27 abril 2011
O poema mau
Ah, meu amor, eu quero lá saber,
eu só desejo muito, tanto, muito, escrever
coisas tão simples, lençóis brancos tão simples
banais, despidos, sem adornos ou enfeites,
ou só o mero colchão onde tu me deites,
coisas que possam ser apenas em si
porque eu, meu amor, quero escrever-te, sim, a ti,
ignorando até quem me possa ler.
Ah, meu amor, eu quero lá saber
que um mundo inteiro consiga ou não perceber,
quero lá saber se é mau, se não interessa
se tem erros, vírgulas pobres, se a palavra tropeça
aqui e agora, hei-de escrever-te como uma criança
ela aprende a palavra, eu soletro-te, sim, a ti,
e juntas escreveremos as cartas; eu cresci
certa de existir tanto mais por te aprender.
Ah, meu amor, eu quero lá saber!
eu só desejo muito, tanto, muito, escrever
coisas tão simples, lençóis brancos tão simples
banais, despidos, sem adornos ou enfeites,
ou só o mero colchão onde tu me deites,
coisas que possam ser apenas em si
porque eu, meu amor, quero escrever-te, sim, a ti,
ignorando até quem me possa ler.
Ah, meu amor, eu quero lá saber
que um mundo inteiro consiga ou não perceber,
quero lá saber se é mau, se não interessa
se tem erros, vírgulas pobres, se a palavra tropeça
aqui e agora, hei-de escrever-te como uma criança
ela aprende a palavra, eu soletro-te, sim, a ti,
e juntas escreveremos as cartas; eu cresci
certa de existir tanto mais por te aprender.
Ah, meu amor, eu quero lá saber!
26 abril 2011
oh sãozita! a Beatriz voltou a fazer das suas
Ora leia-se este texto de Richard Metzger: «How I, a married, middle-aged man, became an accidental spokesperson for gay rights overnight»
«Richard Metzger of Dangerous Minds (you may know him as founder of Disinformation, or as a BB guestblogger, or as the counterculture "Charlie Rose"), writes in with the odd story of a Facebook photo ban, and the media misinfo frenzy that followed.»
[ralhete na Beatriz, já!!]
Intimidade
Como se nos conhecessemos
Desde sempre
Anos e anos de convivência
Desabafos
Confidências
Intimidade meiga
Crescente
Como a lua daquela noite
Palavras que não se procuram
Frases que fluem
Risos que vibram
Na aragem de final de tarde
Só nós dois
Num embalo de ternura
O sexo sem pressa
E eu presa em ti
Desatando-me
Docemente nas tuas pernas
Amor.
Poesia de Paula Raposo
O Continente também vende objectos que é suposto não serem eróticos
E já cá mora, na sexão de «peças que não era suposto serem eróticas».
25 abril 2011
O 25 de Abril visto pela Kikas
kikas http://fuckytales.blogspot.com/ mandou esta em 25/04/2011 às 17h:57m: | |
Foi esta força viril de antes quebrar que torcer que em vinte e cinco de Abril Nos pôs todos a foder Passarolas voadoras Pirocas em sobressalto Os cravos até murcharam Cu’a fricSâo no asfalto Foi então que Abril abriu as portas da liberdade E o nosso corpo nasceu De um desejo sem idade ... |
O Rui também quis oder o 25 de Abril:
De tanto gostar de foder
Que em vinte e cinco de Abril
Nos pôs todos a gemer!
Passarinhas enrabadas...
Pilas em parada militar...
Tantas flores esmagadas
Por não se saber a quem dar!
Foi então que Abril fechou
Para mais uma época de saldos...
E a todos nos sentenciou
A muita broa e alguns caldos..."
Num referendo às partes, o sim tinha maioria absoluta
Ao contrário das coisas e dos coisos agarrados a nós, as passarinhas e as pirocas não tem qualquer dificuldade de comunicação. O segredo está na nossa sinceridade brutal, na nossa espontaneidade sem merdas. Uma passarinha jamais diria não quando lhe apetece dizer sim, pois ela melhor do que ninguém sabe quando é sim ou sopas. O mesmo se passa connosco, pirocas, que nunca diríamos não quando, é meu caso, por exemplo, até queremos sempre dizer sim.
No fundo connosco é pão, pão, queijo, queijo. Que é como quem diz se é para comer não vale a pena inventar fastio só para dar uma pala qualquer ou porque é assim que deve ser.
Mas deve ser porquê?
Se as coisas ou os coisos percebem, e não há como fazerem-se desentendidos nessas cenas, que as evidências reclamam determinada atitude não faz sentido optarem pela inversa.
Claro que a gente, lá em baixo, ouvimos as suas argumentações e as razões que julgam assistir-lhes e por isso estamos habilitadas, passarinhas e pirocas, a formular opiniões fundamentadas na lógica de ambas as partes interessadas. E não há grande volta a dar quando alhos e bugalhos entram num debate a sério em igualdade (forjada) de circunstâncias, às vezes com as questões teóricas a sobreporem-se ao que a prática tão bem releva.
Viva o Dia da Liberdade!
Com Cravos... e São Rosas!
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O Rui ode-me... os flatos:
"Com um peido, anuncia a alvorada!
Com dois, uma inauguração...
Para fermento, come mais uma queijada
E peida-te, sem saberes quantos são!
Inebriante cu aureolado,
De flores frescas, rosas de cheiro...
De flato jovem e bem pasteurizado
Que perfuma a manhã com nevoeiro!
Oh! Que doces nádegas eu abraço,
Botão de rosa que nasce neste beijo!
Virgindade que possuo e desfaço
No amplexo viril de um desejo!"
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O Rui ode-me... os flatos:
Com dois, uma inauguração...
Para fermento, come mais uma queijada
E peida-te, sem saberes quantos são!
Inebriante cu aureolado,
De flores frescas, rosas de cheiro...
De flato jovem e bem pasteurizado
Que perfuma a manhã com nevoeiro!
Oh! Que doces nádegas eu abraço,
Botão de rosa que nasce neste beijo!
Virgindade que possuo e desfaço
No amplexo viril de um desejo!"
24 abril 2011
Dos rendidos
O combate dos rendidos nos olhos deles; olhos os meus, ao mesmo tempo, nos espelhos deste café, ansiosa, quase receosa, certifico-me de que os meus não estão assim, não estão iguais. Não estão. Respirar novamente. Dizem que não há como a água do tempo para apagar a fogueira da vida que arde na lenha das esperas; muito espera quem algo espera para começar a viver. O meu único e último combate dos rendidos escolhi-o eu; talvez seja por me render que o não perderei. Eu já não espero mais, não espero mais, não espero mais nada, vou-me a ti, entro-te por qualquer fresta, qualquer espaço entreaberto e, já no centro, entendo, no último olhar para trás, que até pela porta me deixarias passar. Volto ao espelho. Nos meus olhos, o peito rendido sem combate e as tuas mãos olhar adentro, o teu corpo guardado no meu ou o meu guardado no teu, não sei, confundem-se. Olho os teus, incerta, e neles está algo sem água, sem mais esperas.
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