14 novembro 2010

«O lenço bordado» - por Rui Felício

Como tantas vezes sucedia, fomos uns quantos a um baile no Clube de Vendas do Ceira que os organizava com relativa frequência. Lembro-me do Munhoz e, salvo erro, do Eloi que comigo e outros ali se deslocaram palmilhando o alcatrão da Estrada da Beira desde o bairro até Ceira.
Os Ases do Ritmo abrilhantavam a festa e era ao som das suas músicas que os pares rodopiavam, que os corpos roçagavam, que as mentes sonhavam...
Ao ritmo do tango, música sensual por excelência, os sonhos aproximavam-se do auge, as pálpebras semicerravam-se, todos imaginando serem transportados para longínquas e idílicas paragens, onde os inconfessados desejos se consumassem.
Foi neste ambiente tépido e sonhador que caiu, como um balde de água fria, a voz tonitruante de um director do Clube que mandou interromper a música, proclamando em voz bem alta:
- Meus Senhores e minhas Senhoras! Foi incontrado na retrete das Damas um lenço vordado que entregarásse a quem lhe probar pertencer!
De imediato uma moçoila, do meio da sala, gritou:
- Deve ser o meu. Fui eu co perdi!
E o director do Clube:
- Diga lá como é que é o lenço.
E ela:
- O lenço é branco, tem um pesponto omarelado à bolta, e tamém tem um passarinho e as letras do meu nome bordadas.
Nova pergunta do director:
- Como é ca menina se chama? E que letras são essas?
A moça desfez todas as dúvidas:
- Chamo-me Orora Obuquerque. As letras bordadas no lenço são O.O.
- Confere! , rematou o director, entregando-lhe o lenço e fazendo sinal aos músicos para retomarem a sua actuação.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

Fuckmachines

Via Mr Steed, cheguei à surpreendente descoberta de que na época vitoriana era comum oferecer vibradores, fossem eles eléctricos ou até a vapor.
Eram também recomendados medicamente para vários problemas de saúde.

Vem aí o Natal, encham esses sapatinhos de piçalhos e alegrem as damas da família, da filha à sogra, passando pela mulher e pela tia Gertrudes.

Médica de família

crica para visitares a página John & John de d!o

13 novembro 2010

“Conas light” ou “Os violinos de Chupan”

A cada vez que algum homem me diz que mulheres com pêlos na cona lhe tiram o tesão, fico atrapalhada. Como? Mulheres com pêlos na cona? Se me dissessem que lhes não agradam mulheres com pêlos nas costas, pêlos nas coxas, pêlos na venta… ainda vá… faz algum sentido… Mas pêlos na cona?? Escusado será dizer que tais afirmações são sempre tidas do lado de cá com grande desconfiança… além de acompanhadas de quedas súbitas de temperatura. Porque se há mesmo coisa que me tira o tesão à velocidade da luz, é o fundamentalismo. Sou profundamente fundamentalista anti-fundamentalismo!

Sob o efeito do espanto, dou por mim a pensar: “Porra! Isto assim não deve ser fácil! Perder o tesão com conas com pêlos? Ora, raios! Deve ser complicado encontrar uma mulher adulta sem pêlos na cona!" Depois, também me causa uma grande estranheza que se limite a atracção sexual a um determinado “corte de cabelo”, esteja ele ou não na moda.

Não sei porquê estas coisas fazem-me lembrar de um tempo em que eu e uma amiga nos sentávamos num cantinho recôndito da escola a ver as revistas pornográficas que ela surripiava ao tio… bons tempos! Ríamos muito daquelas badalhoquices todas, e às gargalhadas púnhamo-nos a imaginar as pessoas mais respeitáveis que conhecíamos em tais preparos, ou que medidas extremas de higiene seriam necessárias para que fossemos capazes de aproximar as nossas bocas daqueles estranhos prolongamentos carnudos, ainda mais se pareciam sempre prontos a cuspir algum líquido de aspecto e sabor duvidosos! E hoje ainda mais me rio das nossas gargalhadas e da profusão das nossas certezas!

Um falo veio entretanto a converter-se em algo de muito limpo e de muito belo. Claro que também os há sujos… se não tomarem banho ou se os seus donos forem badalhocos! E na beleza, tal como os rostos, uns serão belíssimos, outros mais ou menos, outros, por certo, muito feios, também dependendo dos olhos que os vêem (embora os das “revistas” tenham quase sempre um ar simpático…). O mesmo sucede com as conas, e não há cortes de cabelo que lhes valham se acaso não se lavam ou o nariz lhes sai muito torto ou as orelhas fora do lugar! Quanto à higiene, não vejo razão para que se considere mais limpa uma cabeça careca que outra com cabeleira. O que não significa que não se deva cortar o cabelo, ou rapa-lo, ou penteá-lo da forma que a cada um pareça melhor.

Os pêlos púbicos, tal como os das axilas, possuem glândulas, as glândulas apócrinas, responsáveis pelo odor corporal, sendo que este pode ser controlado pelo corte dos pêlos. Cada caso é um caso: se há pessoas naturalmente “fedorentas”, também as há “cheirosas” ou bastante inodoras. A mim tudo isto me parece uma questão de elementar bom senso. De onde me ocorra também que impor um odor corporal muito intenso a outra criatura, sobretudo num primeiro encontro, não seja nada simpático, ou, no mínimo, tenda a ser uma manobra arriscada… Por outro lado, não cheirar a nada, também pode não ter graça...

Quanto ao restante, desenganem-se cavalheiros! Isso de “conas light” é uma ilusão! Independentemente do número do pente de corte, uma cona será sempre uma coisa esquisita cheia de peles e de dobras e de flora muito complexa! Ou bem que agrada, ou não há corte de cabelo que a salve!

