Sempre gostei de te ver dançar. A sensualidade dos teus movimentos tem um efeito sufocante na minha respiração. Mas eu gosto que me sufoques, como só tu sabes.
Apetece-me tirar-te a camisa, rasgá-la com as minhas próprias mãos e permitir que a dança continue. Tu e ela.
E eu, observadora atenta dos teus passos, qual predador que se aproxima cautelosamente da sua presa (na verdade, das duas presas) deixo que o calor percorra a minha alma.
Hoje sou eu quem vai dominar. Sou eu quem vai conduzir o tango dos três corpos que se querem e se desejam; que vibram, que trocam prazer sem fim.
O tango que também é das almas. Almas que buscam o acontecer da sua fantasia. A três.
Quem diria que os nossos caminhos se cruzariam desta forma tão prazeirosa? Que ambos (os três) nos iríamos embrulhar em suor ilustrado com pedidos de quem não se satisfaz facilmente? De quem quer mais?
Sempre gostei de te ver dançar. Tu e ela. A dançar em mim.
texto de Joana Sousa, para ler com música e fotografia em Olhar a Palavra
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