12 novembro 2010

Das esperas

Chegarás numa Terça-Feira. Ou num outro dia qualquer. Contigo hás-de trazer o espanto nos dedos e o tacto no olhar que acontecem quando todas as outras coisas se sentem trocadas numa espécie de vertigem a norte do corpo, no centro do peito. Passam carros na estrada e ponteiros no relógio e já foi hora de almoço e vi um pedinte que se julgou diferente de mim, o tolo. Chegarás no meio de estranhos, as mãos hão-de tapar-te o rosto mas contigo virá o silêncio, o mundo pausado por instantes. Uma mulher pede direcções, não pergunta que horas são porque não sabe que as horas é que indicam onde temos que estar; ouço o barulho de folhas de jornal, o vento soprou e levou-as para nos lembrar que é assim que nos leva o hoje, qualquer hoje, hoje. Onde estarás tu, agora? E quem és?


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Uma por dia tira a azia