(Eu não disse? Cá estão! “Os violinos de Chupan”… Perdão! Chopin!)

Silêncio - Tudo

Silêncio teu que me diz mais que palavras, gritos em ti – trocadas por mim, interpretações roubadas e observações...
Mirante... Silêncio dado, silencio visto – vês?
Traduz a felicidade em silêncio – não se sente pelas palavras...
Onde está o objectivo? Em silêncio te disse claramente, vibraste em palavras surdas que me confirmaram.
Tremores, medo... Não tremores de medo. Medo da palavra mal recebida – contenção, devagar... em silêncio e palavras brincadas, espera.
Os fios, curtos, emaranhados? Puxões consentidos, empurro e puxo para ajeitar, para afagar, para observar...
Diz. Se não desta maneira, da outra. E assim? E se duas voltas se derem até ao enrolado final? Pronto, não digas... interessante.
E assim... Tudo.

Surpreendente

Surpreendes-me?
Não.
As surpresas são surpreendentes
e tu deixaste de ser surpresa:
és o igual farsante de sempre,
um cálculo imaginário,
a sombra que não recebe
qualquer luz.

Já não me podes surpreender
- não, não podes (nem sabes) -
porque não queres
nem nunca quiseste.

Insurpreendente mortal
de surpresas desfeito,
nas desfeitas palavras
que tanto magoam
e que aqui te deixo.

Poesia de Paula Raposo

Há mesmo vida depois da morte



Requiem prematuro


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oglaf.com

12 novembro 2010

Vergonha mal guiada

Agora que a Amazon tentou justificar a aberração que acolheu, o Guia para Pedófilos, e apesar de a pressão externa ter feito recuar a organização nesse propósito, alguém deveria aproveitar a deixa para publicar lá o Guia para Capadores de Pénis Criminosos e Abjectos a ver como reagiam os senhores...

Entre motoristas

- Atão, afinal o gajo morreu de quê?
- Foi de engarrafamento na hora de ponta.
- ???
- Entupiram-se-lhe as principais artérias no momento em que ia dar uma queca...

Das esperas

Chegarás numa Terça-Feira. Ou num outro dia qualquer. Contigo hás-de trazer o espanto nos dedos e o tacto no olhar que acontecem quando todas as outras coisas se sentem trocadas numa espécie de vertigem a norte do corpo, no centro do peito. Passam carros na estrada e ponteiros no relógio e já foi hora de almoço e vi um pedinte que se julgou diferente de mim, o tolo. Chegarás no meio de estranhos, as mãos hão-de tapar-te o rosto mas contigo virá o silêncio, o mundo pausado por instantes. Uma mulher pede direcções, não pergunta que horas são porque não sabe que as horas é que indicam onde temos que estar; ouço o barulho de folhas de jornal, o vento soprou e levou-as para nos lembrar que é assim que nos leva o hoje, qualquer hoje, hoje. Onde estarás tu, agora? E quem és?


Isqueiro antigo da Zippo

Eu não fumo mas tenho na minha colecção mais de 20 isqueiros. Este é o mais recente... digo, mais antigo...




A culinária da São

O segredo está no amassar.

11 novembro 2010

O punho é um belo argumento

Sou anti-violência, toda a gente sabe.
Detesto contacto físico por parte de estranhos ou, sequer, proximidades para além do perímetro de segurança de meio metro.
Pauto o meu comportamento pela discussão racional, o que, em condições normais, permite a argumentação saudável que nos conduz a uma qualquer conclusão.
Agora...
Quando uma grandessíssima VACA, condutora de um chaço a cair de podre e portadora de umas madeixas inexistentes de esverdeadas naquela cabeça desprovida de células cinzentas, se recusa a escostar à direita, para me deixar estacionar na MINHA rua, fazendo-me, pelo retrovisor, o célebre gesto do passa-por-cima-ó-#"%&$#, começo por pôr a argumentação de lado.
E quando a mesma energúmena confunde o meu gesto (irónico, já se sabe), de quem junta as palmas das mãos e baixa a cabeça, levando a testa aos apêndices superiores , em sinal de agradecimento pela "amabilidade", com um estás-mas'é-a-dormir (no mundo de onde eu venho, tem esse significado o gesto que encosta um lado da cara às mesmas mãos juntas, mas esta madame pertencia, definitivamente, a um universo paralelo) e sai disparada do carro para me vir dizer que eu sou uma malcriadona e que quem fica a dormir num instantinho sou eu, porque ela trata disso num só gesto e, ainda por cima, se recusa a mover a m**** da coisa com rodas que me impede de ir beber um chá quente e tomar o Griponal, já perdi qualquer tipo de racionalidade.
Enquanto busco o número da polícia, para resolver o problema da obstrução à passagem, vou imaginando o quão mais deleitoso seria abrir-lhe a porta do veículo (na esperança de que a peça não caísse), agarrá-la pelos colarinhos, sacando-lhe o rabo gordo do assento e, enquanto ela me chamava os nomes que lhe apetecesse, espetar-lhe uns jabs bem aviados, que até lhes juntariam os dentes da frente, seguidos de um upper que lhe levantasse os calcantes do chão e lhe devolvesse aquele corpo grande à porcaria de habitáculo de onde saíra que (a girl can only wish) se desconjuntaria em pedaços com o peso.
Acho que, mais uma vez, a burra não percebeu o significado do sorriso que eu tinha plantado na cara quando passei por ela (de repente, tornou-se muito solícita, sobretudo depois de ouvir falar de polícia), ao menos a aferir pelo 'tás-te-a-rire-de-quiê-ó-p***-d'um-c****** com que me brindou.