Descobriram-se em simultâneo, numa troca de olhares ocasional. Como que hipnotizados, fixaram os olhos um no outro e sentiram por dentro o germinar de uma nova e poderosa emoção que não ousaram tentar reprimir.
O tempo, contudo, não parava de correr e eles sabiam mas apenas conseguiam contemplar aquela visão que os apanhara de surpresa e agora dominava tudo aquilo que os rodeava e afinal parecia apenas um cenário, um enquadramento perfeito para uma história de amor que parecia ter pernas para andar.
Ou rodas, como os comboios que partiam agora da estação em sentidos opostos, duas carruagens com cada um dos elementos daquele romance em hora de ponta a caminho de um subúrbio qualquer.
O apito ainda ecoava na estação do metropolitano quando ambos distraíram a atenção com pensamentos corriqueiros, sem paciência para alimentarem a fugaz fantasia porque esta certamente incluiria um final feliz e afinal isso podiam desbundar na boa e sem esforço no cinema ou nas telenovelas.
10 setembro 2010
Almamofada
Lembram-se da «palheta coberta» e da «papoila» que a Brígida Maria fez, a pedido da Celestelinda, para a minha colecção?
Recentemente, recebi por e-mail uma imagem de um objecto muito curioso que baptizei de imediato como «almamofada»:
Cravei a Celestelinda (amigas são para as ocasiões e eu abuso das ocasiões) e ela ofereceu-se para me fazer uma almamofada para a minha colecção. Pediu algumas indicações técnicas à Brígida Maria, só que esta artista pregou-nos uma partida e fez ela mesmo a nossa «almamofada». Aqui está ela, já aconchegadinha na minha colecção:
Digam lá conão apetece encostar ali a cabecinha...
A Brígida Maria não é de cerimónias e fez também um passarinho que claramente gosta de uma boa espanholada.
Recentemente, recebi por e-mail uma imagem de um objecto muito curioso que baptizei de imediato como «almamofada»:
Cravei a Celestelinda (amigas são para as ocasiões e eu abuso das ocasiões) e ela ofereceu-se para me fazer uma almamofada para a minha colecção. Pediu algumas indicações técnicas à Brígida Maria, só que esta artista pregou-nos uma partida e fez ela mesmo a nossa «almamofada». Aqui está ela, já aconchegadinha na minha colecção:
Digam lá conão apetece encostar ali a cabecinha...
A Brígida Maria não é de cerimónias e fez também um passarinho que claramente gosta de uma boa espanholada.
Consequências do Sexo
Dado de referência: Em apenas 20 ejaculações, o homem produz espermatozóides que são suficientes para povoar o mundo inteiro.
As consequências da ejaculação normal, ou seja, aonde a Bíblia diz que realmente devemos ejacular, todos nós sabemos. Milhões de espermatozóides loucos em busca de um óvulo solitário perdido em algum lugar das trompas.
Mas o que acontece quando o local da ejaculação não é o correto? Vejam:
Capinaremos.com
As consequências da ejaculação normal, ou seja, aonde a Bíblia diz que realmente devemos ejacular, todos nós sabemos. Milhões de espermatozóides loucos em busca de um óvulo solitário perdido em algum lugar das trompas.
Mas o que acontece quando o local da ejaculação não é o correto? Vejam:
Capinaremos.com
09 setembro 2010
Test- Drive (II) - "Dances With Wolves"
Não sei quem não disse. Nem sei o que não foi dito.
Empurro-te agora para o fundo de ti. (Empurrei?) É lá, no teu fundo,
que desejo que estejas (estiveste?) no dia em que escreveres o momento
em que estiveste entre as minhas pernas e te puxei para o fundo de mim. (Puxei?)
Não há palavras certas, esquece a escolha de palavras. (Esqueceste?)
Há palavras que gritam sem precisarmos de as gritar. (Gritei)
Há palavras que nos escolhem. (Sim, escolheram) Há palavras... Dorme mais... (Sim?)
Foi assim quando foi.
Não te falei da hora, falei? Perguntaste se podias e eu não respondi, só isso, sem te falar da hora. Sabes, há uma hora a que não se chega, é a hora que nos chega e não pode ser empurrada, chamada; ela é invocada e sente-se quando já é. Agora já sabes qual é essa hora, quando chegou apagámos o candeeiro e a Luz não...
Volto atrás. Não te respondi. Perguntaste se podias e eu não respondi. A hora ainda nada dizia e o meu corpo também não.
Vi-te adormecer. Vi-te descer até aqui; é lá que moro, no fundo que nas pessoas só costuma pertencer ao sono. Chamei-te sem gritar, uma vez só. Abri-te a porta para não te vender uma ilusão.
E o eco que nos ronda, pedintes rendidos;
um filme sem legendas, sem tradutor e as
palavras que fazemos não existir, perdidas, sobrevoam a cena. O beijo quando não o antecipas é o beijo que faz descer mais. Só no fundo de ti está quem és; deixa que me toque o lobo que no fundo, no fundo, és. Tomo o lobo por amante, deito-te a mão ao ventre pela garganta; tiro-te a roupa que as coisas humanas já se perderam de ti, vejo-te o pêlo. Agora podes; agora, quando entras, chegas. Entras e eu não fugi daqui, não fugi de mim; entras e tudo te consente. Agarro-te as garras, cravo-te os joelhos e a tua sombra dissolve-se na minha... Até agora.
Empurro-te agora para o fundo de ti. (Empurrei?) É lá, no teu fundo,
que desejo que estejas (estiveste?) no dia em que escreveres o momento
em que estiveste entre as minhas pernas e te puxei para o fundo de mim. (Puxei?)
