18 dezembro 2010

O que não quero

Não quero o choro dos pássaros azuis
sob esta velha janela.
Não quero saber
se as cores são diferentes
das que aprendi.
Não quero imaginar
um elo fictício
sem princípio nem fim.
Não quero ficar aqui.

Se o que não quero é tão simples,
como voltarei a querer;
querendo o que sempre quis?

Poesia de Paula Raposo

De perder a cabeça...


Salomé


1 página

oglaf.com

17 dezembro 2010

What What (In The Butt) de Samwell

Para usufruto e entretenimento dos leitores deste blog de autêntico serviço educativo, deixo aqui uma excelente sugestão musical que promete 3 minutos e 49 segundos de pura diversão.

De mim para vocês, eis Samwell com o sucesso do momento: "What What (In the Butt)".

Incompletar-me

Eu hei-de ser apenas quem eu não chorar, ainda parte de mim que apenas pausa quando chega ao que hei-de ser - mas não pára que eu vou incompletar-me permanentemente - hei-de estar sempre com saudades do que ainda não fui. Despedi-me do que já não sou, não apaguei e guardei-me em rascunhos; umas poucas vezes aconteceu-me assim, é quando mostro coisas que já não sou que me estranho e resolvo despedir-me, guardo essa parte em quem já fui; apagar é ilusão, seria como apagar os traços que vão formando o desenho. Guardei-me. Sou ainda a amante do silêncio, a marioneta da musa chamada Musa, vivo de mãos contra o peito, decoro os dedos que me dão, eu nunca quero ser inteira; o que me falta eu hei-de procurar e, assim, tudo o resto encontrarei acidentalmente. Terá de assim ser; eu nunca sei quais são as perguntas, não as conheço, não sei o que há para perguntar, se perguntar por mim talvez encontre as mil respostas de tudo o que não enunciei e , por isso, nunca mais bato em portas onde não sou. Eu hei-de ser apenas quem eu não chorar e ainda só parte de mim.

Um bastão em osso trabalhado (e que belo trabalho!...)

Esta é uma peça que não se consegue apreciar em pleno sem a ver ao vivo... e sem lhe tocar.
Uma delícia, este bastão chegadinho de fresco à minha colecção.

Há que tirar os pontos dos...


Webcedário no Facebook

16 dezembro 2010

há dias...

há dias
em que tudo o que quero
é dizer-te que te amo

é sentir a tua boca,
a tua língua...


há dias
em que tudo o que quero
é sentar-me no teu sexo
enquanto me enlaças...

é sentir o teu corpo,
as tuas mãos
que afagam os meus seios...


há dias
em que és tudo o que eu quero

O João aprova #2



O que eu aprovo aqui é, claramente, o prazer de conduzir. Sou favorável ao prazer da condução!

Para Maiores de Idade

A Sentidos e Sensações - Associação de Promoção e Educação para a Saúde é uma Associação sem fins lucrativos que "visa promover a saúde física e mental, sexual e reprodutiva (...)".
Esta associação criou um audiolivro no âmbito de um "projecto que visa promover comportamentos saudáveis ao nível da informação sobre sexualidade e envelhecimento adequada às necessidades em saúde sexual desta população; e promover o reconhecimento e a aceitação da sexualidade como uma componente de todo o ciclo de vida".
O audiolivro «para maiores de idade» está disponível gratuitamente aqui.
Um forte aplauso!

Primitive


Blaze Starr, famosa stripper, dança a música dos The Groupies

15 dezembro 2010

A posta que foi bom para ti também


Uma amiga arranjava o espaço, eu e um parceiro tratávamos da instalação eléctrica. Bola de espelhos, sequencial, psicadélicas, sirene e, last but not least, uma lâmpada de luz negra que foi um achado pessoal.
Era isso mais o som, sempre um problema, e as mães das amigas, ossos duros de roer.
Mas depois de instalada a festa no espaço, uma sala vazia antes e depois de horas bem vividas, tudo ganhava magia e em pouco tempo, mesmo sem abusar da cerveja, o grupo adolescente isolava-se do resto do mundo num tempo que era só nosso e onde (quase) tudo podia acontecer e ninguém permitia que acontecesse mal algum.

