocupado é se me atiram mamas, pá?! Mamas, Armando?! Tu estás doido?! Porque é que raio haviam de me atirar mamas, pá?! Mamas?! Vai-te lixar, pá! Vai-te mas é lixar! Mamas é para meninos!
– Ó Zé…
– Nem Zé nem meio Zé! Bardamerda, pá! Vais mas é encher o bandulho de robalos – [nota: podia ser outro peixe] –, de preferência vestidinho com o equipamento do Esmoriz! – [nota: podia ser outra agremiação desportiva.] – Vai-te lixar… Agora mamas… Eu sou o Primeiro-Ministro, pá, estou habituado à contestação, aos apupos, às vaias da populaça. Às manobras espúrias e às campanhas negras. Aos palavrões, aos dedos em riste e, agora, aos genitais, pá! Os genitais valem o que valem, pá! E a maior parte deles não valem nada, pá. Nada! Mas isto ao menos é contestação à séria. Pénis e vaginas! Agora mamas, pá, mamas é para meninos! Um primeiro-ministro que faz, que decide, que dá o passo em frente, tem de ser vaiado à grande, à séria, à homem!... E mais, pá, e mais: quem leva com vegetais são os falhados! Agora com genitais…
– Ah! Bem… – interrompeu Armando, azedo, ainda com uma espinha de robalo cravada na garganta e com o equipamento do Esmoriz a apertar-lhe nos sovacos [nota: o nome, o peixe e a agremiação podiam ser outros]. – Isso é verdade, Zé. Isso é verdade! Isso é de um grande estadista. Genitais não é para todos… Agora tens é um problema…
– O ácido com muita estriquinina?
– Não – respondeu Armando, com cultura musical para perceber a graçola mas sem vontade de rir. – Se a moda pega nunca mais podes ir às Caldas…
– Então?
– É que lá são de loiça – e desligou.
Cheguei a casa...
... e tinha uma encomenda que veio pelo correio. Era da nossa Vânia Beliz. Lá dentro, dois copos em barro que ela comprou, especialmente para a minha colecção, no Festival Erótico Medieval, dois pratinhos ingleses... e uma mensagem... mas essa é só para mim.
Vânia, obrigada!
Ainda há quem se admire que eu seja lésbica...
Vânia, obrigada!
Ainda há quem se admire que eu seja lésbica...
30 junho 2010
Entre_Linhas
Eu sei o que me perguntas. (Saberei?) Escuta, é tão boa a existência que se separa, sensata, em dois verbos: ser e estar. Permite-me, assim, generosa, que te explique isto que te poderia soar de outra forma a paradoxo; não o é: algumas vezes, eu estou triste mas, nas vezes todas, eu sou feliz.
Foda Nos Sentidos ( part II )
Como é o corpo?
No meu peito a terra treme.
Nudez, revela-se fazendo escoar os reprimidos rios, em mim. Sensações progressivas que a carne possui.
Resistir, atirar, correr, golpear, recuar...
Retiras os meus sapatos e entras sem receio.
Cresce o diadema na sombra que se esvai
dentro, num ângulo, onde a alma do homem que és, polígamo e lascivo, te vais matando na minha sede...
Abre-se lentamente a visão encantadora, de uma pele imaculada, a vulva, rósea e tão cheia...
... no toque comprimido do teu dedo indicador, o líquido oloroso que se vem, e desprende daquela pequena semente salgada de mel, dentro, de um mel misterioso, escorrente de uma boca escura...
Não me beijaste, nem sequer me tocaste com as mãos.
O sexo comprimiu-se e vagarosamente deixas-te escorregar, como se te fosses em mim ajoelhar. Genitália.
[contra mim num ferro quente em brasa contra ti]
Por vezes da direita para a esquerda, outras em pleno contrário ou em círculos, avançando com reprimida violência.
O fogo arranca de mim faíscas, cada vez que me movia, como se o desejo estivesse a acender um fogo entre duas pedras.
Olhos fechados, a sentir o membro e a concentrar nele...