Não há palavras certas, esquece a escolha de palavras. (Esqueceste?)
Há palavras que gritam sem precisarmos de as gritar. (Gritei)
Há palavras que nos escolhem. (Sim, escolheram) Há palavras... Dorme mais... (Sim?)
Foi assim quando foi.
Não te falei da hora, falei? Perguntaste se podias e eu não respondi, só isso, sem te falar da hora. Sabes, há uma hora a que não se chega, é a hora que nos chega e não pode ser empurrada, chamada; ela é invocada e sente-se quando já é. Agora já sabes qual é essa hora, quando chegou apagámos o candeeiro e a Luz não...
Volto atrás. Não te respondi. Perguntaste se podias e eu não respondi. A hora ainda nada dizia e o meu corpo também não.
Vi-te adormecer. Vi-te descer até aqui; é lá que moro, no fundo que nas pessoas só costuma pertencer ao sono. Chamei-te sem gritar, uma vez só. Abri-te a porta para não te vender uma ilusão.
E o eco que nos ronda, pedintes rendidos;
um filme sem legendas, sem tradutor e as
palavras que fazemos não existir, perdidas, sobrevoam a cena. O beijo quando não o antecipas é o beijo que faz descer mais. Só no fundo de ti está quem és; deixa que me toque o lobo que no fundo, no fundo, és. Tomo o lobo por amante, deito-te a mão ao ventre pela garganta; tiro-te a roupa que as coisas humanas já se perderam de ti, vejo-te o pêlo. Agora podes; agora, quando entras, chegas. Entras e eu não fugi daqui, não fugi de mim; entras e tudo te consente. Agarro-te as garras, cravo-te os joelhos e a tua sombra dissolve-se na minha... Até agora.
Mulher deitada
08 setembro 2010
it takes three to tango
Sempre gostei de te ver dançar. A sensualidade dos teus movimentos tem um efeito sufocante na minha respiração. Mas eu gosto que me sufoques, como só tu sabes.
Apetece-me tirar-te a camisa, rasgá-la com as minhas próprias mãos e permitir que a dança continue. Tu e ela.
E eu, observadora atenta dos teus passos, qual predador que se aproxima cautelosamente da sua presa (na verdade, das duas presas) deixo que o calor percorra a minha alma.
Hoje sou eu quem vai dominar. Sou eu quem vai conduzir o tango dos três corpos que se querem e se desejam; que vibram, que trocam prazer sem fim.
O tango que também é das almas. Almas que buscam o acontecer da sua fantasia. A três.
Quem diria que os nossos caminhos se cruzariam desta forma tão prazeirosa? Que ambos (os três) nos iríamos embrulhar em suor ilustrado com pedidos de quem não se satisfaz facilmente? De quem quer mais?
Sempre gostei de te ver dançar. Tu e ela. A dançar em mim.
texto de Joana Sousa, para ler com música e fotografia em Olhar a Palavra
Apetece-me tirar-te a camisa, rasgá-la com as minhas próprias mãos e permitir que a dança continue. Tu e ela.
E eu, observadora atenta dos teus passos, qual predador que se aproxima cautelosamente da sua presa (na verdade, das duas presas) deixo que o calor percorra a minha alma.
Hoje sou eu quem vai dominar. Sou eu quem vai conduzir o tango dos três corpos que se querem e se desejam; que vibram, que trocam prazer sem fim.
O tango que também é das almas. Almas que buscam o acontecer da sua fantasia. A três.
Quem diria que os nossos caminhos se cruzariam desta forma tão prazeirosa? Que ambos (os três) nos iríamos embrulhar em suor ilustrado com pedidos de quem não se satisfaz facilmente? De quem quer mais?
Sempre gostei de te ver dançar. Tu e ela. A dançar em mim.
texto de Joana Sousa, para ler com música e fotografia em Olhar a Palavra
Irene
Irene,
excomungada pelo vento,
ele ouve o teu lamento:
que triste que é!
Irene,
que sempre se anuncia,
é mulher vazia
mas ainda tem fé.
Irene,
aberta na palma da mão,
ela cai no chão
mas cai sempre de pé...
Irene,
a devorada pelo Mundo,
procura no seu fundo
o melhor que ele come;
Irene,
um desejo tão profundo
que devora tudo,
que te devora a fome.
Irene...
excomungada pelo vento,
ele ouve o teu lamento:
que triste que é!
Irene,
que sempre se anuncia,
é mulher vazia
mas ainda tem fé.
Irene,
aberta na palma da mão,
ela cai no chão
mas cai sempre de pé...
Irene,
a devorada pelo Mundo,
procura no seu fundo
o melhor que ele come;
Irene,
um desejo tão profundo
que devora tudo,
que te devora a fome.
Irene...
Vergonha (muito) pornográfica
São Rosas: "Como já comentei no Livrodascaras, é um dois em um: a cena do apedrejamento remete também para a morte por lapidação nos países muçulmanos. Pornografia pura."
Fin: "Se a São me permite eu recordo que a lapidação, hoje associada a alguns, note-se alguns, países muçulmanos, está na Bíblia. «Quem nunca pecou atire a primeira pedra». É certo que embora esteja no caldo onde nasceu o cristianismo é uma prática há muito abandonada. Já a queima de senhoras perturbadas, ou meramente diferentes, acusadas de bruxaria, acabou mais recentemente."
São Rosas: "Tens toda a razão. A pornografia anda por aí..."
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