O respeito impunha-se pela amizade que nascia e crescia sem abalos de monta, mesmo os mais atrevidos lá fora adoptavam a prudência como conselheira e avançavam com pezinhos de lã, às vezes resultava e outras vezes ficavam a ver a sorte dos outros quando abriam os olhos a meio de um slow. Sem invejas ou ciumes, os sentimentos de posse não faziam sentido num tempo em que acordávamos acelerados com medo que o dia não bastasse para tudo quanto nos apetecia viver e vivíamos a correr, em busca do pretexto seguinte para aprendermos a ser crescidos, primeiro uns beijos na boca, depois as mãos à solta pelas peles ansiosas de sensações, mas ainda imunes a todos os estragos que depois descobrimos isso acabaria por implicar.
E depois a vida a impor outros caminhos, outros interesses que prenunciavam o surgimento das obrigações inerentes a quem já podia tirar a carta de condução. E depois a vida a tornar menos simples as emoções, a complicar quase tudo aquilo que nos parecia eterno ao som dos Ramones ou das sequências intermináveis de música para dançarmos encostados, para ficarmos emparelhados com a nossa aposta para a ocasião.
Às vezes sim e outras vezes não. Mas sem embaraços ou arrependimentos, sem tristezas ou mais do que ligeiras desilusões, equívocos que sorvíamos por entre o brilho especial de um olhar que não queria afinal dizer atracção mas apenas a vontade de prender a atenção de alguém, de conversar as coisas já feitas e as muitas mais que havia por fazer.
Sem outro sentimento que não aquela proximidade que nos arrastava cidade fora ou mesmo aos arredores para sermos meninas e meninos na fronteira que delimitava uma época de transição, à procura dos nossos limites, de glórias, de anseios, de desejo, de carinho, de sinais que desmentissem o medo de que a borbulha nascida com a manhã não nos tornasse ainda mais feios e desinteressantes do que nos sentíamos quando o corpo parecia desorientado, sem saber como crescer, e os pelos pioneiros da barba tão temida quanto ansiada brotavam na cara como outros cobriam aos poucos as zonas mais privadas que aquele tempo abria ao nosso apelo explorador a surgir.
O sexo apetecido e (a promessa d)o amor a seguir, na bebedeira da emoção.
Às vezes sim e outras vezes não.

O Renascer de Júlia

O nervoso miudinho faz-lhe tremer as pernas torneadas e bonitas como a uma criança virgem. As mãos dele percorrem a sua pele, ora com suaves e sensuais massagens, ora com firmes ímpetos. Pequenas alterações de ritmo induzem suspiros; fazem-na entreabrir os lábios carnudos, firmes, agora incertos a tentarem balbuciar palavras coerentes. Os olhos fecham e as pálpebras cerram apurando ainda mais os restantes sentidos.
De um movimento forte, repentino mas cuidadoso, ele gira o seu corpo; deixa-lhe o rosto a olhar as estrelas e uma total desprotecção consentida estampada no seu físico nu.
Um físico que Júlia estava habituada a ter de roupas caídas - nunca despido como se vê agora.
Mensagem de paixão resulta da linguagem dos seus corpos. Até no derradeiro deleite onde ele observa um sorriso inconsciente num rosto terno de olhos que descansam e reproduzem as mais belas imagens íntimas de si para si. As mãos tocam, os lábios nos lábios, a língua no êxtase do momento; a criar momentos; a fazer amor.

Quase fantasma

Eu tenho algo que quase me dói. Tenho. Que quase me falta, que quase me afasta, é quase uma voz baixa que eu quase ouço. Quase um ruído que, por vezes, quase escapa através do silêncio. Quase um esquecimento, quase uma memória, quase dói. Quase um grito ou uma existência ténue, quase nostalgia, quase saudade, um quase ser que quase nem é. Um quadro negro quase apagado tem quase palavras, quase se lê. Quase tu... Tenho. Não. Nem isso. Quase tenho.