... e no prazer dele, (que prazer) um rio num mar de escuridão onde todo o teu sangue é comprimido ao penetrar;
«Um... dois... um ... dois...»
A dança.
O ventre selvagem, constante e inconstante na tua bolsa de pele que oscila no bambolear, nos pêlos púbicos.
É dificil de agora imaginar. Calor ardente. O sentir na firmeza da carne.
[A simples lembrança dos teus dedos na minha nuca arrepia, corpo , arfante, recebia-te]
Todas as sensações dos sentidos, no teu beijo se resumem. Meus lábios acesos e estendidos, sabor subtil numa contrastante cor louca, o poder transcender!
Róseos medalhões que, nus, tocam o céu. Da minha boca, faminta, sedenta onde se desfazem os teus portáis misteriosos. Num beijo vermelho, que longamente possui as tuas entranhas. Nele impulsa, pulsa, suga, lambe, impulsa, pulsa e suga...
Sussurros desconexos, desfloram os seios, que se ofertam.
Coxas que se contraem.
Secreções. Espasmos ávidos, nas costas pálidas. A gozar, à deriva sem hora ou lugar. Fode-me agora sem pudor!
Agora!...
... continua a fazer, usa e abusa, quero afogar-me no prazer...
[Não é doentio, é apenas o delírio que me erotiza e me morde de tesão, deixando-me louca e confusa]
(A cópula na minha mente.)
Mãos, que escapam pelas escarpas do corpo e esculpem sensações, indecifráveis. A seiva a cada subida rega o círculo no meio de nós.
O sexo é um mundo fecundo, imenso...
... profundo, que de manso, procura o fundo, na vagina.
Sou um só desejo. Sou tua!
Somos um só em todos os sentidos...!
[Costumam dizer que os amantes seduzem, mas nunca a matar, e eu sonho contigo de corpo inteiro, nos olhos que olham para mim longamente numa penetração suprema]
Sinto, por senti-lo, tal prazer. Nos poros existe uma tal palpitação que me vem a ilusão de que vou explodir tudo em poemas...
A tua mão contém a minha, de momento a momento, teu corpo túrgido e deslizante desembarca no meu corpo fálico, ainda pulsante, fluindo ainda o êxtase mágico entre murmúrios e carícias...
[Para lá deste templo, deste quarto, desta cidade existe um mar, com areia, montes, e o brazido do Deus sol]
E existimos nós os dois.
Cerro os olhos, quando eu quero, perco-me em pingos incessantes que me fazem ser desejo, ser amor, corpo, alma e tesão...
Fiz amor com posse ou, por assim dizer, uma foda onde eu me rasguei toda;
«Olhos nos olhos, tua pele, minha pele, corpo com corpo, minha boca, na tua boca»
E tu infinitamente no meu íntimo, a tocar, a sentir, a gozar...
Na explosão do depois...
Numa chama arde, trémula, na ponta do cigarro, na sombra da mão que passeia lânguida pela minha pele. O teu suor, o meu suor de quem é?
Ali naquela hora, naquele exacto minuto adormeceu a poesia...
«O devaneio adormece mas a sedução, devassa, essa eu sei que irei sentir sempre em mim como um beijo ardente...»
Abri as portas de desejo simplesmente porque tu és e serás sempre um tesão que excita a minha ousadia. E eu serei sempre a tua fêmea, no cio.
No meu peito a terra treme.
Nudez, revela-se fazendo escoar os reprimidos rios, em mim. Sensações progressivas que a carne possui.
Resistir, atirar, correr, golpear, recuar...
Retiras os meus sapatos e entras sem receio.
Cresce o diadema na sombra que se esvai
dentro, num ângulo, onde a alma do homem que és, polígamo e lascivo, te vais matando na minha sede...
Abre-se lentamente a visão encantadora, de uma pele imaculada, a vulva, rósea e tão cheia...
... no toque comprimido do teu dedo indicador, o líquido oloroso que se vem, e desprende daquela pequena semente salgada de mel, dentro, de um mel misterioso, escorrente de uma boca escura...
