06 dezembro 2010

Edito estrelas

Se porventura calhar ler num livro a seguinte frase atribuída a uma personagem do sexo feminino: estás a foder-me imenso o juízo, dás-me cabo da mona - não parta imediatamente do princípio de que o éme de mona é um erro tipográfico.

Asas Negras - A Filha do Rei

Agora que o ser de asas negras surgiu, e a invocação de almas tornou-se possível na Janela e fora dela, começa a desenhar-se a vontade de relembrar, renascer e recuperar a espada de Teseu e com ela cumprir o que está por cumprir.
Um dia, quando içar as velas brancas a meu Pai, com a filha do Rei pela mão, a espada terá o seu derradeiro significado.
E na união do ternário com o quaternário, a espada desembainhará descartando a prudência e assumindo o que dela há muito se aguarda. Jamais esquecerei a troca das velas. O ser de asas negras nunca o permitirá.

Quando o telefone toca


Oiçam todos oiçam

Homer Simpson fotografado sem maquilhagem!

Com maquilhagem:

Sem maquilhagem:

05 dezembro 2010

O desmentido



HenriCartoon

«Obsessão» - por Rui Felício


Rodrigo era um homem educado, bem vestido, simpático.
Tinha a obsessão da leitura. Fossem jornais, revistas, livros, ou até um simples folheto publicitário. Não desperdiçava nenhum momento disponível para ler o que tivesse à mão, estivesse a andar de metro, a caminhar na avenida, a almoçar, a jantar, a tomar a bica, sentado no sofá, na sanita, deitado na cama, em qualquer lugar.
Na hora do almoço, comia rapidamente uma sandes e enfiava-se na Biblioteca do Campo Grande para devorar mais umas páginas de algum livro que andasse ali a ler.
Foi justamente nessa biblioteca que começou a ler as “ Mil Posições do Kamasutra “, um livro grosso que lhe daria para muito tempo de leitura. A Luisa, empregada da biblioteca, começou a simpatizar com ele e a habituar-se à sua presença diária. Reparou que o Rodrigo, depois de ler e reler aquele livro por duas vezes ao longo dos últimos dias, estava de novo a reiniciar a sua leitura, demorando-se mais tempo nesta ou naquela página que lhe suscitaria, por certo, algum especial interesse.
A Luisa já não disfarçava o fascínio que o Rodrigo exercia sobre ela e começou a imaginar-se sozinha com ele a experimentarem juntos, as posições que o livro ensinava. O desejo dela crescia de dia para dia até que, incapaz de o esconder por mais tempo, encheu-se de coragem, dirigiu-se ao Rodrigo e convidou-o para jantar em sua casa.
Prometeu-lhe que levaria o livro que ele andava a ler.
Combinaram encontrar-se em casa da Luisa, ali para os lados de Benfica, na noite do dia seguinte.
À hora combinada o Rodrigo bateu à porta, a Luisa mandou-o entrar para a sala onde já estava a mesa posta com duas velas e uma garrafa de espumante envolta em gelo.
Com um sorriso educado, o Rodrigo perguntou-lhe se tinha trazido o livro e ela entregou-lho, dirigindo-se depois à cozinha para ir buscar o jantar esmeradamente já preparado.
Durante o jantar, o Rodrigo passou o tempo a ler. Por uma questão de educação, ia respondendo laconicamente, à Luisa, com monossílabos e meios sorrisos.
No fim, ela pegou-lhe na mão e arrastou-o docemente para a cama, ajudando-o a despir-se enquanto ele continuava com a leitura.
Deitaram-se, abraçou-o por trás, beijou-o de leve no pescoço e nas costas, insinuando o seu corpo contra o dele.
Louca de desejo, sussurrou-lhe ao ouvido que já estava toda molhada.
O Rodrigo, com o livro numa das mãos, estendeu o braço, afastou-lhe suavemente as cuecas e passou os dedos no sexo molhado da Luisa.
Voltou à leitura e, pouco depois, estendeu de novo o braço para trás repetindo o toque dos dedos na rachinha inchada da Luisa, fazendo-a estremecer, aumentando-lhe o desejo intenso que a consumia. A seguir, regressava à leitura...
A Luisa disse-lhe, com a voz rouca e a respiração ofegante:
- Meu amor, não pares! Porque paraste?
O Rodrigo virou a cara, olhou-a intrigado e articulou:
- Parei? Parei o quê? Não te entendo!
E a Luisa:
- Paraste de me acariciar, querido! Continua!
- Eu?! Não te estava acariciar! Estava apenas a molhar os dedos para virar as páginas do livro...

Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»

Dos segredos

São mãos quebradas
e unidas sem dedos
meus receios teus medos
mas caem separadas
agora veste-me de cortinas
tecidas de enredos
nas janelas são páginas
de medos teus nossos segredos
aqui as escondo rimadas
em sonhos meus teus anseios
eu chamei-lhes devaneios
tu chamaste-lhes madrugadas.


