08 abril 2011

Mu(n)do

Há olhos fundos, tão fundos, tão fundos
são rios, são mares, são líquidos mundos
onde parece nunca existir dor
só que existe, eu sei que existe
dor mesmo que um olhar nunca pareça triste
é que a dor pesa, a sua cor
é sempre muito pesada, muito pesada
e afunda-se nas profundezas, no enorme nada
de um ansiolíquido olhar
e pesa tanto, mas tanto, é tanto pesar
que o olhar transborda
e desbota nos globos,
na praia, nas margens, na areia salgada
e, assim, também vi
eu também aprendi
a cor do teu amor
que o amor também dói
e sangra e transborda e desbota e mói
e até nos tenta e atenta e tenta afogar
cada um de nós sereia, cada um de nós pescador.
Há olhos fundos, tão fundos, profundos
são rios, são mares, são teus líquidos mundos.

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