09 abril 2011
08 abril 2011
A posta agradecida
Tempos atrás, quando foi divulgado o estudo rigoroso que concluía serem as mulheres portuguesas as europeias mais satisfeitas do ponto de vista sexual, assisti a um festival de cepticismo a que nem os meus homólogos conseguiram escapar.
Era mentira, era exagero, era engano. Era tudo o que pudesse desmentir tal pressuposto, embora baste circular pelas ruas de uma Lisboa e de uma Bruxelas, por exemplo, para dar de caras com o desnível no número de expressões típicas de mal fodidas.
Se um inquérito não é documento, um mapa também não será. E o tamanho é generosamente descredibilizado pela maioria nessa condição.
No entanto, somam-se os indicadores da supremacia lusitana em matéria de qualidade dos seus machos e agora começam a surgir também no que concerne à quantidade, conduzindo à evidência que arrasta multidões de gajas com bronze-lagosta e sotaque nórdico às delícias da época balnear portuga.
Os homens portugueses são mesmo os melhores e isso não oferece discussão. Mas por onde passa, para lá do desempenho do equipamento e do calibre da instrumentação, essa primazia sobre os pilas de todo o planeta?
Nisso abraço um raciocínio darwiniano e, em rigorosa excepção, até abdico em boa medida da minha prezada meritocracia:
Como qualquer ser vivo na Terra, os homens evoluem em função da combinação genética bem sucedida (uns centímetros de vantagem competitiva mais um cérebro a condizer) mas dependem sobremaneira dos estímulos exteriores, do meio ambiente que os rodeia.
E aí entram elas, as melhores da galáxia e isso nem requer estudos ou inquéritos para confirmação, as portuguesas cuja superioridade sobre as restantes fêmeas da espécie é tão arrasadora que desde pequeninos os portugueses buscam a perfeição para poderem corresponder às expectativas das suas parceiras e, it's a jungle out there, não darem abébias à concorrência além-fronteiras.
Portugal, de entre todas as nações descendentes dos símios, tem mulheres que herdaram o suprassumo das suas antepassadas primatas e tornaram-se nas melhores macaconas ainda antes do surgimento do Neandertal. Talvez até ainda antes de nascer o Manoel de Oliveira.
E eu, patriota devoto e apreciador inveterado, agradeço ao destino com humildade e alegria a sorte de ter nascido no país certo e de poder assim usufruir das melhores referências para me guindar a uma fama e a um proveito que cerro nos punhos de forma egoísta mas sempre tentarei contrapor como um mãos largas na partilha com elas desses dons que, em última análise, me concederam.
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BIBLIOGRAFIA
NIÑA, Paco - La Evolución del macacon - ed. Pilon, 1969
PACOVA, Yurina - Go West - ed. Tovarich, 1989
HOLMES, John - My portuguese greatgrandfathers - ed. Gina, 1974
LOVELACE, Linda - Anything but a portuguese one! - ed. Penis Match Point, 1975
CAMARINHA, Zezé - Guia Michelin das Melhores Quecas - Ed. Mabor, 1980
SAIKARO, Hiroku - Não são assim tão pequenos, as japonesas são umas gueixinhas - Ed. Sayonara, 1998
Grandes pares na Rússia e na Escandinávia!
Já aqui tínhamos visto um mapa-mundo de tamanhos de pilas.
Pois enquanto não se lembrarem de medirem profundidades de ratolas, fiquemo-nos com isto:
Pois enquanto não se lembrarem de medirem profundidades de ratolas, fiquemo-nos com isto:
Mu(n)do
Há olhos fundos, tão fundos, tão fundos
são rios, são mares, são líquidos mundos
onde parece nunca existir dor
só que existe, eu sei que existe
dor mesmo que um olhar nunca pareça triste
é que a dor pesa, a sua cor
é sempre muito pesada, muito pesada
e afunda-se nas profundezas, no enorme nada
de um ansiolíquido olhar
e pesa tanto, mas tanto, é tanto pesar
que o olhar transborda
e desbota nos globos,
na praia, nas margens, na areia salgada
e, assim, também vi
eu também aprendi
a cor do teu amor
que o amor também dói
e sangra e transborda e desbota e mói
e até nos tenta e atenta e tenta afogar
cada um de nós sereia, cada um de nós pescador.
Há olhos fundos, tão fundos, profundos
são rios, são mares, são teus líquidos mundos.
são rios, são mares, são líquidos mundos
onde parece nunca existir dor
só que existe, eu sei que existe
dor mesmo que um olhar nunca pareça triste
é que a dor pesa, a sua cor
é sempre muito pesada, muito pesada
e afunda-se nas profundezas, no enorme nada
de um ansiolíquido olhar
e pesa tanto, mas tanto, é tanto pesar
que o olhar transborda
e desbota nos globos,
na praia, nas margens, na areia salgada
e, assim, também vi
eu também aprendi
a cor do teu amor
que o amor também dói
e sangra e transborda e desbota e mói
e até nos tenta e atenta e tenta afogar
cada um de nós sereia, cada um de nós pescador.
Há olhos fundos, tão fundos, profundos
são rios, são mares, são teus líquidos mundos.
07 abril 2011
Barcelona é uma cidade erótica
Nos últimos dias fui passear até Barcelona. Como não fiz o trabalho de casa, fui surpreendida pelo que me foi aparecendo.
