Eu vou escrever-te a verdade. Vou assinar com o meu nome. E vou sonhar que soubeste quem sou.
Tenho uma casa pequena chamada saudade, tenho um corpo pequeno sem perfume; nem sempre lá me encontras porque nem em mim eu sempre estou.
Já não há ladrões nem pesadelos, há estradas escuras e pessoas sem luz. E nós vamos quebrando em partes desiguais, em fronteiras assimétricas: a imprecisão e a inexplicabilidade do golpe alheio nem sequer permitem a perfeição dos pontos e a cicatriz ténue de uma episiotomia piedosa no parto de cada dor.
Cada fim meu será um início mas nunca sei o que deixo para trás e o que carrego no bolso da memória, nesse bolso que rasga mas que nunca se rasga.
Eu vou escrever-te a verdade. Vou assinar com o meu nome. E depois vou. E, um dia, ainda vou saber onde estou porque nem em mim eu sempre estou ou sequer entendo o que me vem buscar.
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Uma por dia tira a azia