20 agosto 2010

Mariana Poema

A noite dói-me um lento entardecer...
A beleza arde-me, a tua, tão infinita;
finita, para mim, sei e sempre a soube ser,
tiraste-a de mim; Mariana, o ar grita
e grita e eu ainda vou enlouquecer;
o delírio já por todo o dia se agita
e desta vez não é sol o que vai romper.
Dói tanto, Mariana, continua a doer
esta cor que me dói como negro sem tinta;
uma janela opaca, este meu ser sem ser.
Mariana, pupila minha fugida da órbita,
meu enorme vazio que a continua a encher,
uma última vez a quem já não pode ver
vem e conta-me se ainda és tão bonita;
uma última, Mariana, a dor de seres perfeita.
E essa dor, piedosa, deixas que me faça morrer
esta vez última que o corpo só teu o meu aceita?
Mariana, eu sei que sou apenas um velho poeta
e sei que, um dia, o teu doce ventre há-de crescer
por mãos de um homem forte de pouca escrita;
por isso, o amor meu, a minha Mariana é bendita,
ela concede-me a terna morte da dor de a não ter.

Lady Gaga com calor

Lady Gaga em Chicago, no Festival Lollapalooza de 2010, surfa meio nua por cima da assistência.

Duas revistas pornográficas...

... sem qualquer identificação a não ser um carimbo de «distribuidora O Século - Porto».
Só têm fotografias a preto e branco, sem qualquer texto além dos títulos («Motor de Arranque» e «... em 32 Lições»).
Parecem-me ser revistas dos anos 70...



19 agosto 2010

Sexo Ocasional

Quando se abordam temas tão delicados como o sexo ocasional, há que ter em conta possíveis barreiras de comunicação e eventuais estados depressivos... Também é má ideia abordar o assunto com alguém que esteja a comprar pastelaria local.



Enviado pel'O Visconde
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Nota da redàSão - sim, já tínhamos publicado aqui este video. Mas é uma pérola... e esta é uma versão legendada.

Percepção das sombras

Eu vou escrever-te a verdade. Vou assinar com o meu nome. E vou sonhar que soubeste quem sou.

Tenho uma casa pequena chamada saudade, tenho um corpo pequeno sem perfume; nem sempre lá me encontras porque nem em mim eu sempre estou.

Já não há ladrões nem pesadelos, há estradas escuras e pessoas sem luz. E nós vamos quebrando em partes desiguais, em fronteiras assimétricas: a imprecisão e a inexplicabilidade do golpe alheio nem sequer permitem a perfeição dos pontos e a cicatriz ténue de uma episiotomia piedosa no parto de cada dor.

Cada fim meu será um início mas nunca sei o que deixo para trás e o que carrego no bolso da memória, nesse bolso que rasga mas que nunca se rasga.

Eu vou escrever-te a verdade. Vou assinar com o meu nome. E depois vou. E, um dia, ainda vou saber onde estou porque nem em mim eu sempre estou ou sequer entendo o que me vem buscar.

Em cima dela


18 agosto 2010

Temporal

Foi naquela altura
quando ainda não existiam tempestades
e, na praça, as palavras vendiam flores
de sílaba madura
quando ainda se escreviam as saudades
e, na praça, versos passeavam dores
de macia cintura
as palavras nem sequer tinham letras
porque todos os poetas
as sabiam encher de si.
Foi tudo naquela altura
foi quando te conheci.
Foi naquela altura
mas tu chamaste o temporal
e nas folhas que se molharam
todas as flores secaram;
agora, já, nada, sou igual
foi com letras que escrevi.

Pure chess

- Ó Cavalo das Brancas, porque é que a vossa Rainha não está no tabuleiro
- Ela engravidou, segundo consta, Bispo das Pretas.
- Então e isso é motivo para a afastar do jogo? Isso é uma injustiça.
- Talvez não, se tivermos em conta que se calhar levou demasiado à letra o espírito do jogo há nove meses, quando foi comida pelo vosso Cavalo e agora deu à luz um filho cinzento...

Perguntas idiotas merecem respostas curtas, grossas e imediatas


Ui!

Capinaremos.com

17 agosto 2010

Aos mais cépticos

Atenção: o “G” não é uma utopia! Existe mesmo! Agora… não vale a pena acreditar que o dito vai, um dia, florescer naturalmente diante dos olhos como um “G”irassol, ou revelar-se, por estranho acaso, com a evidência de uma “G”irafa! Embora, com alguma boa vontade, se possa estabelecer algum paralelismo entre o “G” e o “G”rilo. Senão vejamos: estão ambos metidos num buraquinho; tanto para fazer sair o grilo, como para “apanhar” o “G”, é necessário alguma persistência e muita sensibilidade para afinar a “palhinha”; por último, nunca ninguém conseguiu obter resultados senão usando de muita paciência e nenhuma brutalidade. A diferença essencial consiste no resultado final: num caso, espera-se ver aparecer à porta do buraquinho um bicho preto com duas antenas e dois rabinhos (isto com sorte, porque se tiver três rabinhos, é “grila” e não canta); no outro, espera-se ver surgir à porta do buraquinho um derramamento esbranquiçado acompanhado de manifestações variadas, entre as quais: “canto” garantido!

(… se há coisa de que gosto é de natureza, mas, para quê ir para o campo chatear os bichinhos, quando há tanta coisa gira para se fazer em casa?)

Nunca

O meu tempo não é o teu;
o teu tempo não será meu.

Vulgaridades ditas
e reditas em mil
mensagens sem resposta.
Este tempo não é nosso;
sabes tão bem quanto eu:
a razão desmontada
nos anos que nos precederam.

Nunca - tenho que realçar -
o nosso tempo se cruzará.

Poesia de Paula Raposo

Isqueiro com segredo malandreco

Mais uma peça da minha colecção...

16 agosto 2010

Deixa correr

Agora que te tenho em mim...
Os dentes roçando o meu pescoço…
As garras travando a minha pele…
Quem poderia quebrar este feitiço que eu por nada quereria ver quebrado?
Solta o teu peso inteiro sobre mim – meu leão!
Assim – pertinho – até que o coração me pare para ouvir o teu
E os olhos se me fechem no silêncio
Só um segundo.
Para quê o tudo de tudo?
Para quê o nada de nada?
Se é tão certo que me tens!
Se é tão certo que sou tua!
Para quê outros lugares que não agora?
Agora. Agora.
Agora que acabas de me lamber da boca este segundo…
E que o meu corpo parado ainda treme…
Abre a torneira do tempo... e deixa correr…

Publicado com o consentimento da autora que prefere não revelar a sua identidade.


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A Libelita despertou a veia poética do Bartolomeu:

"Agora, que se afunda no teu corpo
Este tesão abrasivo, ligeiramente torto
Este tesão que só em ti conhece porto
Agora, que em ti encontrei conforto,
Que me alimenta esse teu viçoso horto
No qual pratico ditoso desporto
Agora, que em teus beijos, me acho absorto
Mesmo se no espírito a dúvida transporto
É nos teus seios que os meus beijos recorto
Agora, enquanto este encanto não se quedar, morto."