10 setembro 2010

Amor urbano de pendor moderno

Descobriram-se em simultâneo, numa troca de olhares ocasional. Como que hipnotizados, fixaram os olhos um no outro e sentiram por dentro o germinar de uma nova e poderosa emoção que não ousaram tentar reprimir.
O tempo, contudo, não parava de correr e eles sabiam mas apenas conseguiam contemplar aquela visão que os apanhara de surpresa e agora dominava tudo aquilo que os rodeava e afinal parecia apenas um cenário, um enquadramento perfeito para uma história de amor que parecia ter pernas para andar.
Ou rodas, como os comboios que partiam agora da estação em sentidos opostos, duas carruagens com cada um dos elementos daquele romance em hora de ponta a caminho de um subúrbio qualquer.
O apito ainda ecoava na estação do metropolitano quando ambos distraíram a atenção com pensamentos corriqueiros, sem paciência para alimentarem a fugaz fantasia porque esta certamente incluiria um final feliz e afinal isso podiam desbundar na boa e sem esforço no cinema ou nas telenovelas.

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