A posta morna e montes de dominical


Só por uma vez (e foi há tanto tempo que poderia começar esta posta com "era uma vez") caí na asneira de me apaixonar por uma daquelas moças que se declaram completamente desvinculadas da sua paixão anterior mas um gajo até consegue ler nas entrelinhas da insistente negação o despeito ou o desgosto por a dita relação não ter resultado.
Bom, se calhar até aconteceu por mais do que uma vez. Mas todos/as sabemos o quanto a maioria das pessoas sem pila são hábeis em fazer como as bisnagas vira-bicos (sim, também já há muito não existem nos carnavais adolescentes), apontando a boca para o lado do desprezo enquanto o olhar, virado para o lado oposto, se delicia com tudo o que podem absorver acerca dos alegados ex com enorme, porquanto bem disfarçada, sofreguidão.
Isto a propósito de hoje em dia eu me desviar mais depressa desse tipo de pessoa sem pila do que se pira da água fria um gato acabadinho de escaldar.
Nada de bom se pode encontrar no futuro de uma relação cujo presente (toma e embrulha) se constrói nesta óptica da picardia para (re)estimular o alvo que ainda não está assim tão passado e nos transforma por inerência numa espécie híbrida de prémio de consolação com genes de isco para possessivos e gananciosos.
Aprendi essa lição, e acho que até já falei nisso por estas bandas, quando me deixei embalar na canção da coitadinha que o meu ex até me batia e eu odeio-o e agora preciso imenso de colo e de amor para compensar e investi tempo e emoção à toa numa rapariga que acabaria, para meu espanto - era muito novinho na altura, por me trocar precisamente pelo tal bruto que a agredia e me deixou com um desgosto tão grande que levei algumas quarenta e oito horas a apaixonar-me outra vez.
Bom, não foram bem quarenta e oito horas porque logo nesse dia dramático uma amiga próxima foi generosa ao ponto de me acolher no seu regaço para evitar algum trauma que pudesse dar-me cabo do vigor, mas dá para perceberem que uma pessoa fica mesmo abalada com este tipo de experiência tão chocante quanto instrutiva acerca do modus operandi da maioria (enfatizo esta quantificação para não tomarem a coisa por uma generalização) das moças incapazes de deixarem cair o homem da sua vida enquanto não surge em cena o mais adequado para lhe tomar a posição.
Claro que a moral da história não implica que não tenha já incorrido na mesma asneira e não possa vir um dia a tropeçar de novo em cenário similar. Contudo, vestirei nesse caso a pele da vítima de um logro por parte de uma qualquer artista de variedades (por norma variam imenso também nos humores e nos namorados de substituição - uma espécie de assistência em viagem da paixão - que as rebocam emocionalmente até ao dia em que se sentem capazes de nadar de novo nas águas passadas onde supostamente quase estiveram para se afogar).
Nem todas as boas actrizes (e igualmente muita boas, às vezes) pisam um palco a sério e não faltam as que reservam esse talento para se travestirem em sessões privadas para o único imbecil disponível na platéia, sempre sob o olhar de esguelha do tal ex postiço que sempre arranja forma de espreitar a actuação às escondidas no camarote ou no ponto menos iluminado do balcão.
Sim, um gajo também acaba sempre por encontrar refúgio por entre os escombros de uma relação mal sucedida quando percebe que participou afinal de uma competição inquinada pela batota das negações por conveniência. Aliás, é essa a maior das portas pequenas por onde se sai de um filme assim.
Mas fiquem com a certeza de que nessas películas de segunda mais vale abandonar a sala antes mesmo de surgir na tela a palavra fim.

África e os seus segredos...

crica para visitares a página John & John de d!o

04 dezembro 2010

As batotas da Playboy


Está por estes dias a decorrer na Christie's o «The Year of the Rabbit», um leilão de objectos relacionados com a revista Playboy, que inclui algumas fotos originais dos posters centrais das playmates, anotadas com correcções a fazer com PhotoShop: mamilos mais destacados e erectos (em casos excepcionais tinham que ser "suavizados"), curvas das nádegas mais... curvas, nenhum pêlo, nenhuma veia visível, redução dos poros, emagrecimento geral... e por aí fora, sendo a palavra "kill" muito usada ("kill stretch lines" ou "kill veins", por exemplo).
Como referem na página jezebel.com, "a mensagem é clara: mesmo com uma genética abençoada, depois de cirurgias plásticas e dietas, iluminação adequada, um fotógrafo profissional e dúzias de fotografias, até uma mulher de fantasia não consegue ser suficientemente fantástica".
Um caminho manifestamente errado.

Como sou amiguinha, aqui têm três exemplos em tamanho grande para poderem apreciar... as anotações (basta cricar em cada uma das imagens):

Asas Negras

No passado já viste aquele lugar, por entre a porta de vidro vedada. Agora, na sala que se te colocou a envolver, portas de vidro existem onde vês apenas espelhos e relutas em chegar até ao que a transparência te mostra. As portas abrem. E só de olhos fechados. Tudo o que está à vista é menos relevante, menos profundo, pouco ou nada será útil para as criaturas que pairam.
Se agora, de asas negras alguém te muniu, repousa do que te subtrai o essencial e olha as almas que da Janela olham por ti numa invocação nocturna de tranquilidade eterna.

Ruindo

Rio serena
Um dia virás
Indo em mim.

Poesia de Paula Raposo

Há sempre malta a cuscar


Heterogéneo


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oglaf.com