Passei pela Torre Agbar, que quando se ilumina mais parece o meu vibrador preferido. Mas, enquanto que a torre tem potência para acender 4500 painéis, o meu azulinho limita-se ao que lhe permitem duas pilhas tipo AA.
Deambulando pelas ramblas, vi o Museu de l'Eròtica. Mas não entrei. As minhas companheiras de viagem são muito pouco eróticas e não quiseram. Fica para a próxima, quem sabe.
Saudade
Em dia que as nossas vidas profissionalmente não se toquem, a saudade espreita, faz-se ver pelas salas e corredores lembrando que há um bocado, há um bocadinho apenas estávamos a olhar-nos.
Nesses dias em que os nossos olhos não falam uns com os outros, e aguardam por imposição das nossas (des)vontades o reencontro nocturno que nos habituámos a aceitar, o relógio pára, fica eternidades no mesmo sítio agindo contra a nossa vontade de observar o Tempo em conjunto.
Nesses escuros dias em que os nossos corpos tocam-se vezes de menos, sobram carícias que não percebemos onde colocar - o que lhes fazer, olhares que não queremos a mais ninguém dirigir.
A saudade deve ser como a pressão de uma qualquer campânula que só constantemente aliviada não causa dano;
que devemos manter num nível de conforto para não ensurdecer o espaço em redor;
e para não rebentar num peito onde já não cabe, transbordando pelos olhos de quem nos olha algumas horas depois do Tempo ter parado...
Nesses dias em que os nossos olhos não falam uns com os outros, e aguardam por imposição das nossas (des)vontades o reencontro nocturno que nos habituámos a aceitar, o relógio pára, fica eternidades no mesmo sítio agindo contra a nossa vontade de observar o Tempo em conjunto.
Nesses escuros dias em que os nossos corpos tocam-se vezes de menos, sobram carícias que não percebemos onde colocar - o que lhes fazer, olhares que não queremos a mais ninguém dirigir.
A saudade deve ser como a pressão de uma qualquer campânula que só constantemente aliviada não causa dano;
que devemos manter num nível de conforto para não ensurdecer o espaço em redor;
e para não rebentar num peito onde já não cabe, transbordando pelos olhos de quem nos olha algumas horas depois do Tempo ter parado...
apontamento politicamente ordinário... sinal dos tempos.
A actual situação política que Portugal atravessa nem sei bem explicar porquê fez-me lembrar uma brincadeira parva, daquelas que tínhamos em putos, e às quais achávamos uma graça parva, sem grandes ou nenhumas preocupações de racionalização. Aqui vai ela:
- Num casamento foram contratados três músicos: um violinista, um contrabaixista e um tocador de banjo.
A passos dados (aqui pode dizer-se, consoante a cor, a sócrates dados), quando se preparam os noivos para entrar na igreja, o violinista enceta a função no seu instrumento: - Está fodida e bem fodida... Ao que o contrabaixista, bem dentro do tempo, secunda: - Estará ou não, estará ou não... E, logo, o banjo: - Quer esteja ou não esteja, vamos todos p'rà igreja...
Onomatopaica a onomatopaica, porque é que isto me parece uma metáfora tão ajustada ao nosso actual momento político?
06 abril 2011
Imperdoável
Muitos dos antepassados dos que agora fomentam a tradição machista e de uma barbaridade insuportável foram vítimas da escravatura que o tempo, para bem dos seus herdeiros, erradicou por ser flagrantemente universal o repúdio que causa.
Nenhuma tradição selvática, quaisquer que sejam os seus fundamentos, pode sobreviver ao julgamento do tempo e das novas perspectivas que ocupam os espaços negros que a Humanidade criou em matéria de direitos humanos sem olhar a raças, credos ou géneros.
A mutilação genital feminina, que de acordo com uma reportagem da TVI acontece em Portugal, entra no top ten das barbáries antigas que nenhuma ideologia ou argumentação me farão algum dia respeitar.
É atroz, é inexplicável, é demolidor de qualquer tolerância que queiramos congregar em torno de (mais) um crime medieval praticado nos nossos dias sob as mais imbecis explicações. Porque não existe explicação alguma para um comportamento tão descaradamente obsceno nos seus contornos.
Não há complacência, não existe compreensão, não se admite brandura perante o que podem chamar cultura mas não passa de algo tão hediondo como qualquer forma de tortura imposta a alguém.
O meu poder de encaixe não basta para aceitar a mera hipótese de uma coisa destas poder acontecer no meu país, embora uma violência tão cobarde não tenha fronteiras.
E nada no código penal português abaixo da pena máxima deveria punir, sem clemência ou atenuantes, uma atrocidade assim.
Shooting Well #8
Uma mulher e uma cadeira são garantia de tempos que nunca acabam.
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Como ode o OrCa:
"ah, que rotundo orifício nos persegue
foto a foto no grafismo comedido
que plástico efeito, que sentido,
que perturbação, senhores, que se consegue
de pele se faz o que tanto nos impele
à sugestão serena ou desvario
da criatura curva o desafio
que vem da tessitura à flor da pele
costela sublime ou mãe natura
que bem sabe partilhar esta aventura..."
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Como ode o OrCa:
foto a foto no grafismo comedido
que plástico efeito, que sentido,
que perturbação, senhores, que se consegue
de pele se faz o que tanto nos impele
à sugestão serena ou desvario
da criatura curva o desafio
que vem da tessitura à flor da pele
costela sublime ou mãe natura
que bem sabe partilhar esta aventura..."
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