Não me beijaste, nem sequer me tocaste com as mãos.
O sexo comprimiu-se e vagarosamente deixas-te escorregar, como se te fosses em mim ajoelhar. Genitália.
[contra mim num ferro quente em brasa contra ti]
Por vezes da direita para a esquerda, outras em pleno contrário ou em círculos, avançando com reprimida violência.
O fogo arranca de mim faíscas, cada vez que me movia, como se o desejo estivesse a acender um fogo entre duas pedras.
Olhos fechados, a sentir o membro e a concentrar nele...
... e no prazer dele, (que prazer) um rio num mar de escuridão onde todo o teu sangue é comprimido ao penetrar;
«Um... dois... um ... dois...»
A dança.
O ventre selvagem, constante e inconstante na tua bolsa de pele que oscila no bambolear, nos pêlos púbicos.
É dificil de agora imaginar. Calor ardente. O sentir na firmeza da carne.
[A simples lembrança dos teus dedos na minha nuca arrepia, corpo , arfante, recebia-te]
Todas as sensações dos sentidos, no teu beijo se resumem. Meus lábios acesos e estendidos, sabor subtil numa contrastante cor louca, o poder transcender!
Róseos medalhões que, nus, tocam o céu. Da minha boca, faminta, sedenta onde se desfazem os teus portáis misteriosos. Num beijo vermelho, que longamente possui as tuas entranhas. Nele impulsa, pulsa, suga, lambe, impulsa, pulsa e suga...
Sussurros desconexos, desfloram os seios, que se ofertam.
Coxas que se contraem.
Secreções. Espasmos ávidos, nas costas pálidas. A gozar, à deriva sem hora ou lugar. Fode-me agora sem pudor!
Agora!...
... continua a fazer, usa e abusa, quero afogar-me no prazer...
[Não é doentio, é apenas o delírio que me erotiza e me morde de tesão, deixando-me louca e confusa]
(A cópula na minha mente.)
Mãos, que escapam pelas escarpas do corpo e esculpem sensações, indecifráveis. A seiva a cada subida rega o círculo no meio de nós.
O sexo é um mundo fecundo, imenso...
... profundo, que de manso, procura o fundo, na vagina.
Sou um só desejo. Sou tua!
Somos um só em todos os sentidos...!
[Costumam dizer que os amantes seduzem, mas nunca a matar, e eu sonho contigo de corpo inteiro, nos olhos que olham para mim longamente numa penetração suprema]
Sinto, por senti-lo, tal prazer. Nos poros existe uma tal palpitação que me vem a ilusão de que vou explodir tudo em poemas...
A tua mão contém a minha, de momento a momento, teu corpo túrgido e deslizante desembarca no meu corpo fálico, ainda pulsante, fluindo ainda o êxtase mágico entre murmúrios e carícias...
[Para lá deste templo, deste quarto, desta cidade existe um mar, com areia, montes, e o brazido do Deus sol]
E existimos nós os dois.
Cerro os olhos, quando eu quero, perco-me em pingos incessantes que me fazem ser desejo, ser amor, corpo, alma e tesão...
Fiz amor com posse ou, por assim dizer, uma foda onde eu me rasguei toda;
«Olhos nos olhos, tua pele, minha pele, corpo com corpo, minha boca, na tua boca»
E tu infinitamente no meu íntimo, a tocar, a sentir, a gozar...
Na explosão do depois...
Numa chama arde, trémula, na ponta do cigarro, na sombra da mão que passeia lânguida pela minha pele. O teu suor, o meu suor de quem é?
Ali naquela hora, naquele exacto minuto adormeceu a poesia...
«O devaneio adormece mas a sedução, devassa, essa eu sei que irei sentir sempre em mim como um beijo ardente...»
Abri as portas de desejo simplesmente porque tu és e serás sempre um tesão que excita a minha ousadia. E eu serei sempre a tua fêmea, no cio.
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